ONU cria instância voltada à
preservação dos ecossistemas
26/04/2012 - 15:50
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Após sete anos de discussões, foi criada por 91 países no último sábado (21) a Plataforma Intergovernamental sobre Serviços de Ecossistemas e da Biodiversidade (IPBES, na sigla em inglês), em reunião realizada na cidade do Panamá. A IPBES terá sede em Bonn, na Alemanha, onde também está instalado o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), no qual foi inspirada. O principal objetivo da plataforma será quantificar os ecossistemas do planeta e articular junto a governos a implantação de políticas de conservação. “Participar destas negociações, desde Nairóbi, em outubro do ano passado, foi uma experiência indescritível, ainda mais porque esta importante instância internacional foi finalmente criada”, afirma o professor da Unicamp e diretor do Departamento de Políticas e Programas Temáticos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Alfredo Joly.
A IPBES ficará sob o guarda-chuva de programas de agências especializadas da ONU, como o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Pnud ( Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). A proposta é que ocorra, a exemplo do IPCC, a cooperação entre cientistas de diversas áreas de todo o mundo para a elaboração de relatórios acerca da situação dos ecossistemas, o que contribuirá para a formulação de ações de conservação.
Para o professor Joly, o IPCC da Biodiversidade, como a plataforma já está sendo chamada, deverá proporcionar uma maior interação entre a ciência e o poder público. “Em uma reunião que vai acontecer ainda este ano, vamos definir como faremos a avaliação segura da biodiversidade, de forma homogênea. Isso vai auxiliar na contagem de espécies animais, vegetação nativa, a distância entre eles e sua conectividade”, adianta.
A expectativa é de que pelo menos 40 cientistas de diversos países integrem o IPCC da Biodiversidade. Também deverão fazer parte do grupo diplomatas, técnicos e representantes de comunidades indígenas e tradicionais dos países signatários. Conforme o professor Joly, a necessidade de quantificar e depois adotar mecanismos de conservação da biodiversidade mundial é urgente. Ele lembra que, atualmente, o planeta tem entre 1 bilhão e 2 bilhões de espécies conhecidas (aquáticas, terrestres e micro-organismos).
Entretanto, o ritmo de desaparecimento é acelerado. Nos últimos 2 bilhões de anos, destaca o cientista, a Terra sofreu cinco períodos de extinção em massa. “Quatro ocorreram com a vida aquática e o quinto resultou no desaparecimento dos dinossauros. Entretanto, com o ritmo atual de perda de espécies, é possível que estejamos entrando num sexto período”, alerta o docente da Unicamp.