MatchIT auxilia na seleção de fornecedores conforme a demanda de cada contratante
Em um mercado cada vez mais competitivo e com crescente escassez de profissionais especializados para demandas específicas, o processo de contratação de um profissional na área de tecnologia da informação (TI) tornou-se lento. Especialmente na área de serviços de TI, a compatibilidade de especialização entre a demanda e o serviço oferecido é um desafio, assim como outros aspectos de interação desejáveis, que vão além do preço.
Essas análises foram apresentadas no primeiro Panorama MatchIT, realizado neste ano pela startup, hospedada no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. A MatchIT coletou e analisou dados de 577 empresas, sendo 410 fornecedores e 167 contratantes, concluindo que a experiência anterior dos fornecedores no setor especializado da demanda é um fator decisivo para 32% das contratantes, à frente do preço (23%), em segundo lugar. Outros fatores que afetam a seleção são a cultura corporativa, a sinergia com o time e a disponibilidade para implementar uma solução dentro do prazo do cliente.
A MatchIT foi criada para auxiliar na contratação de fornecedores na área de TICs. “Ajudamos quem contrata a encontrar os melhores fornecedores com rapidez e privacidade, sem ter que compartilhar o número de WhatsApp ou o e-mail preenchendo diversos formulários online para receber um orçamento. E com o diferencial de entregar um serviço ágil, baseado em inteligência artificial”, explica Rose Ramos, empreendedora em série e CEO da MatchIT. “Não é só o preço que as empresas avaliam ao contratar um fornecedor nesse ramo. Às vezes, o custo do projeto mal implementado é maior do que o investimento inicial”, complementa. Ramos é ex-aluna de Tecnologia de Alimentos do Colégio Técnico de Campinas (COTUCA) e engenheira de alimentos pela Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA Unicamp).
A empresa atua no modelo “freemium”, em que tanto quem oferta como quem demanda podem usar a plataforma gratuitamente. Com menos de um ano de operação, a empresa já conta com mais de 650 usuários e 10 clientes premium, que usufruem de recursos extras, como destaque de publicidade e dados consolidados de inteligência para análise do mercado.
Algoritmo em aperfeiçoamento na Unicamp e com recursos PIPE FAPESP
A empreendedora explica que, hoje, o prazo para o retorno das combinações varia de 30 minutos a 72 horas, considerado rápido quando comparado a concorrentes que fazem os matches (termo em inglês para combinações e que dá nome à empresa) de forma totalmente manual. O prazo mais longo se deve a combinações insatisfatórias, abaixo de 80% de compatibilidade, caso em que a equipe realiza o mapeamento manual gratuito. “Estamos sempre aprendendo. Eventualmente, um macth fica abaixo do esperado para o contratante. Quando isso ocorre, é possível solicitar um match manual, e uma pessoa da equipe irá buscar os fornecedores em até 72h, com base nos critérios da insatisfação com os matches anteriores. A razão para isso pode ter sido um erro da base, ou uma demanda tão específica que não tínhamos a empresa na base. E por que fazemos tudo isso de graça? Porque queremos ter os melhores fornecedores de TI, de todos os segmentos, na nossa base. Isso tende a ser menos comum na zona cinza de apenas 80% de compatibilidade”, detalha Ramos.
O prazo mínimo de 30 minutos de resposta também tende a diminuir. Didier Oliveros, CDO da MatchIT e pesquisador senior de pós-doutorado no Instituto de Computação (IC) da Unicamp, explica que, atualmente, o modelo de IA fornece combinações em poucos segundos, mas só roda em intervalos de 30 minutos para equilibrar a demanda e os custos de consumo da nuvem. A expectativa é que, conforme o volume de dados aumente, o algoritmo fique mais eficiente e responda as solicitações em “tempo real”.
Para aperfeiçoar a plataforma, a startup conta com uma parceria em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) com o IC Unicamp e recursos de mais de R$ 298 mil aprovados no programa de fomento Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (PIPE Fapesp). Ambos os convênios foram aprovados em julho de 2022.
Segundo Marcelo Reis, professor e coordenador do projeto em parceria com a Unicamp, para otimizar a plataforma, além de aumentar a base de fornecedores, é necessário desenvolver e aplicar métodos de Aprendizado de Máquina (Machine Learning) para aumentar a acurácia dos resultados: “O mercado de tecnologia da informação é muito amplo, e cada pessoa expressa diferentemente demandas similares. Por isso, o modelo tem que ter capacidade de entender o diálogo em linguagem natural, fazendo recomendações assertivas de acordo com cada caso. O projeto também prevê uma pesquisa sobre como utilizar a interação e a retroalimentação dos usuários para melhorar o modelo, cujos resultados poderiam ser incorporados ao ambiente de produção da empresa”, comenta o docente.
Além do fomento PIPE FAPESP, a MatchIT acaba de fechar uma rodada de captação de capital pré-semente de aproximadamente R$ 700 mil, com a participação de investidores privados e membros das redes UniAngels, Anjos do Brasil e FEA Angels. A CEO explica que os investimentos serão aplicados em melhorias na plataforma, por exemplo, o aumento da base de usuários e a inclusão de selos de qualificação de fornecedores, considerando critérios como práticas de ESG. A previsão é chegar a 2.500 usuários entre 12 e 18 meses.
A empresa emprega diretamente 11 pessoas e está com quatro vagas de pesquisa e de liderança em inovação na área de TI abertas, a partir do financiamento PIPE FAPESP (confira as vagas abertas aqui). Dois alunos de mestrado, sob orientação do professor Marcelo Reis, também participam do desenvolvimento do projeto firmado em parceria com o IC Unicamp para melhorar o algoritmo.
Trajetória por ecossistemas de empreendedorismo
Além de empreendedora em série, Rose Ramos também é atuante em diversos ecossistemas empreendedores. Ela ajudou a fundar o fundo anjo iAngels Brasil, ligado aos ex-alunos da IESE Business School, e é fellow do Latitud, que reúne empresas de tecnologia da América Latina. Ramos ainda é conselheira do fundo anjo da Unicamp (UniAngel) e do grupo Unicamp Ventures, fomentado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, que produz conteúdo e organiza eventos reunindo as empresas-filhas da Universidade.
Esta reportagem foi publicada originalmente no site da Inova Unicamp. Ela faz parte de uma série produzida pela Inova sobre as empresas que compõem o ecossistema empreendedor da Unicamp. Saiba que tipos de empresas podem integrar esse ecossistema e como se cadastrar na página de Vivência Empreendedora