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Carlos Berriel traduz clássico do gênero utópico

Professor do IEL defende ligações entre a utopia, ficção científica e as produções distópicas contemporâneas

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Após uma década de dedicação à pesquisa da obra A cidade do Sol, do filósofo Tommaso Campanella (1568-1639), o professor de história literária do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) Unicamp, Carlos Berriel, publicou uma nova tradução do texto, pela editora WMF Martins Fontes. Trata-se da primeira publicação no Brasil baseada na edição mais completa da obra, organizada pelo cientista político italiano Norberto Bobbio (1909-2004). Apaixonado pelo tema das utopias, Berriel tem conduzido estudos sobre o assunto desde 1998. Em entrevista ao Jornal da Unicamp, ele ressaltou a contemporaneidade de A cidade do Sol e analisou o contexto histórico em que o texto foi escrito, a Contrarreforma. Campanella se opõe claramente às escolhas da Igreja Católica no período. “Vale a pena lembrar que toda utopia é uma crítica ao momento presente”, disse. Ao comentar sobre os desdobramentos atuais do tema, Berriel defendeu haver uma ligação entre a utopia, a ficção científica e as produções distópicas contemporâneas. “A utopia e a distopia são duas faces da mesma moeda, como o sonho e o pesadelo”, resumiu.

Imagem mostra um homem à esquerda. Ele é branco, tem barba, bigode e cabelos grisalhos, usa óculos e camisa azul. À direita da imagem está escrito Tommaso Campanella, A cidade do Sol. Tradução, estudo e notas de Carlos Berriel.
Após uma década pesquisando a obra A cidade do Sol, Carlos Berriel publica uma nova tradução do texto (Foto: Deyse Fabrício)

Jornal da Unicamp: O que o motivou a fazer uma nova tradução do livro A cidade do Sol, de Tommaso Campanella?

Carlos Berriel: Eu estudo utopias há 25 anos e orientei dezenas de trabalhos sobre o tema. Inclusive, faço parte do U-TOPOS (Centro de Estudos sobre Utopia). O livro de Campanella é uma das obras mais importantes do gênero utópico. Na década de 1930, durante o regime do Estado Novo, um grupo de pessoas que estavam presas decidiu fazer um trabalho coletivo para colocar em circulação uma série de obras políticas clássicas. Umas das pessoas desse grupo era um militante político trotskista que adotava o pseudônimo de Paulo M. Oliveira. Ele escolheu trabalhar com a obra de Campanella a partir de uma versão em italiano. A cidade do Sol foi escrita em 1602, época em que não existia controle autoral sobre as obras. Assim, no decorrer dos séculos, essa obra foi modificada, com partes suprimidas e outras acrescentadas. Dessa forma, o texto base para a tradução de Paulo Oliveira traz alterações significativas em relação à obra original.

Jornal da Unicamp: A sua tradução foi realizada com base em que edição?

Carlos Berriel: O texto de Campanella que atualmente é considerado o mais completo só foi estabelecido em 1940 por Norberto Bobbio, um importante teórico político italiano. Em sua juventude, ele realizou uma pesquisa sobre a obra e, com muito rigor, disponibilizou um texto mais “fiel”. Assim, eu fiz a primeira tradução no Brasil com base na edição de Norberto Bobbio.

Jornal da Unicamp: Qual é a relevância dessa obra para o meio acadêmico e literário?

Carlos Berriel: De maneira sintética, Campanella exerceu a atividade de filósofo em um momento muito tenso da história italiana. A Igreja Católica era dominante na Europa até 1517, quando Lutero iniciou a Reforma Protestante. No decorrer de dez anos, muitos países católicos deixaram de seguir a religião. Em 1527, por exemplo, somente a Itália — na época uma república independente —, Portugal e Espanha eram ainda territórios predominantemente católicos. Anteriormente à Contrarreforma, uma parcela da Igreja incentivava o trabalho de cientistas na Itália. Porém, após a implementação do movimento, essa instituição passou a perseguir os cientistas que eram contrários aos seus ideais. Logo, ao propor um Estado ideal, a utopia de Campanella mostrou-se contrária a essa nova política. Por exemplo, a cidade imaginária de Heliópolis é governada por sacerdotes que também são cientistas. O supremo governante da cidade é escolhido entre os maiores cientistas. Vale a pena lembrar que toda utopia é uma crítica ao mundo presente. Assim, ao descrever a cidade de Heliópolis, Campanella faz uma crítica ao caminho que a Igreja seguiu. Campanella mostra a cidade conforme a sua própria perspectiva, como um espaço em que fé e ciência caminham juntas.

Jornal da Unicamp: Embora siga alguns ideais cristãos, Campanella recorre aos signos do zodíaco e à astrologia para compor a sua obra. Pode-se dizer que ele rompeu certos paradigmas ao misturar pseudociência com questões religiosas?

Carlos Berriel: Sim, ele rompe com o caminho que a Igreja tinha tomado na Contrarreforma, apesar de permanecer católico. Um elemento a destacar Campanella é o fato de ele ver a astrologia como algo mais complexo. Há uma ideia renascentista de que haveria uma conexão entre o macrocosmo (universo) e o microcosmo (ser humano). A astrologia afirma que há uma correspondência direta entre aquilo que acontece conosco na Terra e aquilo que acontece com os astros no Universo. Assim, os movimentos das estrelas e dos planetas, a vida do cosmos, se relacionam com a vida humana. Vale lembrar que Campanella era um importantíssimo horoscopista. Durante os 27 anos em que ficou preso, ele escreveu inúmeras obras. Dentre elas, há uma específica que acredita na possibilidade de mudança do destino determinado pelos astros. À época passou a circular em Roma um mapa astral afirmando que o papa Urbano VIII (1623-1644), o último papa que enfrentou a Inquisição e que tinha problemas com os jesuítas, iria morrer, algo que deixou o pontífice bastante amedrontado. Ao tomar ciência da obra de Campanella, Urbano VIII pediu para soltá-lo da prisão, tornando-o seu conselheiro. Após isso, o Papa ficou sabendo que Campanella seria morto pelos jesuítas e o ajudou a fugir para a França, transformando-o em conselheiro do rei francês Luís XIII (1601-1643) e do Cardeal Richelieu (1585-1642). Logo, a questão da astrologia é fundamental para A cidade do Sol, visto que define o futuro de toda a sociedade.

Pintura de um homem da cintura para cima. Ele é branco, tem o cabelo ondulado e castanho e tem uma pinta no rosto.
Livro de Tommaso Campanella é uma das obras mais importantes do gênero utópico (Foto: Wikipedia)

Jornal da Unicamp: Como a astrologia ainda aparece na obra?

Carlos Berriel: Ao refletir sobre essa determinação astrológica, a cidade de Heliópolis não permite a existência da individualidade, o que, em minha opinião, é um pesadelo. Tudo é feito em prol do Estado, até mesmo o ato da copulação. Por exemplo, os sacerdotes astrólogos observam os jovens que são levados nus para fazer ginástica, como acontecia em Esparta, avaliando as características físicas dos homens e das mulheres. Esses funcionários controlam os corpos de todos e, por exemplo, ao avaliar os tipos de cidadão de que o Estado necessita (soldados, por exemplo), escolhem as pessoas que podem se relacionar sexualmente e qual o período exato do encontro para gerar uma criança com inclinação pessoal para o uso de armas. No livro, Campanella defende que a reprodução humana deve ser semelhante à reprodução dos cavalos, acreditando que isso é um triunfo racional e científico. Portanto, há um grande domínio do clero, pois os funcionários são sacerdotes. O próprio governante da cidade age como um papa. Então, o que Campanella propõe é uma Igreja fundida com a ciência, exatamente o contrário do que acontecia, pois a Igreja estava queimando os cientistas, escancarando o ódio pela ciência.

Jornal da Unicamp: Professor, você poderia sintetizar os principais pontos que distinguem A cidade do Sol de outras obras definidas como utópicas, principalmente nesse aspecto religioso?

Carlos Berriel: Antes de responder à sua pergunta, é preciso entender o que é uma utopia. Historicamente, o gênero começa em 1516, com Thomas More, cuja obra é fundadora do gênero. Se dissermos que utopia é “um lugar imaginado”, então o Sítio do Picapau Amarelo é uma utopia, mas não é. Logo, há uma série de critérios para definir o que é uma utopia. Resumidamente, a utopia teria que ser a imaginação de um lugar: um país, uma ilha, uma cidade, mas pensada em sua totalidade, ou seja, deve-se pensar como foi fundada, como seus habitantes vivem, como se reproduzem, como fazem a guerra, se estão numa sociedade igualitária. Você tem que definir tudo isso de modo a parecer uma coisa real. O Sítio do Picapau Amarelo não tem nada de diferente do mundo real, a não ser os personagens. Não pode ser uma utopia. Mesmo nesse exercício de pensar os detalhes de um lugar imaginário, acabamos limitando muito a definição de utopia. A ideia que podemos tirar disso tudo é que a utopia está sempre tratando do seu tempo, já que ninguém sabe o que vai acontecer no futuro. Quanto ao aspecto religioso, a partir da Revolução Francesa, essa questão vai desaparecendo porque nesse momento há uma espécie de corte muito radical no domínio religioso. Não é que a religião acabe, de modo nenhum, mas ela vai para outro campo, um campo da oposição e não o do poder do Estado. Então, as utopias se afastam do domínio religioso e passam a trabalhar outras questões.

Ilustração em preto e branco que mostra uma ilha com várias construções. Na parte inferior aparece um barco à vela e um grupo de homens conversando.
Thomas More inaugura o gênero utópico no século XVI. Em seu livro, ele descreve uma ilha imaginária governada pela razão (Foto: ilustração do século XVI do livro "Utopia")

Jornal da Unicamp: Na obra, a cidade é construída por sete círculos. É possível comparar cada círculo com algum momento da vida de Campanella?

Carlos Berriel: Acho que não. Esse “bolo” que é a Cidade do Sol, os sete círculos, tem outras finalidades. A primeira é que a cidade se torna inexpugnável para uma invasão, pois há muralhas e diversos círculos que a protegem. Além disso, há outra característica nessa composição circular: se você olhar de cima, a planta da Cidade do Sol é igual ao modelo heliocêntrico de Copérnico. Na Cidade do Sol, o centro é um templo, o templo do Sol. Então, olhando de forma panorâmica, forma-se aquilo que era considerado o universo na época, o Sistema Solar. Na obra A cidade do Sol, a planta da cidade é um sistema copernicano. Porém, ela também é uma teoria da história que foi suprimida por Paulo M. de Oliveira. Ao analisarmos a formação do sistema, podemos fazer a seguinte analogia: Saturno é Cronos, o primeiro Deus, correspondendo à era da criação da humanidade; Júpiter representa Zeus (Grécia); Marte é a guerra (Roma); Terra é a criação da história unificada, criada durante o Império Romano; Vênus representa o amor (Igreja); Mercúrio é o comércio, correspondendo à época vivida por Campanella, com as expansões comerciais e marítimas; por fim, há o Sol, que representa o Deus católico. Assim, a disposição do sistema solar é a previsão milenarista da história da humanidade. A vinda de Jesus seria o próximo acontecimento e o apocalipse já era algo iminente, tornando Campanella uma espécie de “profeta”.

Jornal da Unicamp: Durante a pesquisa, você encontrou alguma informação que não apareceu em outras edições da obra?

Carlos Berriel: Campanella ficou preso entre 1599 e 1626. Em 1600, quando é decretada a morte de Giordano Bruno e ele sai da prisão em Roma, acredita-se que o Bruno e Campanella, que eram amigos, puderam se despedir. Tal ideia foi levantada por mim durante a pesquisa a partir da comparação de datas.

Jornal da Unicamp: Como poderíamos questionar a tradicional linearidade da historiografia que coloca a Idade Média como “idade das trevas”, contrastando com a ideia de Renascimento?

Carlos Berriel: A ideia trazida pelo termo “idade das trevas” abarca muitas invenções, sendo mais uma invenção de hoje do que da época. Essa ideia surgiu em 1309, quando ocorreu uma série de problemas com a Igreja, fazendo com que sua sede fosse transferida de Roma para Avignon (França) até 1377. Com isso, romanos e italianos passam a exigir a volta da sede para Roma, fazendo surgir um movimento cultural de valorização da Roma antiga. Um importante poeta florentino, Francesco Petrarca, que defende esse retorno da sede do papado, assume o papel de um poeta latino e, após uma excursão em uma montanha, Monte Venturosa, escreve uma carta que deveria ser lida amplamente, expondo seu desejo pelo renascimento da cultura antiga de Roma e dos latinos. Esse renascimento seria uma vitória sobre o período anterior.

Então, o que seria a Idade Média? O termo é sinônimo de idade intermediária, o período entre a Roma antiga e a Roma atual, expondo o desejo de Petrarca pela volta da sede da Igreja para Roma. Portanto, “Renascimento” e “Idade Média” são mais argumentos retóricos do que históricos. Acredito que foram os cursinhos preparatórios que criaram a simplificação atual. Na época, por exemplo, quem viveu no Renascimento não sabia que vivia no Renascimento. O período do Renascimento ganha corpo teórico e histórico na década de 1840, algo ligado ao Romantismo. Em 1845, por exemplo, um grande historiador suíço, chamado Jacob Christoph Burckhardt, escreveu o livro A cultura do Renascimento da Itália. Então, essa palavra apareceu definindo o período. A ideia de Renascimento que usamos hoje é um conceito romântico moderno.

O período que foi chamado de Idade Média, com base na carta de Petrarca, poderia ser denominado período feudal, pois de fato existiu essa conjuntura, com determinadas formas de relações pessoais, políticas e culturais baseadas no catolicismo. Mais do que uma religião, o catolicismo foi um modo de entender o mundo no sistema feudal, no qual, na verdade, convivem dois mundos: o material, que é efêmero, e o mundo do céu, considerado eterno. Toda essa lógica cria uma ética, uma política. O céu medieval, que é o céu da crença católica, é na verdade uma sociedade feudal, pois há um rei (Deus), há uma família real (Jesus e Nossa Senhora), há uma nobreza (os santos), há os cavaleiros (os anjos) e, por fim, há a massa. Logo, o céu é um desenho feudal. De forma geral, o Renascimento retrata o momento em que a forma de vida burguesa, o capitalismo, começa a substituir a vida comunal católica. Assim, passa a existir uma ciência com determinados critérios, substituindo o conhecimento da natureza do tipo medieval — em que não era enfatizada a observação empírica. Para a Idade Média cristã, o mundo natural era uma criação de Deus, um mundo que deveria ser lido como um livro sagrado.

Composição que mostra dois homens de pé em um ambiente aberto. O homem da esquerda usa um fraque e segura um cartola. Atrás dele há um prédio. O homem da direita está nú e tem um manto vermelho na cintura. Atrás dele há folhagens.
Detalhe da peça de divulgação da série de televisão "Admirável mundo novo", de 2021. No enredo, os humanos são geneticamente concebidos e anestesiados para servirem passivamente a uma ordem dominante (Foto: Divulgação) 

Jornal da Unicamp: As linhas que separam a utopia da distopia são bastante tênues. Como poderíamos relacionar A cidade do Sol de Campanella com a efervescência de livros e filmes distópicos das últimas décadas?

Carlos Berriel: Em torno da utopia desdobra-se uma série de conceitos. Minha ideia é que a utopia se assemelha a uma árvore com vários galhos, um deles a ficção científica. No século XX, finda a ideia de construir um lugar ideal, surgindo assim a distopia. Nesse novo formato narrativo, o procedimento é semelhante ao da utopia clássica porque identifica os problemas do seu tempo. Na distopia, em específico, o autor escolhe um problema contemporâneo e o apresenta de forma dilatada. Podemos citar como exemplos a vigilância, a desumanidade sem ética promovida pela tecnologia e o esvaziamento das relações humanas, como vemos na série Black Mirror, com o domínio do celular e das redes sociais. Nessas histórias, tudo toma grandes proporções. Em Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley (1932), temos a eugenia, um tema importante em Campanella, com o Estado escolhendo com que tipo de personalidade cada pessoa irá nascer. Ao ler uma utopia, é possível identificar uma distopia inerente. Da mesma forma, na distopia há um processo utópico. Elas são as duas faces da mesma moeda, como o sonho e o pesadelo. A ideia de alguém formulando um modo segundo o qual a humanidade tem que viver pode parecer interessante em uma perspectiva específica, mas é um pesadelo, visto que a cidade, a pólis, onde há uma estrutura coletiva de vida, é construída por todos e muda conforme as necessidades.

Pintura que mostra um ambiente aberto com um homem e uma mulher convivendo de forma harmônica com animais selvagens.
Mitos de um paraíso fora da terra, como o Jardim do Éden bíblico, são recorrentes em várias culturas (Foto: "O paraíso terrestre com a queda de Adão e Eva", de Jan Brueghel, o Velho e Peter Paul Rubens, 1615

Jornal da Unicamp: Como o ideal paradisíaco influencia a construção de obras utópicas?

Carlos Berriel: A confusão entre distopia e utopia pode advir da ideia de um lugar perfeito, mas que prende as pessoas em seu interior. Quando você pensa em uma cidade que não pode mudar, o horror se instala. O paraíso, por exemplo, em seu sentido de Jardim do Éden, significa “local murado”, diferente do mundo lá fora. Quando Adão e Eva perdem o mérito de morar nesse lugar benévolo, vão para o mundo que existia, considerado ruim. Ao mesmo tempo, o Éden nunca mais é encontrado. É um mito muito consistente dentro do judaísmo. Enfim, há uma ideia de retorno muito influente que pode receber diferentes definições culturais. Entre os árabes, há um lugar deleitoso para onde você deve voltar, mesmo sendo um espaço em que você nunca esteve. Existe alguma semente edênica no desejo inconsciente de alcançar o lugar ameno, o retorno ao Éden. Os utopistas têm também essa semente. Portanto, as utopias envolvem um estudo histórico que toca diversos campos. Em algum momento você irá em direção aos mitos, inclusive aos medievais, como a Cocanha, a Era da abundância ou a Era do Ouro. São elementos muito interessantes para a imaginação.

A cidade do Sol - 1ª ed. (2022)

Autor: CAMPANELLA, Tommaso

Tradução, estudos e notas: BERRIEL, Carlos

Editora: WMF Martins Fontes

Coleção Clássicos

Editor: TAAM, Pedro; CARRASCO, Alexandre

Número de páginas: 204

Esta entrevista foi elaborada por alunos do curso de Estudos Literários, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), sob a supervisão da professora Daniela Birman.

Imagem de capa JU-online
Pintura com representação do céu e do inferno.

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