CMU registra os 80 anos do
Movimento Constitucionalista
26/06/2012 - 14:20
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O Centro de Memória Unicamp (CMU) abre às 15 horas desta quarta-feira a exposição “1932: Memória e Lembranças”, registrando os 80 anos do Movimento Constitucionalista. Com curadoria da historiadora Ilka Stern Cohen, a exposição traz materiais de divulgação do movimento, suplementos de jornais como O Estado de S. Paulo e Correio Popular, botons, flâmulas, capacetes de combate, granada, munição, punhais e outros objetos reunidos pelo colecionador Paulo Moraes de Barros e que hoje estão preservados pelo CMU. A mostra pode ser vista até o dia 31 de agosto, de segunda a sexta, das 9 às 17 horas, no setor de Arquivos Históricos do CMU (saguão do Ciclo Básico I).
O que os participantes e simpatizantes chamaram à época de Revolução Constitucionalista foi o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo entre os meses de julho a outubro de 1932, visando à derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil. Foram quase três meses de combates, com um saldo oficial de 934 mortos, embora eles fossem estimados em mais de dois mil. O dia 9 de julho, que marca o início do movimento, é a data cívica mais importante dos paulistas.
Os organizadores da exposição no CMU lembram que a preparação do movimento armado “requereu uma série de providências que incluíram desde a instrução dos milhares de voluntários até a arrecadação de fundos para compra de armamentos, uniformes, combustíveis e demais suprimentos”; e que “bandeiras, broches, medalhas, cinzeiros, botões, vasos, enfeites e objetos portadores da propaganda revolucionária espalharam-se com rapidez”.
Segundo Fernando Abrahão, supervisor do setor de Arquivos Históricos, há dez anos, na comemoração dos 70 anos do Movimento Constitucionalista, o foco esteve na história, com palestras de professores da Unicamp. “Agora, a preocupação foi com a memória, aproveitando a facilidade de o CMU contar com um rico acervo sobre a memória documental de Campinas e com pesquisadores habilitados para montar esta exposição. Como queremos atrair principalmente os alunos, ela vai ficar aberta até o mês de agosto, depois das férias.”
Aline Assencio, historiadora responsável pela produção e execução da mostra, chama a atenção para fotos de mulheres – mães, irmãs, esposas, noivas – que tricotavam luvas, toucas, agasalhos e lenços para os combatentes, utilizando lãs doadas por casas comerciais. “Alianças de ouro também eram doadas para financiar o movimento. Criou-se ainda uma moeda específica, a fim de boicotar a compra de produtos de mineiros e sulistas.”
O material impresso, conforme acrescenta Aline Assencio, foi um instrumento de propaganda fartamente utilizado pelos revolucionários paulistas. “Temos as poesias de Guilherme de Almeida, sendo que uma delas acabou virando o hino do movimento (há várias partituras, graças a uma rica produção musical); cartões de correio formulados para anunciar óbitos e pedir fundos; e exemplares de jornais como A Cigarra e do Movimento 9 de Julho, que serviram como porta-vozes e continuaram circulando depois dos conflitos.”
Comentários
Revolução de 32
Sou neta de Octávio Nogueira Wutke e Benedicta de Salles Pimentel Wutke, ex-combatente e enfermeira, respectivamente, na revolução de 32. Doaram seu tempo, respeito e alianças de ouro por São Paulo. Mas, souberam reconhecer e respeitar com carinho, os também irmãos mineiros combatentes, como minha avó os chamava, declarado em uma linda carta ao meu avô, que estava no front. Hoje, meu pai, casado há 54 anos com minha mãe mineira, assumiu e agregou a família dela, como sua também, demonstrando que acima de todos os percalços da vida, vence o ser humano, o respeito e o amor sem fronteiras, sempre!
Minha eterna esperança, de uma civilização que cultue o amor e respeito sem fronteiras!
Cristina.