Léo abdicou do seu posto de caçula quando, aos 12 anos, nasceu o seu irmão, o Dudu, com a síndrome de Down. Isso faz 21 anos. Desde então uma grande amizade os une, a mesma que motiva os dois, os irmãos Gontijo, para alguns projetos de vida em comum. Léo conta que nunca tinha reparado em nenhuma pessoa com deficiência, pelo menos não com os olhos que hoje enxerga o irmão. Fruto dessa experiência com Dudu, Léo publicou um livro recentemente, pela Editora São Jerônimo, o qual ele chamou Mano Down: Relatos de Um Irmão Apaixonado. Nessa sexta-feira, eles deixaram Belo Horizonte, MG, para participar do evento comemorativo ao Dia das Mães no auditório da Biblioteca Central César Lattes na Unicamp. O encontro foi prestigiado por funcionários, visitantes e alunos.

Leonardo falou sobre as mudanças de rota que advieram com o nascimento de Eduardo, as quais ele prefere qualificar de grandes possibilidades. Os dois irmãos relataram o percurso da superação através de fala e música. Entrou então em cena Dudu do Cavaco, o músico, relatando a sua vida que, no livro, vem intercalada a depoimentos, cartas e informações sobre a Síndrome de Down. Além do livro, Léo e Dudu trabalham no projeto Mano Down, que deu nome à obra, cuja sede fica em Belo Horizonte e que busca auxiliar as famílias na inserção dos filhos com a deficiência.

A família Gontijo, comenta Leonardo, tem feito de tudo para que Dudu consiga levar uma vida mais próxima do comum. Desde cedo, o garoto manifestou gosto pela música e foi levado a estudar cavaquinho. Outra coisa: Dudu faz teatro, atuando com o grupo Crepúsculo, em Minas Gerais. Fala com desenvoltura e sabe ler e escrever, tendo uma nítida habilidade para as artes. Por causa do projeto, os irmãos têm viajado o país para dizer que a síndrome de Down pode representar uma mudança de rota, mas bem-sucedida. Recentemente estiveram num programa de televisão transmitido aos sábados pela Rede Globo e os compromissos na agenda aumentaram.

Segundo Léo, “o intuito deste livro é partilhar experiências e, antes de tudo, mostrar meu amor pelo Eduardo. E enfim, divulgar a alegria e a riqueza que é conviver com um irmão Down”.

De acordo com o organizador do evento, Edison Lins, responsável pelo GGBS, a vinda dos irmãos Gontijo para a Unicamp foi providencial, pelo fato de colocar em discussão um tema emergente de responsabilidade social, que é a inclusão. "Este projeto aposta nas pessoas com síndrome de Down, no seu desenvolvimento e na sua integração. Tudo o que puder ser feito para diminuir o preconceito ajuda a eliminar os equívocos e a entender melhor a questão", pontua.