Fórum mostra
as inovações
na política de
alimentação
escolar
28/06/2012 - 15:10
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“Alimentação escolar: mudanças a partir da inclusão da agricultura familiar” foi o tema de mais uma edição do Fórum Meio Ambiente e Sociedade, promovido nesta quinta-feira pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (Nepa) da Unicamp, no Centro de Convenções. O objetivo foi discutir as mais recentes experiências na área de alimentação escolar realizadas nos municípios brasileiros, com a presença de especialistas e gestores governamentais. Os Fóruns Permanentes são uma realização da Coordenadoria Geral da Universidade.
“A alimentação escolar está mudando muito rapidamente no Brasil, com a introdução de várias inovações em termos de política pública. Os recursos transferidos pelo governo federal aos estados e municípios, antes muito pequenos, tiveram um aumento importante. Passou a haver controle bem maior em relação à destinação destas verbas, por parte da sociedade civil, bem como do valor nutricional dos alimentos servidos nas escolas”, afirma Walter Belik, coordenador do Nepa e professor do Instituto de Economia (IE).
O mais importante, na opinião do organizador do evento, foi a entrada em vigor a partir de 2009 da Lei da Alimentação Escolar, prevendo que um mínimo de 30% das compras para o preparo das refeições escolares sejam feitas junto à agricultura familiar, priorizando gêneros orgânicos ou agroecológicos. “É um grande benefício, seja para o agricultor familiar, seja para as crianças que estão se alimentando com produtos locais e frescos. Entretanto, a medida impõe dificuldades para as prefeituras, que são obrigadas a rever o sistema de licitação (que fica mais pulverizado), e também para o produtor, que precisa seguir as exigências feitas a uma pessoa jurídica, como documentação e certificação sanitária e de qualidade.”
Segundo Walter Belik, o Nepa já possui longa tradição nas pesquisas em educação alimentar e atua também na extensão, oferecendo cursos para merendeiras e nutricionistas, além de assessorias para prefeituras. “Em 2010 e 2011, desenvolvemos três grandes projetos na área de alimentação escolar, um deles do MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário], que consiste em uma avaliação da aplicação da lei no Estado de São Paulo: analisamos dados de todos os municípios e realizamos pesquisas de campo em sete deles, incluindo os maiores como São Paulo, Campinas e Sorocaba. O segundo estudo refere-se à participação das mulheres na alimentação escolar e, o terceiro, envolve uma comparação entre Tambaú e Casa Branca quanto à parte de gestão. O levantamento dos dados quantitativos, terminado em meados do ano passado, mostrou que 50% dos municípios já estavam comprando produtos de agricultores familiares, mesmo que não atingissem ainda o mínimo de 30%.”
Chefs e merendeiras
A palestra de abertura do fórum foi concedida pela jornalista Juliana Dias, pesquisadora do Observatório da Educação da UFRJ, onde surgiu o projeto “Chefs na Escola: recriando a merenda”. A iniciativa visa promover o diálogo entre merendeiras, chefs de cozinha, alunos e pesquisadores, dentro de colégios da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro. No segundo semestre do ano passado, Roberta Sudbrack (dona do restaurante que leva seu nome e incluído entre os 100 melhores do mundo), Frédéric de Maeyer (Eça), Ludmilla Soeiro (Zuka), Teresa Corção (O Navegador) e Claude Troisgros (Olympe) foram convidados a criar receitas de prato principal e sobremesa e prepará-las junto com as merendeiraas.
A proposta é cozinhar com ingredientes que venham da agricultura familiar e, também, proporcionar um olhar cultural sobre a comida. Os chefs, além de compartilhar saberes com as merendeiras, puderam conhecer como funciona a legislação e o que é permitido cozinhar ou não. "Foi uma experiência rica, em que eles transformaram ingredientes indispensáveis na merenda do dia a dia com uma apresentação diferente e temperos como açafrão, curry, ervas frescas e azeite de oliva”, explicou Juliana Dias.
As receitas criadas a partir de banana, mandioca, abobrinha, cenoura, ovo, tomate, arroz, abóbora, tangerina e bananada fazem parte do cardápio escolar do Estado em 2012. “Em todo evento, o chef chegou com a postura de que seria um cozinheiro a mais, mantendo uma relação horizontal com a merendeira. Ele trouxe a receita, mas encontrou a realidade de uma cozinha completamente diferente de seu restaurante, onde prepara uma média de 40 refeições; ali, sentiu a pressão de preparar 600, tendo a ajuda de três merendeiras e sem a mesma estrutura profissional.”
Comentários
As inovações na política de alimentação escolar
Na minha opinião, a comida nas escolas devia ser mais saudável e ter mais alternativas, nem todas as escolas tem esse procedimento. Agora passou haver um controle bem maior nas escolas, porque estava a começar haver muitas crianças com obesidade, então o estado civil teve de começar a tratar disso.