Artigo sobre reabilitação e avanços na reconstrução cirúrgica do ligamento cruzado anterior do joelho foi publicado no periódico Journal of ISAKOS
Artigo do professor Sergio Piedade, do Departamento de Ortopedia, Reumatologia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp foi publicado pelo periódico científico Journal of ISAKOS. Intitulado “Reabilitação e avanços na reconstrução cirúrgica da insuficiência do ligamento cruzado anterior: o que mudou desde a década de 1960? — Estado da arte”, o artigo aborda uma das lesões mais frequentes em atletas, a do ligamento cruzado anterior do joelho (LCA).
Sergio Piedade, que coordena a área de Medicina do Exercício e do Esporte da FCM, explica que a lesão ocorre após trauma torcional. “No nosso meio, o futebol é o esporte em que esta lesão é mais prevalente, mas ela pode ocorrer em outras modalidades esportivas que exponham o joelho a traumas torcionais”, esclarece.
A lesão do LCA torna o joelho instável e mais suscetível a novas entorses, devido à instabilidade e novos falseios que irão agravar ou determinar outras lesões internas. No paciente jovem e fisicamente ativo, a lesão é incapacitante, pois impacta negativamente a qualidade de vida e o desempenho esportivo. “O tratamento cirúrgico e a abordagem terapêutica são adotados para a maioria dos casos”, analisa.
Piedade acrescenta que a reabilitação fisioterápica é fundamental para acelerar a recuperação e contribuir para o retorno seguro às atividades físicas. “Principalmente com o advento da internet, o conhecimento e as experiências em reabilitação do LCA tornaram-se mais disponíveis, permitindo que médicos e fisioterapeutas tenham acesso à literatura de qualidade em qualquer lugar do mundo”.
O estado da arte
O docente explica que o “estado da arte” é como se encontra a ciência hoje em relação a determinado tema — no caso, a reabilitação de lesão do ligamento cruzado anterior do joelho (LCA). O artigo publicado apresenta uma linha do tempo até os dias atuais e discute como a reabilitação pós-operatória após a reconstrução do ligamento vem mudando desde a década de 1960.
São abordados aspectos como a técnica cirúrgica (tipo de enxerto de tendão, dispositivos de fixação e tensionamento do enxerto), conceitos biológicos (maturação e integração do enxerto), protocolos de reabilitação (prevenção de lesões, reabilitação pré e pós-operatória), critérios para retornar ao esporte, resultados relatados pelo paciente e resultados. Segundo Sergio Piedade, o artigo passa a constituir uma referência por abordar um leque grande de assuntos e ainda reunir análise de outros especialistas de vários continentes.
Outros quatro autores assinam o artigo: Bruno Paula Leite Arruda, Rodrigo Antunes de Vasconcelos, David A. Parker e Nicola Maffulli.
Imobilização
Na década de 1960, o diagnóstico não era tão preciso, o que culminou numa abordagem cirúrgica diferente. Embora houvesse o ligamento dentro da articulação, as cirurgias eram voltadas para uma reconstrução extra-articular. Os sistemas de fixação eram outros, e usava-se gesso. “Isso evolui, o diagnóstico melhorou”, recorda. Na década de 1980, quando o sistema de fixação de enxerto foi aprimorado, começou a haver uma mudança no paradigma da imobilização para a mobilidade com a descarga precoce de peso, para que o paciente pudesse andar.
Outro ponto destacado no estudo é a importância da opinião do paciente no processo. “Em todas as áreas da medicina moderna, os profissionais de saúde devem estar atentos às vozes e opiniões dos pacientes, pois elas desempenham um papel essencial no desenvolvimento e aperfeiçoamento de um plano de tratamento”, pondera. Desse modo, ferramentas como o questionário PROM (“patient reported outcome measures”) permitem coletar dados sólidos e válidos sobre o tratamento recebido, do ponto de vista do paciente.
O periódico on-line Journal of ISAKOS é o veículo oficial da Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina Esportiva Ortopédica e sintetiza as pesquisas mais recentes e as diretrizes baseadas em evidências em medicina esportiva ortopédica e traumatologia, fornecendo aos especialistas uma referência completa para diagnosticar e tratar pacientes.
Matéria publicada originalmente no site da Faculdade de Ciências Médicas.
