Trompetista da Orquestra Nacional da Rússia visita Unicamp e ministra workshop
10/05/2012 - 15:40
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Já nos primeiros acordes o público que compareceu à Sala Almeida Prado da Unicamp nessa quinta-feira percebeu que se tratava da audição de um trompetista incomum. Além de dominar a técnica, ele mostrou aos participantes de um workshop – promovido pelo Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural (Ciddic), pela Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) e pela Escola Livre de Música (ELM) – que é possível tocar uma mesma música de diferentes formas. “Muito depende da convicção e da confiança”, disse Vlad Lavrik, principal trompetista da Orquestra Nacional da Rússia, em sua primeira visita à Universidade.
Vlad foi traduzido por Sanuel Proença, trompetista da OSU, que o convidou a ministrar esse workshop quando, há alguns meses, se encontraram nos Estados Unidos.
O trompetista elogiou a acústica da Sala Almeida Prado e deu várias “palinhas” no trompete, de trechos orquestrais russos a expressões mais solísticas, na maioria interpretando o compositor russo Tchaikovsky, um dos mais celebrados entre os músicos clássicos.
Trazendo uma bagagem musical da sua tradição familiar, Vlad contou que aos três anos de idade começou cantando num grupo em que o pai era trompetista (e também maestro militar). Aos sete anos, começou a tocar piano e, aos nove, trompete. Foi aprimorando o seu trabalho a ponto de ser qualificado pela renomada revista Russian Life, em 2010, de ‘o melhor trompetista da Rússia’.
Hoje, aos 32 anos, leciona no Conservatório de Moscou, instituição equivalente ao ensino universitário. E, no momento, aprofunda-se também no estudo de regência. Vlad nasceu na Ucrânia e morou em Moscou, na Sibéria e na Mongólia, entre outros lugares, o que, talvez, lhe tenha conferido uma característica multifacetada como músico.
O trompetista enfatizou a influência do piano em sua vida, comentando que é comum nesse instrumento se prestar mais a atenção à técnica. A sugestão para o trompete, outro instrumento do qual goza mais intimidade ainda, é que não se deve ater apenas à técnica. É preciso olhar o timbre e a afinação, entre outros elementos. “É preciso pensar numa linha melódica, sobretudo quando se ensinam as crianças”, afirmou.
A oportunidade desse workshop para Vlad foi muito interessante principalmente para saber o que está acontecendo no mundo universitário, além de poder compartilhar a sua experiência com outros músicos do naipe de metais. Ele garantiu que gosta muito de lecionar porque acredita na sua contribuição em termos de conhecimento instrumental.
A Rússia, comentou Samuel Proença, tem um estilo bastante peculiar, sobretudo no período em que era União Soviética. A escola russa de trompete era muito forte e muito presente. "Quando se ouvia um instrumentista russo, logo se percebia a sua procedência", destacou. Hoje não. Vlad assinalou que tudo está muito misturado, tanto que ele hoje procura ouvir escolas das mais diversas partes do mundo a fim de chegar a um mix musical.
Workshop
Israel Calixto, professor de trompete da ELM da Unicamp, informou que este workshop é o primeiro evento internacional da Escola. Foi dedicado a estudantes de música e a profissionais do nível básico ao avançado. O seu objetivo, inclusive nas próximas atividades, é trabalhar as percepções das escolas europeias de trompete, como a escola russa, que é muito tradicional no mundo todo. Há previsão de novos workshops para o segundo semestre, desta vez com participação americana. A ELM é ligada ao Ciddic, onde tem a supervisão do professor Manuel Falleiros. A escola soma atualmente 25 alunos de trompete, com idades de 12 a 67 anos.
Comentários
Workshop
Muito louvável a iniciativa do CIDDIC e ELM em promover esse evento. Principalmente a do músico/trompetista Samuel Proença em convida-lo. Espero que aconteçam mais eventos neste sentido.
Parabéns!!!