Estrelas nascem até mesmo no material ejetado para fora de galáxias, em alta velocidade, pela energia dos buracos negros ativos em seus núcleos, aponta artigo publicado na revista Nature. De acordo com os autores, embora houvesse previsão teórica de que as condições de pressão e densidade nesses fluxos pudessem levar à formação de novos astros dentro do próprio jato de matéria, a observação descrita no periódico é a primeira a confirmar essa suspeita.
A detecção foi feita com uso do Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu Sul (ESO), baseado no deserto de Atacama, no Chile, e o artigo que a descreve é assinado por pesquisadores britânicos, espanhóis, suíços e alemães. O alvo das observações foi um par de galáxias em processo de fusão, conhecido coletivamente pela designação IRAS F23128−5919, e localizado a 600 milhões de anos-luz do Sistema Solar.
Uma das integrantes do par tem um núcleo ativo, que produz um intenso fluxo de matéria que é lançado para fora da galáxia. Foi a composição desse fluxo que os autores analisaram. “Informamos observações espectroscópicas que, de modo claro, revelam a formação de estrelas no fluxo galáctico”, diz o artigo. “A taxa inferida de formação de estrelas no fluxo é maior do que 15 massas solares ao ano”.
As estrelas encontradas no fluxo são provavelmente muito jovens, com algumas dezenas de milhões de anos de idade (o Sol, em comparação, tem mais de 4 bilhões), e as primeiras observações indicam, que são muito mais quentes e luminosas que as formadas em condições menos violentas.
Citada em nota divulgada pelo ESO, uma das autoras do trabalho, Helen Russell, da Universidade de Cambridge, disse que algumas das estrelas, as formadas mais perto do disco galáctico, podem acabar sendo atraídas de volta e se integrar à galáxia. “Mas as que se formam mais adiante no fluxo sofrem menos desaceleração e podem voar definitivamente para fora da galáxia”.
Referência
Star formation inside a galactic outflow
[ Nature doi:10.1038/nature21677 ]