Indicadores confirmam liderança
30/03/2012 - 08:00
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A Unicamp inicia o ano letivo de 2012 na condição de melhor universidade pública do país no ensino de graduação e no desempenho acadêmico de seus estudantes, conforme o aferido em sua primeira participação no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), do Ministério da Educação (MEC). Na pós-graduação, a Universidade trabalha para manter o status quo conquistado no cenário nacional, com 83% dos cursos considerados acima da média, sendo que 46% receberam notas 6 e 7 (as mais altas da escala) na última avaliação da Capes. E, entre as ações estratégicas para fortalecer a pesquisa, está um pesado investimento em recursos humanos e na infraestrutura de laboratórios, bem como o apoio aos jovens docentes ingressantes para que desenvolvam plenamente seu potencial e ideias.
O professor Marcelo Knobel, pró-reitor de Graduação, atribui a liderança da Unicamp na graduação a uma série de ações para aprimorar as condições de ensino, como as diversas formas de apoio ao estudante (bolsas para moradia, pesquisa, alimentação), os programas de mobilidade internacional para alunos e docentes, o rigor na contratação de professores e funcionários, a atualização de currículos e os investimentos em infraestrutura, com a construção e readequação de laboratórios e salas de aula.
O pró-reitor afirma que o primeiro lugar entre as universidades públicas é motivo de orgulho para a Universidade, mas procura ser cuidadoso ao comentar sobre rankings. “É uma notícia sempre bem vinda e mais um indicador da excelência da Universidade no ensino de graduação. Entretanto, trata-se de uma avaliação dentre várias outras, a exemplo das realizadas pelo Conselho Estadual de Educação, por especialistas externos e pelos próprios institutos e faculdades.”
A Unicamp obteve 4,69 de pontuação no Índice Geral de Cursos (IGC) do Sinaes, que varia de zero a cinco, considerando principalmente o corpo docente, as instalações físicas, o projeto pedagógico e as notas dos alunos no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). “Estamos orgulhosos, mas nem por isso parados e sentados nos louros. A partir dos resultados do Enade, vamos verificar em que cursos os alunos não foram bem, identificar as falhas e melhorar os currículos e as aulas. O retorno desse exame é muito importante para a Universidade”, observa Marcelo Knobel.
Na opinião do pró-reitor de Graduação, avaliações fazem parte do processo ensino-aprendizagem e leva a Universidade a cutucar feridas e buscar soluções novas, citando como exemplos a criação do Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)2 – que oferece serviços de apoio didático e pedagógico a docentes e assistentes de ensino – e a construção do Ciclo Básico 3, prédio que vai abrigar laboratórios de ensino de uso compartilhado para todos os cursos de graduação.
As contas da pós-graduação
Na Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG), o pró-reitor Euclides de Mesquita Neto faz as contas, considerando os 1.710 docentes que a Unicamp possuía no final de 2010, quadro que vem permitindo manter uma média de 800 doutores formados por ano. “Tomando os 789 doutores formados em 2011 e dividindo pelo número de docentes, chegamos a 0,46 tese por docente/ano, índice que não existe em outra universidade do país. Em relação às teses de mestrado, o comportamento dos últimos anos foi ascendente: foram 1.221 mestres em 2009, 1.245 em 2010 e 1.322 em 2011. Um aspecto particular da Unicamp, que merece ser ressaltado, é o fato de termos mais alunos de doutorado que de mestrado, o que aponta para a maturidade do nosso sistema de Pós-Graduação”.
Na visão de Mesquita Neto, esses indicadores resultam de uma política continuada e acertada desde a fundação da Unicamp e que ganhou uma nova dimensão a partir da autonomia universitária em 1989, visando à valorização das atividades acadêmicas em todas as instâncias e sempre pensando medidas a serem tomadas à frente. “Outro indicador importante são os prêmios Capes: em 2009, ganhamos seis prêmios entre 46 concorrentes, sendo dois grandes prêmios, mais cinco menções honrosas; em 2010 foram oito prêmios entre 45 candidatos (quase 20%) e sete menções.”
A PRPG, segundo Mesquita Neto, também se movimenta no sentido de criar novos cursos diante de mudanças na área de pesquisa e necessidades surgidas no panorama nacional, citando como exemplos o mestrado e doutorado em biociências e tecnologia de produtos bioativos (IB), o mestrado em ciências da nutrição e do esporte e metabolismo (FCA) e o doutorado em gerontologia (FCM). “Também estamos sempre atentos às avaliações da Capes. Temos somente dois programas com nota 3 e, nesses casos, oferecemos suporte tanto para aprimorá-los como para reformulá-los visando melhorar as produções acadêmicas e consequentemente as avaliações.” O pró-reitor ressalta que a PRPG tem canalizado energia e recursos para fazer crescer o Programa de Estágio Docente (PED), que oferece ao pós-graduando a oportunidade de exercer uma atividade didática, contribuindo para a sua qualificação. “O contato com o ensino rende bons frutos para toda a vida profissional, não importando se a carreira escolhida for de professor ou não. Já faz cinco anos que rompemos a barreira dos 1.000 estagiários PED e, em 2011, saltamos para 1.561, com a perspectiva de aumento continuado. Isso traz reflexos positivos também no ensino de graduação.”
Entre as novidades para 2012 está a aprovação pela Comissão Central de Pós-Graduação (CCPG) da possibilidade das teses serem escritas integralmente em inglês ou espanhol, dependendo somente de acordo entre orientador e orientado. Da mesma forma, as defesas podem ser realizadas integralmente em inglês ou espanhol, com anuência dos membros da banca. Outra mudança, aprovada pelo Conselho Universitário (Consu), é a permissão para que funcionários da carreira Paepe (Profissionais de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão) com qualificação de doutorado atuem como professores plenos na pós-graduação, o que antes era vetado.
As atividades de extensão, oferecendo um serviço mais direto à sociedade, também merecem atenção da PRPG. “A Unicamp tem atuação importante no programa Redefor [Rede São Paulo de Formação Docente], do governo estadual, voltado para a qualificação de docentes do ensino fundamental II e médio. Participamos de cinco áreas: educação física, física, história, língua portuguesa e matemática. O primeiro módulo, que já está no final, contemplou quase 3.500 professores; no segundo módulo que se inicia, serão quase oito mil.”
Ações de apoio à pesquisa
O professor Ronaldo Aloise Pilli, pró-reitor de Pesquisa, informa que em 2011 foram consolidadas várias ações de apoio à pesquisa dentro da Unicamp, a começar pela expansão dos recursos para infraestrutura dos laboratórios. “Realizamos e executamos um edital de R$ 6 milhões para obras físicas nos laboratórios e readequação e modernização dos sistemas elétrico, hidráulico e de climatização – um tipo de apoio que não se consegue junto a agências de fomento – e abrimos outro edital no mesmo valor para 2012. Pretendemos fazer isso com regularidade, a fim de assegurar espaços adequados para os grupos de pesquisa.”
Segundo Ronaldo Pilli, a PRP tem sob sua responsabilidade dois grandes projetos em andamento. Um deles é o Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho (LCTAD), voltado à bioinformática, biologia molecular, sequenciamento e proteômica. “O objetivo é beneficiar os pesquisadores da Unicamp e do Estado com técnicas modernas que não poderiam custear individualmente e que, por serem de alto desempenho, devem ter uso intensivo para justificar o investimento. Até a conclusão do prédio, prevista para o final do ano, o LCTAD está operando de forma descentralizada em diferentes locais, mas já oferece cursos e serviços de bioinformática e biologia celular, encontrando-se em fase conclusiva a instalação dos sequenciadores adquiridos com recursos da Fapesp. Informações sobre o LCTAD podem ser conseguidas no sítio https://www.lactad.unicamp.br
O outro grande projeto é o Laboratório de Bioenergia (Labioen) da Unicamp, fruto de convênio celebrado entre as três universidades públicas paulistas, o governo estadual e a Fapesp. “Já iniciamos as reformas no Centro de Tecnologia (CT) e a construção ao lado do edifício sede, com previsão de conclusão também até o final do ano. Paralelamente, encontra-se em andamento a contratação de cinco novos docentes, resultado de propostas apresentadas pelas unidades de ensino e pesquisa ao edital lançado no ano de 2011, que atuarão na área de bioenergia.”
O pró-reitor lembra que a Universidade também admitiu grande número de novos docentes, levando a PRP a incrementar os recursos do Programa de Auxílio à Pesquisa para Docente em Início de Carreira (Papdic), cuja finalidade é ajudar os recém-contratados a formarem seus grupos de pesquisa. “O apoio é de R$ 12 mil para investir em laboratório e congressos. Além disso, o jovem docente com projeto aprovado por agência de fomento tem direito a uma bolsa de mestrado e bolsas de iniciação científica, começando assim a formar sua equipe. A soma dessas duas componentes significa um enxoval de R$ 40 mil. Em 2011, aprovamos aproximadamente 80 pedidos de auxílio Papdic, que acaba de ser estendido aos pesquisadores da carreira Pq em seu primeiro ano de vínculo com a Universidade”.
Ritmo de publicações
A Unicamp manteve um elevado ritmo de publicações em 2011. Os dados ainda não estão totalizados, mas deverão ser semelhantes aos do ano anterior, com algo em torno de 4.200 artigos em periódicos, 70% delas em periódicos indexados na base de dados da Thompson Reuters. “É natural que a produção acadêmica tenha se mantido regular, pois ainda não sentimos os efeitos do recente reforço do quadro docente, que permaneceu estável por bom tempo em função das limitações orçamentárias de alguns anos atrás”, explica Ronaldo Pilli.
No final do ano passado, a Universidade recebeu o Prêmio Scopus, da Editora Elsevier, como a universidade brasileira com a maior produção por docente, considerando as publicações indexadas naquela base de dados. “Também mantivemos a média de 12 citações por artigo, bem próxima das outras três melhores universidades latino-americanas (USP, UBA e Unam, que são maiores e têm uma história mais antiga). De maneira geral, respondemos por cerca de 8% da produção científica nacional indexada, o que é muito expressivo”, acrescenta o pró-reitor de Pesquisa.
Pilli ressalta que uma preocupação constante da Unicamp está em incentivar que as pesquisas tornem-se referência em suas respectivas áreas. “Vários colegas vêm assinando artigos que mereceram capas em revistas internacionais de prestígio ou foram indicados para compor o corpo editorial dessas publicações. Já temos uma produção respeitável em termos de quantidade, que não está distante da maioria das universidades mundiais: a média é de mais de duas publicações por docente. É desejável que esse número cresça, mas mais importante no momento é qualificar cada vez mais esta produção.”
Esforço de internacionalização
Dentro do esforço para a internacionalização das atividades de pesquisa da Unicamp, PRP e PRPG desenvolveram vários programas de apoio tanto à ida de pesquisadores e estudantes para o exterior, como a vinda dos pares de outros países. “Lançamos editais gerais e outros focados em universidades parceiras como a Brown University, Northeastern University, Universidade Livre de Berlim e Técnica de Munique, o que faremos também em 2012 com outras instituições. Em 2011, inserimo-nos no esforço do governo federal de internacionalização do ensino superior através do programa Ciência sem Fronteiras e, internamente, delineamos um programa para incentivar o pós-doutorado dos nossos docentes no exterior”, diz o pró-reitor de Pesquisa.
Outro caminho que a Universidade traçou para sua internacionalização foi incrementar visitas e contatos com laboratórios de outros países, além de dar continuidade à publicação de anúncios em revistas internacionais para atrair novos docentes, inclusive brasileiros que atuem lá fora. “Já temos sete professores atuando no Programa Professor Visitante do Exterior. Eles podem permanecer como bolsistas por um ou dois anos, mas há um compromisso das unidades de abrir um concurso para que eles tenham a oportunidade de se efetivar.”
Captação de recursos
De acordo com Ronaldo Pilli, a Unicamp vem tendo bastante sucesso na captação de recursos junto às agências de fomento. “O ano de 2011 talvez tenha sido o melhor junto ao CT-Infra, Fundo de Infraestrutura da Finep, que liberou quase R$ 10 milhões para a Universidade”, afirma. “Ultimamente, temos recebido praticamente todos os recursos solicitados nos editais do Programa de Pró-Equipamentos da Capes, destinados à aquisição de equipamentos para a pesquisa associada aos programas de pós-graduação. Nos últimos três anos as concessões ligadas a estes editais totalizaram quase sete milhões de reais em novos equipamentos voltados aos programas de pesquisa e pós-graduação das unidades”, endossa Euclides de Mesquita Neto.
Pilli destaca ainda o aumento no número de bolsas de iniciação científica – que obrigou à realização do Congresso Interno em dois dias, ao invés de um – e o fato da Universidade já ter nove propostas pré-selecionadas para o edital Cepid (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão) da Fapesp, mantendo um contato próximo com fundos de empresas de petróleo, energia elétrica e de outras atividades industriais. “Há uma preocupação em várias dimensões no sentido de oferecer oportunidades que consideramos estratégicas para avançarmos na qualificação do trabalho de pesquisa e, também, lançarmos as bases para que os jovens pesquisadores que estão ingressando agora possam assumir a liderança científica na Unicamp e no país dentro de alguns anos.”
Pioneirismo na extensão universitária
A área de extensão universitária também vem registrando desempenho significativo. Para dar sustentação ao trabalho de institucionalização do setor, deu-se início a grandes projetos a fim de oferecer exemplos reais de práticas que a Universidade estaria exercendo. “Pela nova concepção, a extensão universitária é uma atividade necessariamente associada a ensino e pesquisa, envolvendo alunos e professores e a sociedade”, explica o professor Mohamed Habib, que dirigiu a área nos últimos anos e em janeiro transmitiu o cargo de pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários ao colega João Frederico Meyer, o Joni. “O aluno é reconhecido quando faz extensão, recebendo os créditos da disciplina e recursos para o projeto, sob a orientação de um docente, que também é estimulado a participar por assinar o projeto e adicionar a carga didática ao seu relatório de atividades” , completa.
Mohamed Habib observa que a Unicamp abriu uma porta para a sociedade, que hoje sabe por onde entrar para localizar um espaço de interação. “Nós também aprendemos com os saberes existentes nas comunidades. Recuperamos a Estação Guanabara (o Centro Cultural de Inclusão e Integração Social), que ainda não está em velocidade de cruzeiro, mas levantando voo. Já realizamos várias oficinas de capacitação e criamos um grande programa de agroecologia, reunindo mais de 30 famílias de agricultores de base orgânica – a feira semanal, com debates, filmes e comercialização de alimentos, é um belo espaço de integração entre produtores, consumidores e acadêmicos.”
Os projetos da Preac são na maioria em parceria com órgãos governamentais, como os encaminhados ao Projeto Rondon, todos eles aprovados e premiados. Para cada operação, dois professores levam até oito alunos para conhecer outras realidades do país, analisar os problemas e apresentar soluções para os governos locais. “É uma pesquisa real, feita por alunos geralmente de classes mais abastadas, que retornam emocionados, sentindo-se úteis por ajudar as pessoas. Sem a extensão, esse aluno estaria de passagem pela universidade, num processo de capacitação para sair como um excelente profissional, mas não como um cidadão brasileiro.”
A experiência no Projeto Rondon levou à criação pela Preac, no final do ano passado, do RondonCamp, inspirado no modelo nacional, mas focado nos mais de 20 municípios da região de Campinas. “É uma parceria da Unicamp com os governos locais e setores empresariais, visto que os mesmos problemas do Norte e Nordeste existem também em nossa Região Metropolitana, não é preciso ir longe. E, se cada operação do Rondon é de apenas 15 dias, no RondonCamp aluno e professor ficarão um semestre inteiro pesquisando problemas das comunidades e buscando soluções.”
Mohamed Habib também destaca que o Conselho de Extensão (Conex), que antes era um espaço meramente cartorial, hoje abriga o debate e a construção da marca Unicamp, de uma política de extensão universitária por docentes das diferentes áreas. “Pela primeira vez, a Universidade está financiando projetos de extensão – recebemos aproximadamente 70 propostas no último edital e aprovamos 36. A comunidade está cada vez mais envolvida, entendendo que a extensão é uma atividade acadêmica importante e inclui a pesquisa seguindo todas as exigências e parâmetros científicos.”
Na opinião de João Frederico Meyer, o novo pró-reitor, muitas atividades de extensão são realizadas dentro de outro escopo, pois na prática da Unicamp, pesquisa, ensino e extensão são indissociáveis. “Quando as equipes da Pesquisa e da Pós-Graduação organizam um fórum sobre células tronco ou comportamento da dengue, atrai técnicos das secretarias de saúde de todas as regiões do Estado, o que a rigor é uma atividade de extensão. Quando a Preac organiza um fórum intitulado ‘Da pesquisa básica à pesquisa aplicada – O desafio dos fármacos para doenças negligenciadas’, está promovendo pesquisa, ensino e extensão. Praticamos o que é de fato indissociável.”
Há menos de dois meses no cargo, Joni afirma que ainda está tomando contado com as exigências do cotidiano da Preac e esperando que a equipe descubra como trabalhar com ele e suas limitações. “Fiz uma série de reuniões de preparação com o professor Mohamed, mas quando se sai do banco para jogar, a realidade assume outro aspecto. Tenho pouco mais de um ano pela frente e é apaixonante o desafio de consolidar o que temos de bem feito e de fortalecer a seriedade com que tratamos os editais: na seleção de projetos, nas equipes de avaliadores e na divulgação para a comunidade das oportunidades efetivas e valorizadas de extensão universitária.”
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melhor do país
UNICAMPE-PE-PEÔÔÔÔ!!!!!!