É na expectativa de colher resultados bastante promissores que a Unicamp promove, entre os dias 18 e 21 de julho, a 1ª Escola “Zeferino Vaz” de Educação Superior (eZVes), propiciando a dirigentes universitários e especialistas uma grande oportunidade de debater, analisar e desenvolver trabalhos em grupo sobre temas atuais do ensino superior, tanto no Brasil como de uma perspectiva internacional. O programa é voltado prioritariamente aos responsáveis pela tomada de decisões estratégicas em instituições públicas ou privadas. Organizada pelo Centro de Estudos Avançados (CEAv) e pela Pró-Reitoria de Graduação (PRG), a 1ª eZVes acontece nas dependências da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).

“A expectativa é realmente enorme, pois estamos organizando um evento dirigido ao pessoal de mais alto nível das universidades brasileiras, como reitores e pró-reitores, bem como a especialistas e pesquisadores envolvidos com políticas públicas e pesquisas em ensino superior. Serão cerca de 100 participantes de todo o país, de instituições públicas e privadas, assistindo a palestras e participando de sessões de trabalho com renomados convidados do Brasil e do exterior. A ideia é transmitir um misto de experiências internacionais e nacionais”, afirma o professor Renato Pedrosa, que coordena o Grupo de Estudos em Ensino Superior (GEES) do CEAv.

Pedrosa destaca as presenças de Simon Schwartzman, do Instituto para Educação e Trabalho (RJ), profundo conhecedor da educação superior do país; Philip Altbach, Karen Arnold e Liz Reisberg, do Boston College (EUA), que abriga o respeitado Center for Higher Education; Peter Dourmashkin, do Massachusetts Institute of Technology – MIT (EUA); Pedro Pablo Rosso, da Universidade Católica do Chile; Jamil Salmi, ex-coordenador de Educação Superior do Banco Mundial; e Philip Baty, editor da Times Higher Education – THE (Reino Unido), instituição que em maio colocou a Unicamp entre as melhores universidades com menos de 50 anos de existência no mundo.

O editor da THE, segundo Renato Pedrosa, vem falar sobre os critérios para elaboração do ranking internacional e de como as universidades dos países emergentes estão se posicionando. “Sabemos que o Brasil apresenta deficiências na educação superior. Acho que nosso problema não é propriamente o número de matriculados no ensino superior: temos seis milhões de alunos, ao passo que o Canadá, com uma população seis vezes menor, tem um milhão; a proporção é a mesma. Nosso problema principal está na qualidade dos cursos e no nível de desempenho dos formados. Outro problema é a evasão, que tem a ver com dificuldades tanto de aprendizado como econômicas de boa parte estudantes, obrigados a trabalhar de dia e estudar à noite.”

Os organizadores da 1ª eZFes elaboraram uma metodologia dinâmica, permitindo aos inscritos uma interação rica e ativa com os especialistas brasileiros e estrangeiros de alto nível. Entre os temas a serem abordados em conferências e grupos de trabalho estão: “Desenvolvendo uma cultura acadêmica”, “Rankings e competição global: desafios de desenvolver uma universidade de classe mundial”, “A sala de aula interativa: novos paradigmas de ensino e aprendizagem”, “Habilidades não cognitivas para a vida após a graduação”, “Novos versus velhos modelos de liderança universitária – O que deveria mudar?”, “Exames, avaliação e garantia de qualidade”, “Tendências globais em educação superior”; “Os desafios do ensino superior no Brasil”. Outras informações estão na página do evento: https://www.gr.unicamp.br/ceav/ezv/

Zeferino Vaz
“O que a Unicamp é hoje tem relação com a forma como a Universidade se organizou na origem: ela é fruto da visão de Zeferino Vaz que, apesar das controvérsias em sua trajetória, devemos ter como referência”, observa Renato Pedrosa, ao justificar a escolha do nome da Escola de Educação Superior. “Revendo a história do ensino superior no Brasil, encontramos poucos personagens que tiveram uma visão de universidade e procuraram implantá-la: Anísio Teixeira no plano nacional; o grupo de Júlio de Mesquita que criou a USP; Darcy Ribeiro em Brasília. Como eles, Zeferino Vaz se destacou e, pessoalmente, tinha uma visão relativamente moderna de universidade.”