A Science desta semana traz um pacote de sete artigos, assinados por integrantes do consórcio internacional Synthetic Yeast Genome Project (Projeto Genoma Artificial da Levedura), que descrevem a construção de cinco cromossomos sintéticos para o organismo Saccharomyces cerevisiae – anteriormente, já se havia produzido um cromossomo artificial da levedura.
Leveduras, que em sua forma natural são usadas na fabricação de cerveja e na fermentação de outras bebidas e alimentos, já são geneticamente modificadas para produzir biocombustíveis e medicamentos. O consórcio espera realizar, no futuro, a construção de um genoma sintético completo de levedura (chamado Saccharomyces cerevisiae 2.0) com 16 cromossomos artificiais, abrindo toda uma nova gama de possíveis aplicações.
“A otimização da levedura natural para novos produtos é ineficiente”, disse um dos autores da série de trabalhos, Joel Bader, da Escola de Medicina Johns Hopkins, em nota divulgada pela instituição. “Nosso conjunto sintético de cromossomos projetados permite que o genoma da levedura supere esse problema, otimizando-se em tempo real”. O projeto do que deverá ser o genoma completo da Saccharomyces cerevisiae 2.0 prevê um conjunto de DNA 8% menor que o da variedade natural, graças à eliminação de sequências indesejáveis. A versão sintética também deverá ser fácil de modificar, para atender a diversas demandas comerciais e de pesquisa.
Segundo nota divulgada pela Science, o trabalho realizado envolveu o uso de um software especial para projetar os cromossomos sintéticos, num processo que revelou alta plasticidade – mesmo depois de ter genes apagados ou transferidos, muitos dos cromossomos manipulados funcionaram normalmente no interior das células.
Referência
[Science 10 Mar 2017: Vol. 355, Issue 6329, pp. 1038-1039. DOI: 10.1126/science.355.6329.1038]
