Fundada por ex-aluno da FEEC, empresa inova no setor de oftalmologia ao oferecer experiência 100% digital no Brasil
Problemas de visão são tão comuns que a expectativa é de que pessoas com uma vida longa tenham, pelo menos, uma doença ocular. Essa estimativa foi apresentada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Relatório Mundial sobre a Visão de 2021. Segundo o documento, existem, no mínimo, 2,2 bilhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual ou cegueira. O tratamento poder ser mais invasivo, com necessidade cirurgia, ou mais simples, quando os óculos garantem que o paciente tenha uma visão em alta definição.
É neste último nicho que Marcus Makoto Ikegame, engenheiro de computação formado pela Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da Universidade Estadual de Campinas (FEEC), focou ao fundar a Lenscope. A startup é a primeira healthtech que usa inteligência artificial para ajudar os pacientes na escolha das melhores lentes para seus óculos, com uma redução de custo que pode chegar a 70%, se comparado às lentes tradicionalmente oferecidas no mercado. “O propósito da Lenscope é levar para mais pessoas a visão perfeita, da forma mais descomplicada e conveniente possível. Hoje, cumprimos esse papel focando em lentes, porque elas representam entre 50% e 70% dos gastos anuais de alguém que usa óculos”, explica Ikegame.
Outro diferencial da empresa, que já atende a todo o Brasil, é que o consumidor tem a comodidade de realizar o processo integralmente pela internet. O sistema da Lenscope mede a distância entre as pupilas (DNP) a partir de uma foto e, então, oferece uma opção de armação dos óculos. Quando o cliente já possui uma, ele pode adquirir apenas as lentes, com serviço de coleta e entrega dos óculos. “São quase 130 milhões de brasileiros que precisam de algum tipo de correção visual, ou seja, a maioria da população. Mesmo sendo comum, comprar óculos ainda é um processo lento e caro. Ao utilizar tecnologias como visão computacional e aprendizado de máquina, mais pessoas podem comprar óculos de forma mais acessível e rápida”, completa o ex-aluno da Unicamp.
De investidor a empreendedor
A fundação da Lenscope não foi a primeira incursão de Ikegame ao mundo da inovação e do empreendedorismo. Sua trajetória começou quando era aluno da Unicamp e se engajou no movimento das empresas juniores, tendo sido diretor-executivo da Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo (FEJESP).
Após terminar a graduação, passou a atuar como analista de desenvolvimento de negócios para as empresas investidas por um grande fundo brasileiro de investimento de capital de risco. “Foi uma experiência importante, porque esse fundo era bastante ‘mão na massa’ e investia em empresas de tecnologia de vários segmentos e em diferentes graus de maturidade. Estar ao lado dos empreendedores me colocou do outro lado da mesa de negociação”, disse.
Além de sua imersão no mercado de investimento, Ikegame também teve experiências acadêmicas, tendo passado por renomadas universidades, como Sussex e Cambridge, no Reino Unido, e Tóquio, no Japão. Nessas oportunidades, participou de competições e desafios, e foi então que teve a ideia de empreender no ramo da Lenscope. “Durante meu MBA, participei de um painel para investidores na Universidade de Cambridge, e o meu grupo ganhou. Nesse dia, um estudante disse que, se eu tivesse outras ideias, poderíamos conversar. Quando comecei a montar o plano de negócios da Lenscope, lembrei-me dele e entrei em contato para receber feedbacks. Depois de uma reunião, ele mesmo decidiu investir”, compartilha o empreendedor.
Hoje, além de compor o ecossistema empreendedor da Unicamp, a Lenscope está presente em diversos ambientes de inovação e empreendedorismo, como o Itaú Cubo, a incubadora de startups do Hospital Albert Einstein, chamada Eretz.bio, e o Parque Supera, da Universidade de São Paulo (USP). Para viabilizar o desenvolvimento da tecnologia e do negócio, a Lenscope já recebeu investimento anjo e financiamento do Samsung Creative Startups e do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP. “Uma dica para quem quer empreender é, desde o início, se integrar aos ecossistemas de inovação e empreendedorismo. No meu caso, eles trouxeram grande valor e, principalmente, conexões. Não para receber investimentos, mas para trocar informações, experiência e conhecimento. Isso é muito importante. Na pior das hipóteses, você terá uma aula de graça sobre o que essa pessoa achou da sua ideia ou negócio”, aconselha.
Ecossistema empreendedor da Unicamp
Um dos ecossistemas empreendedores de que a Lenscope faz parte é o Unicamp Ventures, fomentado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, que produz conteúdo e eventos, reunindo as empresas-filhas da Universidade. Podem compor o ecossistema os empreendimentos fundados por pessoas que têm ou tiveram vínculo com a Universidade, tais como alunos, ex-alunos, docentes e funcionários ou ex-funcionários, assim como startups que foram incubadas na Incamp ou criadas a partir de uma tecnologia desenvolvida na Universidade, as chamadas empresas spin-off. A Inova Unicamp está com o cadastro aberto para mapear novas empresas de seu ecossistema. O cadastro é gratuito. Acesse e faça parte em: https://www.inova.unicamp.br/cadastro-filhas/.
Esta matéria faz parte da série de reportagens produzidas pela Inova sobre as empresas que compõem o ecossistema empreendedor da Unicamp. O texto foi publicado originalmente no site da Inova Unicamp.