Unicamp representa o Brasil e a
América Latina no conselho da Aspho
03/05/2012 - 16:00
- Text:
- Images:
- Images Editor:
A Unicamp representará o Brasil e a América Latina no conselho diretivo da Sociedade Americana de Hematologia e Oncologia Pediátrica (ASPHO). Durante o Congresso da Sociedade em New Orleans, de 9 a 12 de maio, a hematologista e oncologista pediátrica Silvia Regina Brandalise fará uma apresentação sobre “Triagem Neonatal e Doença Falciforme”. Para Silvia, docente da Unicamp e presidente do Centro Boldrini, o convite trata-se de um reconhecimento importante para o Centro Integrado de Pesquisas Onco-hematológicas da Infância (Cipoi), para a Universidade e para a sociedade como um todo, já que a Unicamp é pioneira no Brasil, na triagem neonatal para detectar traço ou casos de anemia falciforme.
De acordo com a Silvia, de 1992, quando o programa teve início, a 2011, a Unicamp realizou quase 1 milhão de exames de anemia falciforme em bebês da macrorregião de Campinas. Em 1,8% dos exames os bebês se revelaram portadores de traço falciforme, e 0,08% foram diagnosticados portadores da doença.
Um dado importante é que o teste do pezinho é ralizado em 97% das crianças da macrorregião nos primeiros 15 dias de vida, o que, em caso de diagnóstico positivo, permite iniciar aconselhamento e tratamento nos primeiros 30 dias de vida. “Isso mostra a enorme adesão da população ao programa e este fato é de extrema importância, pois, se diagnosticada a doença, é possível iniciar nos primeiros 30 dias a aplicação de vacinas específicas, como para o Pneumococo, Hemophilus, e o tratamento profilático com penicilina a partir do terceiro mês de vida, o que protege a criança das infecções fulminantes, evitando que o paciente seja levado a óbito antes dos 5 anos de idade”, informa Silvia. Ela acrescenta que nos casos com o diagnóstico firmado para a doença falciforme, o paciente é acompanhado por uma equipe multiprofissional, formada por pediatras, cardiologista, ortopedista, neurologista, endocrinologista, ginecologista, ortopedista, cirurgião, enfermagem, dentista, psicólogo, fisiatra e fonoaudiólogo durante os 18 primeiros anos de vida.
Antes da implantação da Triagem Neonatal e do programa de atenção multiprofissional, 25% de crianças com anemia falciforme morriam antes dos 5 anos de idade. Depois do programa, a mortalidade infantil caiu para 2%. “É um avanço, apesar de ainda não termos conseguido combater a doença em sua origem”, explica Silvia.
A eficiência na triagem fez com que, recentemente, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo direcionasse para a Unicamp também os exames das regionais de Bauru, Marília e Presidente Prudente, segundo Silvia Gabetta. “Hoje um terço da população do Estado mais populoso do Brasil realiza triagem dentro do programa criado pela Unicamp”, acrescenta Silvia Gabetta. Para Silvia Brandalise, a nova demanda veio como missão por conta do pioneirismo da Unicamp na triagem neonatal que serviu de modelo para os governos do Estado de São Paulo e federal. Apesar da obrigatoriedade do exame por lei federal desde 2001, ela faz questão de enfatizar que quanto mais cedo a doença for diagnosticada, melhor o prognóstico do tratamento.
A médica acrescenta que é preciso buscar os portadores do traço na fase de planejamento familiar. “Se encontrarmos em uma gestante será tarde, pois ela não teve tempo de se planejar”, analisa Silvia.