Seminário reflete sobre os diversos papéis do docente
03/05/2012 - 16:10
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Foi realizado nesta quinta-feira, na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), o 1º Seminário Internacional de Carreira Docente, com o objetivo de refletir sobre os diversos papéis desempenhados pelo docente, de que forma esses papéis se complementam e como ele pode se preparar para exercê-los. Também entrou na discussão o processo de avaliação do docente – e do departamento ou unidade acadêmica – quanto ao cumprimento das atividades de formação profissional, produção de conhecimento e de serviços de saúde de qualidade.
A professora Eliana Martorano Amaral, que coordenou o evento, coordena também a Comissão de Valorização Docente, criada há dois anos por sugestão do diretor da FCM, professor Mário Saad. Segundo ela, o grupo se propõe a pensar estratégias para valorização das atividades do docente, considerando a multiplicidade de papeis que desempenha. “Das reflexões surgiu a ideia de que era necessário parar para discutir o tema, o que coincidiu com a oportunidade de trazer as professoras Yvonne Steinert, da McGill University [Canadá], e Maureen Connelly, da Harvard Medical School [EUA].”
“Ser docente de futuros profissionais de saúde: funções e competências” foi o tema da palestra de Yvonne Steinert, ao passo que Maureen Connelly falou sobre “A experiência de Harvard com os novos perfis de carreira docente”. “A professora Yvonne é responsável pelo centro da McGill que cuida do desenvolvimento da carreira docente, além de ter muitas pesquisas e publicações sobre o tema. Na Havard, havia antes um modelo fixo, em que o docente era definido por seu papel, professor ou pesquisador; agora, ele pode customizar a carreira, declarando diferentes atividades, já que é irreal defini-lo por um único papel”, explica Eliana Amaral.
A coordenadora observa que o seminário coincide ainda com as recentes mudanças de níveis na carreira docente da Unicamp, o que é uma demanda em instituições de ensino e pesquisa de todo o país e do mundo. “Recebemos um número inesperadamente grande de inscrições (379, sendo dois terços da Unicamp e muitas de alunos de pós-graduação), o que mostra como esta discussão é necessária. Aqui na FCM, costumamos brincar que a gente dorme médico e acorda professor. Hoje existe uma exigência de que o docente seja administrador, pesquisador e bom professor na área clínica ou na sala de aula. Temos feito isso muito bem, mas meio que intuitivamente”.
A cerimônia de abertura do seminário internacional foi presidida pelo reitor da Unicamp, professor Fernando Costa, que enfatizou a clara visão da administração de que o incentivo à participação de todos os docentes no ensino, principalmente em graduação, é fundamental. “Para isso, precisamos dar infraestrutura adequada ao ensino. Nos últimos três anos, a Universidade aplicou cerca de 15 milhões de reais em editais de apoio à graduação, em todas as áreas, sem exceção. Isso inclui a reforma de numerosas salas de aula do Ciclo Básico 2 e a construção do CB-3 – um laboratório de aulas práticas que era planejado desde o início da Unicamp e nunca foi levado a efeito.”
Fernando Costa destacou a importância de investir também na formação dos professores, citando como exemplo o Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA2), criado pela Pró-Reitoria de Graduação (PRG). “Nas grandes universidades do mundo existem mecanismos de suporte ao ensino e aqui temos o EA2 (como se fosse ensino e aprendizado ao quadrado), um investimento de quase 3 milhões de reais. É um espaço que está sendo totalmente reformado, com salas de aula, novas tecnologias e pessoal para treinar professores e PEDs e PADs [alunos dos Programa de Estágio Docente e do Programa de Apoio Didático].”
Mário Saad lembrou que a questão da valorização docente foi ponto central dos debates de campanha para a sua gestão, em 2010, mas defendeu que a atuação do CVD deve ser perene. “Para avaliação docente, pelos padrões internacionais e até por facilidade, usa-se a métrica da pesquisa. O que a gente se dispôs a fazer não foi só programa de campanha: se hoje somos da administração, amanhã voltaremos a ser professores. A carreira docente precisa ser valorizada e esse seminário é o pontapé inicial para uma grande discussão.”
O professor Marcelo Knobel, pró-reitor de Graduação, afirma que a valorização das atividades de ensino é um tema a ser repensado pela Unicamp não apenas na saúde, mas em todas as áreas. “É natural e mais simples adotar indicadores quantitativos quando falamos sobre pesquisa, mas é sempre muito complicado avaliar o que é um bom professor, a sua dedicação. Há uma série de indicadores específicos de avaliação das atividades docentes que precisam ser construídos. É uma discussão complexa, antes de realizar uma mudança de cultura na própria Universidade.”
Comentários
Parabens
Parabens à FCM e à UNICAMP pela oportunidade de os docentes avaliarem seu papel na indissociabilidade ensino, pesquisa e extensao. Competência, excelência e qualidade são distintos na atuação docente e na atuação no mundo da empregabilidade. Formar geração de profissionais da saúde no século XXI exige mesmo momentos como esses, de construção coletiva e autoavaliação. Parabéns!