Sediada no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC), exposição combina peças do acervo do MAV e obras de artistas convidados
O Museu de Artes Visuais (MAV) da Unicamp completa 10 anos e, como celebração, em uma parceria com o Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC), organiza a exposição “Paisagem sob inventário”.
A paisagem é o recorte temático do projeto expositivo, que combina peças do acervo do MAV e trabalhos de oito artistas convidados, interessados nas relações entre paisagem, espaço urbano, arte e sociedade contemporânea. A exposição contará com aproximadamente 50 trabalhos, entre bi e tridimensionais, que serão apresentados no espaço expositivo do MACC (na sala 01) e na área externa, próxima ao Museu. Muitos trabalhos são inéditos, criados especialmente para essa mostra. Algumas das peças do acervo, incorporadas recentemente, também serão apresentadas ao público local pela primeira vez.
Sylvia Furegatti, diretora do MAV e docente do Instituto de Artes, e Antônio Carlos Amorim, do conselho executivo do Museu e docente da Faculdade de Educação, respondem pela curadoria da mostra. Evandro Ziggiatti, docente da FEC-FAU e também membro do conselho do MAV, é responsável pela organização de um fórum virtual, que estende o projeto para outras participações e estudos. De acordo com os organizadores, a partir do recorte da paisagem, pretende-se discutir a relação da espacialidade e do território reconhecível, tanto quanto se espera suscitar relações e interações do público visitante com a plasticidade e os sentidos político e sensorial dos projetos desses artistas.
As discussões que orientam a exposição no MACC amparam-se principalmente nos conceitos de paisagem elaborados por Javier Maderuelo, arquiteto e esteta espanhol, cuja produção intelectual propõe um estudo minucioso problema que a visualidade impõe ao conceito de paisagem. Para ele, a epistemologia deste campo funda-se na Arte e passa a ser cultivada pelas Ciências, pela Geografia, pela Biologia e pelo Urbanismo. Nas tentativas de atribuir significado à paisagem, percebemos o efeito variante dos tipos de territorialização que tais abordagens lhe conferem. Mais do que um gênero pictórico ou tema de composição arquitetônica, a paisagem é um constructo cultural. Ainda segundo o pesquisador espanhol, a paisagem é elemento das Artes, da Arquitetura, da poesia, ao mesmo tempo em que estabiliza técnicas como a cartografia e a agricultura e determina hábitos culturais, como a religião. É uma forma de representação que tem a própria finalidade em si mesma.
Os artistas do acervo do MAV presentes na mostra são:
- Lasar Segall (Vilna, Lituânia, 1891 – São Paulo, SP, 1957);
- Renina Katz (Rio de Janeiro, 1925);
- Antonio Henrique do Amaral (São Paulo, SP, 1935 – São Paulo, SP, 2015);
- Bené Fonteles (Bragança, Pará, 1953);
- Thomas Perina (Campinas, SP, 1921 – Campinas, SP, 1929);
- Mario Bueno (Campinas, SP, 1916 – Campinas, SP, 2001);
- Maria Ligia Magliani (Pelotas, RS, 1946 – Rio de Janeiro, RJ, 2012);
- Fayga Ostrower (Lodz, Polônia, 1920 – Rio de Janeiro, RJ, 2001);
- Beatriz Rauscher (1960);
- Ermelindo Nardin (Piracicaba, SP, 1943);
- Claudio Garcia (São Paulo, SP, 1955);
- Ellen Banks (Boston, EUA, 1938 – NY, EUA, 2017);
- Luise Weiss (São Paulo, SP, 1953);
- George Rembrandt Gutlich (São José Campos, SP, 1968);
- Marcelo Moscheta (São José do Rio Preto, 1976) e
- Marco Francesco Buti (Empoli, Itália, 1953).
Os artistas convidados são:
- Marlon de Azambuja (Santo Antônio da Patrulha, RS, 1976. Vive e trabalha entre Madri e Paris);
- Nazareno Rodrigues (São Paulo, SP, 1967. Vive e trabalha em São Paulo);
- Amilcar Packer (Santiago, Chile, 1974. Vive e trabalha em São Paulo);
- Guga Ferraz (Rio de Janeiro, RJ, 1974. Vive e trabalha no Rio de Janeiro);
- Monica Mansur (Rio de Janeiro, RJ, 1956. Vive e trabalha no Rio de Janeiro);
- Leandro Gabriel (Belo Horizonte, MG, 1970. Vive e trabalha em Belo Horizonte);
- Bella Tozini (São Paulo, SP, 1980. Vive e trabalha em Cabreúva, SP) e
- Thiago Bortolozzo (São Paulo, SP, 1976. Vive e trabalha em Campinas).
Educação - “Paisagem sob inventário” visa a ampliar as ações educativas já realizadas pelo MAV em projetos anteriores, destacando sua importância e lugar de pertencimento na construção da sensibilização das pessoas em seu contato com a arte. A ideia é incentivar uma relação entre público e arte que não seja marcada pelo consumo, mas por atividades que favorecem uma posição ativa na percepção das obras pelos visitantes. Visa, assim, a transformar o museu em um espaço de partilha e de novas histórias a serem narradas.
Na elaboração do projeto expositivo, Amorim reuniu um grupo de especialistas formado por Glòria Jové Monclús, da área de formação de professores da Universidad de Lleida, Espanha; Evandro Santos, professor da equipe da Secretaria Municipal de Educação de Campinas e pesquisador do grupo OLHO, da Faculdade de Educação; Ivânia Marques, mestra pela Faculdade de Educação e que coordenou uma série de atividades educativas junto ao MAC Americana; Maria Vitória Ferreira, professora de artes no Centro Paula Souza. As atividades programadas por este núcleo – que irão envolver estudantes e professores da rede municipal de Campinas – serão desenvolvidas por um grupo de alunos bolsistas do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE), que atuarão como mediadores do projeto expositivo.
A expectativa é que a exposição seja uma possibilidade de formação estética, que envolva o antes, o durante e o depois da visita. “Esperamos que as paisagens da cidade, das vidas dos sujeitos, dos objetos, dos corpos e dos sonhos possam ser sentidas e significadas de modos diferentes. E que outras Campinas sejam criadas com e a partir das artes, com as escolas também protagonizando esse processo”, afirmam os organizadores da exposição.
Efemérides - Constituído a partir de uma resolução da Reitoria de janeiro de 2012, o MAV foi criado a partir dos esforços de acervamento dos docentes do Departamento de Artes Plásticas do Instituto de Artes. Por meio das exposições realizadas em sua Galeria, eles organizaram uma coleção de peças de arte doadas à Gestão Central da Universidade na década de 1980 para a criação de seu museu de arte.
De acordo com o último inventário do MAV, finalizado no segundo semestre de 2021, o acervo reúne 1391 peças, dentre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, instalações artísticas, livros de artista, vídeos e demais linguagens das artes visuais que se somam a uma coleção expressiva de 7.000 itens ainda em fase de catalogação. Ao longo de 2022, uma série de eventos está sendo realizada para marcar os 10 anos do Museu. Eles estão alinhados às várias efemérides que têm sido tema de eventos organizados pela Unicamp.
A visitação da mostra “Paisagem sob inventário” ocorre de 10 de agosto a 30 de setembro, de terça a sexta-feira, das 9h às 17h. A entrada é franca, e o acesso às salas do Museu obedece aos protocolos de segurança contra a Covid.
O MACC situa-se na Av. Benjamin Constant, 1633, Centro.
Telefone para contato: (19) 2515-7095
E-mail: cultura.macc@campinas.sp.gov.br