1ª eZVes reflete sobre os
desafios do ensino superior

19/07/2012 - 15:50

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Público assiste às conferências

Público assiste às conferências

Philip Altbach

Philip Altbach

Jamil Salmi

Jamil Salmi

Phil Baty

Phil Baty

A primeira sessão de conferências da 1ª Escola Zeferino Vaz de Educação Superior (eZVes), que está sendo realizada no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, destacou na manhã desta quinta-feira (19) os principais desafios a serem enfrentados pelo ensino superior no contexto internacional. Os palestrantes foram Philip Altbach (Center for Internacional Higher Education no Boston College), Jamil Salmi (Banco Mundial) e Phil Baty (Times Higher Education’s). Para Altbach, por exemplo, uma das principais questões a serem equacionadas nos próximos anos é a massificação do ensino em todo o mundo. “A expansão das matrículas nas universidades é inevitável. O problema está em como promover essa ampliação", afirmou.

Outro ponto abordado por Altbach dentro desse tema foi a necessidade de integrar as universidades particulares num sistema mais amplo de ensino. “Como sabemos, a maioria dessas instituições está interessada somente em auferir lucros. Isso é legítimo, mas é necessário também se pensar em como colocar o setor a serviço do interesse público”, defendeu. O especialista chamou a atenção para um fenômeno que vem ocorrendo nos Estados Unidos, que tem levado à progressiva privatização das universidades públicas. “Apenas 10% do orçamento da Universidade de Virgínia, por exemplo, vem do Estado. Se esse processo tiver continuidade, muito provavelmente modelos como o da Unicamp, que oferece ensino gratuito e cujo orçamento vem dos recursos estaduais, vão se tornar insustentáveis”, previu.

Em sua fala, Salmi disse que tem notado certa obsessão por parte das universidades de todo mundo em se tornarem instituições de classe mundial. Ele advertiu, porém, que não é tão fácil ingressar no seleto grupo das melhores escolas superiores. Estas, afirmou, reúnem características como grande concentração de talentos, ampla dimensão internacional, significativo número de professores e estudantes estrangeiros e recursos abundantes. O representante do Banco Mundial alertou, ainda, para o perigo da homogeneização. “Todos querem ser Harvard, o que evidentemente não é bom. Nem todas as universidades devem ser de classe mundial. O fundamental é que cumpram bem a missão de oferecer educação de qualidade aos seus estudantes”.

Baty reconheceu que os rankings que apontam as melhores universidades do mundo não conseguem medir todos os indicadores de qualidade das instituições, mas considerou que eles têm se constituído nos últimos anos em referência importante para se analisar o ensino superior no mundo. “O ranking pode ajudar a entender melhor o mundo e as mudanças que estão em curso. Ele também favorece a cooperação entre as instituições”, disse. Baty destacou o avanço que a educação superior vem registrando na Ásia, graças aos investimentos crescentes. “Por enquanto, porém, as universidades de classe mundial estão fortemente concentradas nos Estados Unidos”.

A 1ª Escola Zeferino Vaz de Educação Superior (eZVes) prossegue até sábado. O evento é dirigido a lideranças universitárias e reúne especialistas de vários países, com notória experiência na prática universitária, para apresentar perspectivas e ideias atuais sobre temas relevantes em ensino superior, tanto no Brasil como numa perspectiva internacional. Há cerca de 100 inscritos assistindo às palestras e participando de sessões de trabalho com os palestrantes. Os organizadores da 1ª eZFes elaboraram uma metodologia dinâmica, permitindo aos inscritos uma interação rica e ativa com os especialistas brasileiros e estrangeiros. A programação pode ser conferida neste endereço.