Olimpíada muda a cara do ensino de matemática, com 20 milhões de inscritos
16/05/2012 - 10:50
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O país avançou muito no conhecimento de matemática muito graças a uma metodologia, da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), que tem conseguido atrair jovens e crianças para o estudo da disciplina. A afirmação é da professora Ana Catarina Hellmeister, coordenadora desse evento que na manhã desta quarta-feira falou, em uma das salas do Centro de Convenções da Unicamp, sobre a olimpíada de ciências durante o Fórum A Aprendizagem e o Papel da Universidade. O encontro foi organizado pelo Museu Exploratório de Ciências e promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU). "Sou testemunha de que a matemática mudou a cara do Brasil”, realça a professora.
Ana Catarina conta que a OBMEP é um evento nacional financiado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o qual foi criado em 2005. Já em sua oitava edição, a olimpíada de matemática é coordenada regionalmente por docentes das universidades públicas.
O que mais vem surpreendendo Ana Catarina é o crescimento da OBMEP e o interesse das crianças que participam da iniciativa. Em 2005, revela, eram 10,5 milhões de inscritos e, neste 2012, 19,1 milhões de alunos. Além disso, foram quase 50 mil escolas inscritas neste ano. “O Brasil tem 5 mil municípios atualmente. Apenas 50 deles não participam da olimpíada”, dimensiona. “Não sabemos ao certo o motivo desse sucesso estrondoso, mas fato é que as crianças se envolvem muito. Muitas nos confidenciam que não gostam da matemática ensinada em suas escolas mas sim da metodologia da OBMEP”.
A primeira fase do evento é realizada nas escolas, envolvendo três níveis. O primeiro é destinado ao sexto e ao sétimo ano, o segundo ao oitavo e ao nono ano e o terceiro ao ensino médio. As provas são aplicadas pelas escolas e os professores as corrigem. São questões de múltipla escolha.
Vão para a segunda fase 5% dos participantes. Nessa etapa então as provas são aplicadas pela OBMEP e têm duração de três horas. O trabalho de logística envolve uma megaoperação. “Na Amazônia, as provas chegam de barcos. É emocionante de se acompanhar”, relata a professora.
Segundo Ana Catarina, as premiações em 2012 resultaram na distribuição de 500 medalhas de ouro, 900 de prata, 3.100 de bronze, 46 mil menções honrosas e 4.500 bolsas de estudo concedidas pelo CNPq. Trata-se de um importante projeto de inclusão social, conforme a professora, principalmente pela retaguarda oferecida pela OBMEP, que acolhe os medalhistas. Outro projeto que os abraça é o Programa de Iniciação Científica (PIC), juntamente com o CNPq que ajuda os estudantes com material escolar e assessoramento de professores pelo período de um ano, com orientações de matemática. Muitos recebem bolsas para estudar em colégios particulares.
Com o avanço da olimpíada pelo país, o estudo se refletiu em clubes de matemática e em grupos de estudos nas escolas. As instituições de ensino têm à sua diposição um banco de questões, um material bastante diferenciado de pesquisa. "São subprodutos que envolvem todo país", salienta a coordenadora. Ela exemplifica: no Triângulo Mineiro, o número de alunos que ingressam na universidade pública no momento aumentou muito (embora não dispondo de números), graças a esse preparo, salienta.
A premiação vale como um incentivo para os alunos e, hoje, os professores e as escolas também são contemplados com prêmios. Um resolução recente é que os professores que têm alunos premiados receberão um laptop do evento com softwares especiais de matemática para aplicação nas próprias escolas.