Edição nº 523
Unicamp
Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDF Campinas, 17 de abril de 2012 a 22 de abril de 2012 – ANO 2012 – Nº 523Triênio rende projeção internacional,
indicadores acadêmicos expressivos
e significativo incremento de área física
Valorização do ensino e busca dos melhores docentes para a Unicamp. Foram essas as prioridades máximas de Fernando Costa em seus três anos à frente da Reitoria, completados nesta semana. O reitor também privilegiou a concessão de benefícios e a qualificação dos funcionários, o apoio à pesquisa e à extensão e o incremento da infraestrutura da Universidade. Entre as principais realizações de sua gestão, ele destaca a criação do inovador Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS), do Programa Professor Visitante do Exterior, de programas de apoio ao ensino e à pesquisa e do Centro de Estudos Avançados (CEAv) da Unicamp; a reestruturação da carreira dos funcionários, a avaliação periódica e a universalização do vale-alimentação; e o planejamento e execução de 295 obras em todos os campi da Universidade, entre reformas, ampliações e novas construções. "É quase uma nova universidade em três anos", afirma.
A comparação não é exagerada. Segundo a Coordenadoria de Projetos e Obras (CPO), vinculada à Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário (PRDU), as 295 obras, das quais 95 já foram concluídas e 58 estão em andamento – as demais se encontram em fase de licitação, de desenvolvimento de projeto, de licitação de projeto ou em planejamento –, perfazem um total de 208 mil metros quadrados. Essa metragem corresponde a aproximadamente 40% da área construída do campus de Barão Geraldo em 2008, ano anterior ao da chegada de Fernando Costa à Reitoria. Se forem consideradas apenas as obras já concluídas e as que estão em andamento, chega-se a uma área total superior a 101 mil metros quadrados. São cerca de 35 mil metros quadrados a mais do que a soma das áreas construídas dos outros cinco campi da Universidade em 2008.
Afora crescer fisicamente, a Unicamp tornou-se cada vez mais conhecida e respeitada no exterior. "Hoje, o reconhecimento da Unicamp como uma universidade muito importante é claramente internacional e abrangente", ressalta Fernando Costa. Os desdobramentos mais significativos desse novo posicionamento da Unicamp no cenário internacional ocorreram agora em março: o estabelecimento de uma parceria entre a Agência de Inovação Inova Unicamp e sua similar na Universidade de Cambridge – a Cambridge Enterprise –, no início do mês; e a entrada da Universidade na Worldwide Universities Network (WUN), prestigiosa e seleta rede de universidades de pesquisa que ainda não tinha membros na América Latina, formalizada no dia 20.
Por trás do aumento da visibilidade da Unicamp no exterior estão os esforços da Reitoria para ampliar o grau de internacionalização da Universidade, combinados a indicadores de excelência acadêmica cada vez mais expressivos. "Nos últimos anos, fruto de décadas de atuação da Unicamp na busca da excelência acadêmica, a Universidade viu todos os índices relacionados à graduação, à pós-graduação, à pesquisa e à extensão elevarem-se aos níveis mais altos da sua história", destaca o reitor.
Leia abaixo o balanço que Fernando Costa fez de sua gestão em conversa com o Jornal da Unicamp:
Ensino
Demos excepcional ênfase ao ensino, principalmente ao de graduação. Uma de nossas realizações mais emblemáticas foi a criação do ProFIS, um curso inovador de formação geral que já chamou a atenção da publicação americana The Chronicle of Higher Education, especializada em ensino superior. Com o ProFIS, introduzimos uma nova forma de ingresso na Unicamp que privilegia a inclusão social sem abandonar o critério da seleção por mérito. Os resultados para o primeiro ano foram excelentes, o que nos deixa muito esperançosos com relação ao futuro do curso. Também promovemos uma mudança significativa no formato do vestibular – o caminho tradicional para o ingresso na Universidade. Por um lado, era preciso adequar o exame à atual estrutura curricular da educação básica, dividida em grandes áreas do conhecimento. Por outro, havia a necessidade de torná-lo mais seletivo na primeira fase, em razão do aumento progressivo do número de inscritos. Para o vestibular de 2012, por exemplo, inscreveram-se 61,5 mil candidatos, um recorde na história do exame. Convém ressaltar que a essência do vestibular da Unicamp, considerado referência em todo o país, foi preservada. Continuamos procurando selecionar alunos que, além de dominar os conteúdos do ensino médio, saibam pensar de forma crítica, raciocinar logicamente e expressar suas ideias com clareza.
Outra ação que considero importante foi a criação do Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)2, cujo maior objetivo é contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de graduação em toda a Universidade. Além de ajudar professores e participantes dos Programas de Estágio Docente (PED) e de Apoio Didático (PAD) a preparar-se melhor para o desempenho de suas atividades, o novo órgão tem a incumbência de estimular a reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem – algo fundamental para que este seja aprimorado. Gostaria de destacar, ainda, o Projeto Aulas Magistrais, que consiste na gravação em vídeo e posterior divulgação na internet de aulas sobre temas de interesse geral ministradas por professores da Unicamp; o Programa Aluno-Artista, que procura incentivar a disseminação da arte e da cultura nos campi da Universidade por meio da concessão de bolsas a alunos de graduação com talentos em áreas como música, dança e teatro; o recém-lançado Projeto Estante Literária, pensado para estimular o hábito da leitura entre os alunos de graduação, com prêmios para os melhores leitores da Universidade; e a criação do prêmio Reconhecimento Docente pela Dedicação ao Ensino de Graduação, que será entregue pela primeira vez neste ano a um professor de cada uma das 22 unidades de ensino de pesquisa da Unicamp.
Atração de docentes
Atrair os melhores docentes para a Unicamp também foi uma de nossas grandes preocupações nesses três anos de gestão. Para isso, ampliamos a divulgação dos concursos regulares para a carreira MS e criamos o Programa Professor Visitante do Exterior, por meio do qual professores altamente qualificados e com sólida experiência internacional, sejam eles estrangeiros ou brasileiros, recebem uma bolsa para exercer atividades de ensino e pesquisa na Unicamp por até dois anos. Primeiramente, publicamos anúncios sobre essas oportunidades nos principais veículos internacionais de divulgação científica, como Science, Nature e outras revistas direcionadas a áreas específicas, e encaminhamos os currículos dos interessados às unidades de ensino e pesquisa. Com o passar do tempo, as próprias unidades também começaram a apresentar candidatos de seu interesse à coordenação do programa, a cargo da Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP). Nossa intenção é fixar os professores visitantes no quadro docente da Unicamp. Por isso, exigimos de todas as unidades o compromisso de que elas abrirão um concurso regular após os dois anos de duração do programa na área de cada professor visitante cujo desempenho for considerado satisfatório, para que eles possam ter a chance de concorrer a uma posição permanente na Universidade. Os resultados têm sido muito bons: dos sete professores visitantes que já atuam na Unicamp, entre estrangeiros e brasileiros, três já estão em seu segundo ano no programa. Paralelamente a esses dois esforços, temos o programa de reposição docente, que nos está permitindo, dentro das possibilidades orçamentárias, repor mais que 50 professores por ano. Além disso, implantaremos neste ano um programa de incentivo para que as unidades organizem comitês de busca de novos docentes.
Funcionários
Temos feito um grande esforço para melhorar a qualidade de vida e incentivar a qualificação dos funcionários da Unicamp, cujo trabalho é fundamental para o bom funcionamento da Universidade. Entre outras ações, promovemos a reestruturação da carreira de Profissionais de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Paepe), passamos a premiar anualmente os funcionários técnicos e administrativos que mais se destacam em todas as unidades e órgãos da Unicamp e universalizamos o valor do auxílio-alimentação. A partir de junho, todos os trabalhadores da Universidade receberão um auxílio mensal de R$ 600, o que representa um aumento médio de quase 80% em relação os valores pagos em janeiro deste ano. Além disso, as avaliações de desempenho referentes a 2010 e 2011 contemplaram 75% dos mais de 6 mil funcionários participantes com mais uma referência na carreira.
Infraestrutura dos campi
Ao longo desses três anos, investimos pesadamente em infraestrutura básica – ruas, parte hidráulica, parte elétrica – em todos os campi da Universidade, e também em novas construções, reformas e ampliações de espaços já existentes. Entre as obras de maior relevância, cito a consolidação do campus da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), em Limeira; a continuação da construção do novo prédio do Instituto de Geociências (IG) e o início da construção do teatro do Instituto de Artes (IA); a reforma do ginásio e de todas as quadras da Faculdade de Educação Física (FEF); a revitalização da praça do Ciclo Básico; a construção do Museu de Artes Visuais da Unicamp; as reformas feitas no Hospital de Clínicas (HC), com destaque para a climatização de todos os consultórios médicos, que era esperada desde a fundação do hospital; a construção de dois Centros de Vivência no campus de Barão Geraldo, cada um com duas quadras de esportes, inaugurados entre o fim de março e o começo de abril; e a construção de mais dois restaurantes universitários: um em Limeira, em funcionamento desde agosto do ano passado, e outro em Campinas, aberto há duas semanas.
Infraestrutura de ensino e pesquisa
Os investimentos em infraestrutura para o ensino de graduação incluem a reforma do Ciclo Básico II e a construção do Ciclo Básico III, que já estava prevista no projeto original da Unicamp. O novo prédio abrigará um complexo de laboratórios de ensino de uso compartilhado sem similares no Brasil, além de espaços idealizados para favorecer a socialização entre os alunos. Todos os laboratórios contarão com equipamentos de ponta e poderão ser adaptados para atender às necessidades de diferentes cursos de graduação. No que diz respeito à pesquisa, lançamos dois editais no valor total de aproximadamente 10 milhões para atualização e reforma de laboratórios já instalados.
Além disso, estamos construindo mais dois grandes laboratórios, e há um terceiro cuja obra está em fase de licitação. Um dos laboratórios em construção é o de Bioenergia, resultado de um convênio entre o governo de São Paulo, a Fapesp e as três universidades públicas estaduais. Esse laboratório integrará o Centro Paulista de Pesquisa em Bioenergia e também receberá pesquisadores da USP e da Unesp. A outra obra em andamento é a do Laboratório Central de Tecnologia de Alto Desempenho (Lactad), um laboratório multiusuário que desde o ano passado já presta serviços de análises de alta complexidade de forma descentralizada. Finalmente, temos o Laboratório Integrado de Pesquisa (LIP), que deverá ficar pronto daqui a dois anos. Trata-se de um conjunto de três prédios projetados para suprir as necessidades de espaço para pesquisa de parte dos docentes da Universidade.
Pesquisa
Os investimentos em infraestrutura para pesquisa foram complementados por outras ações importantes, como o aperfeiçoamento do Programa de Auxílio à Pesquisa para o Docente em Início de Carreira (Papdic) e a criação do Programa de Auxílio ao Pesquisador em Início de Carreira (Pappic). Ambos os programas concedem uma ajuda inicial de R$ 12 mil a professores e pesquisadores recém-contratados que submeterem pedidos de auxílio à pesquisa a agências de fomento. No caso do Papdic, os professores cujos projetos forem aprovados podem, ainda, solicitar uma bolsa de mestrado de dois anos. Também merece destaque o lançamento, agora em março, de um edital para contratação de técnicos de nível superior para apoio a projetos de pesquisa financiados por agências de fomento ou empresas. São profissionais que exercerão tarefas relacionadas à operação de equipamentos sofisticados e à realização de experimentos.
Internacionalização
Temos trabalhado intensamente para ampliar o grau de internacionalização da Unicamp, pois esse é um passo fundamental para que ela atinja o mesmo nível de excelência das grandes universidades de classe mundial. Os resultados desse esforço já podem ser notados. Além de ter havido um incremento no intercâmbio de alunos de graduação, de pós-graduação e de professores, o número de visitas de delegações de universidades estrangeiras interessadas em firmar convênios e estabelecer parcerias com a Unicamp cresceu consideravelmente nos últimos três anos. Muitas dessas visitas já tiveram desdobramentos concretos, como foi o caso do acordo assinado no fim de março com a Brown University, uma das melhores instituições de ensino superior dos Estados Unidos, para o intercâmbio de professores por períodos de curta duração.
Mas a maior prova de que a Unicamp já é reconhecida no exterior como uma universidade importante foi o fato de a WUN, uma das redes de universidades de maior prestígio em todo o mundo, tê-la escolhido para ser sua primeira parceira na América Latina. Em maio, estarei com o professor Leandro Tessler [coordenador de Relações Institucionais e Internacionais da Unicamp] na reunião anual dos membros da WUN, durante a qual esperamos aprender mais a respeito das possibilidades de cooperação na área de pesquisa no âmbito da rede. Antes disso, irei a Chicago para falar sobre a experiência da Unicamp no estabelecimento de cooperações internacionais bem-sucedidas aos participantes do Global University Summit, importante encontro anual sobre ensino superior que reúne líderes de grandes universidades de todo o mundo.
Arte e Cultura
Procuramos dar continuidade aos grandes programas já estabelecidos de promoção da arte e da cultura, como a Agenda Cultural da Unicamp, aprovada antes do início de cada ano, e o Programa Artista-Residente, que já trouxe artistas das mais variadas áreas para diferentes unidades de ensino e pesquisa, com excelentes resultados. Ao mesmo tempo, criamos a Comissão de Ação Cultural com a finalidade de avaliar a política artística e cultural da Universidade e propor novas ações para essas áreas. Com base nos trabalhos da comissão, criamos o Programa Aluno-Artista, hoje vinculado ao Serviço de Apoio ao Estudante (SAE), e o Programa Arte no Campus, que leva espetáculos artísticos a diversas partes do campus. Alguns desses espetáculos são apresentados no Ciclo Básico II, onde montamos uma estrutura que estabelece os limites próprios de um palco. Outros, no entanto, são apresentados em lugares que não foram projetados para receber um grupo de dança ou uma peça teatral. É o caso, por exemplo, do gramado do Instituto de Biologia (IB), que desde as comemorações dos 45 anos da Unicamp, em outubro do ano passado, tem sido palco de apresentações mensais de música.
A Orquestra da Unicamp, para a qual temos dado grande apoio, também participa do Arte no Campus, além de desenvolver outras atividades que incluem apresentações fora da Universidade. Outra contribuição importante da Comissão de Ação Cultural foi a proposta de criação do Museu de Artes Visuais da Unicamp, já em fase de implantação. O acervo do museu será composto inicialmente pelo acervo da galeria do Instituto de Artes (IA) e por peças doadas pelo professor emérito da Unicamp Rogério Cezar de Cerqueira Leite. Merece menção também a extensa programação cultural feita pela Pró-Reitoria de Extensão, principalmente na Casa do Lago e no Centro de Inclusão Social - CIS-Guanabara.