Livro de Pedro Funari fala sobre
a cultura popular em Pompeia
04/07/2012 - 15:10
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Os grafites e propagandas eleitorais gravados nos muros dos centros urbanos são manifestações surgidas em épocas recentes, certo? Não exatamente. Tais inscrições já existiam em Pompeia, cidade pertencente ao Império Romano que foi soterrada em 79 d.C. pela erupção do vulcão Vesúvio. O dado surpreendente está novo livro do professor, historiador e arqueólogo Pedro Paulo Funari, coordenador do Centro de Estudos Avançados (CEAv) da Unicamp. A obra, intitulada Aspectos de la cultura popular romana a partir de Pompeya: Arte, erotismo y sensibilidad en el mundo romano, foi editada em espanhol pela Editorial Académica Española. “Havia uma forte demanda por um livro sobre o tema nesse idioma”, explica o autor.
De acordo com Funari, os grafites e pichações, como entendemos hoje, eram comuns na cidade italiana, como revelaram as escavações arqueológicas. “Graças às cinzas do vulcão, boa parte da estrutura de Pompéia foi conservada. Assim, foi possível encontrar várias inscrições feitas pelos moradores em muros e fachadas de prédios. Algumas delas faziam referência a eleições e traziam apoios a determinados candidatos, destacando as suas qualidades, a exemplo do que é feito hoje em dia. Além disso, as pessoas daquela época também registravam desenhos e textos relacionados a diferentes temas, como poesias e imagens representativas de atos sexuais e do órgão genital masculino”, relata o professor da Unicamp.
Funari observa que, naquela cultura, não havia a separação entre erotismo, sexualidade e religião. “O que chamamos de desejo sexual, para os antigos era algo bem mais amplo. Na visão deles, o sexo estava associado à reprodução, mas no sentido mágico. Eles acreditavam que o sêmen é que gerava a vida e que o útero servia apenas como receptáculo para nutrir o feto. Ou seja, o filho era somente do homem”, explica. Nesse sentido, continua o docente, o órgão reprodutor masculino não era considerado um símbolo obsceno ou imoral. A contrário, era tido como um emblema da fertilidade e da abundância.
“Não por outra razão, a figura do falo estava presente em vários ambientes de Pompeia, inclusive em templos religiosos. Também podia ser encontrado em utensílios, afrescos de residências e até em peças de adorno, como colares e anéis”, detalha Funari. Segundo ele, o livro, que traz muitas outras informações sobre a cultura popular romana daquela época, foi escrito em uma linguagem acessível, o que faz com que possa ser lido tanto por estudiosos, quanto por alunos de graduação e interessados em geral pelo tema.
Serviço
Título: Aspectos de la cultura popular romana a partir de Pompeya: Arte, erotismo y sensibilidad en el mundo romano
Autor: Pedro Paulo Funari
Editora: Editorial Académica Española