Endipe: Esfacelamento da educação e
didática desalinhada aos novos tempos
24/07/2012 - 15:30
- Text:
- Images:
O esfacelamento da educação e a falta de compromisso na formação de educadores para uma didática alinhada à contemporaneidade nortearam os debates na manhã desta terça-feira (24) durante a 16ª edição do Congresso Nacional de Didática e Práticas de Ensino (Endipe). Recorrentes, estas dificuldades resultam em uma educação desalinhada com os novos tempos e incapaz de acompanhar o aluno e os avanços da sociedade afirma a educadora Ivani Catarina Arantes Fazenda, docente do Departamento de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
“Todas as ideias que se apresentam hoje aqui criticam uma educação que não valoriza a didática e a prática do ensino. Expõem também a ausência de recursos para a formação de professores, de recursos teóricos que conduzam ao pensamento para uma educação diferenciada”, revela a especialista, que coordenou as discussões do dia na mesa-redonda “Didática e Prática de Ensino e seu estatuto epistemológico, disciplinar e de práticas”.
Essas questões, segundo a educadora, já apareciam desde o primeiro Endipe, organizado há 30 anos. “Passam-se os anos e parece que a roda não se movimenta. E onde estaria a reinvenção da roda? A meu ver estaria na necessidade de se respeitar uma disciplina, mas também e, ao mesmo tempo, de se estabelecer uma interdisciplina e transdisciplina. Enquanto não se fizer isso a escola vai continuar no mesmo lugar, ensinando conteúdos velhos, formando pessoas ‘achatadas’ dentro de uma forma, impossibilitando a criatividade e, principalmente, impedindo que essas pessoas pronunciem as suas próprias palavras”, delineia.
Também participaram dos debates os professores Vera Maria Ferrão Candau, da PUC do Rio de Janeiro; José Carlos Libâneo, da PUC de Goiás; Anna Maria Pessoa de Carvalho, da Universidade de São Paulo (USP) e Alda Junqueira Marin, da PUC-SP. Em sua fala, a professora Ivani Fazenda expressou, de certo modo, uma homenagem aos docentes que debateram durante o dia. “A mesa contempla pessoas que trabalham com a didática e a prática de ensino há muito tempo. Eu vou dizer que essas pessoas fazem parte da história da educação brasileira. É uma mesa marco porque cada um desses integrantes já organizaram Endipes passados, desde o primeiro há 30 anos. Muito mais do que o texto que eles estão apresentado, a história e a contribuição de cada um desses professores para a educação brasileira é que merece ser recuperada”, considerou.
Programação
Com público que superou as 4 mil inscrições, a 16ª edição do Endipe acontece na Unicamp até o dia 26 de julho. O evento está sendo realizado em diferentes prédios da Universidade. Os simpósios que abrigarão todos os congressistas acontecem no Ginásio da Faculdade de Educação Física (FEF). Outras sessões estão espalhadas em espaços como a Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural (CDC), Faculdade de Educação (FE), Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) e Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC). Mais sobre a programação do Endipe.
História
O Endipe acontece desde a década de 1980, a cada dois anos, em diferentes Estados do país. Em 2010, foi em Belo Horizonte-MG e neste ano, pela primeira vez, na Unicamp, contando com o envolvimento das universidades estaduais paulistas (Unicamp, USP e Unesp), das federais (Unifesp e UFSCar), das PUCs (SP e Campinas) e do Instituto Presbiteriano Mackenzie.
Comentários
Ponto de "virada" no ensino
Como professora universitária e mãe de um adolescente, sinto que a gente está num ponto de "virada" da educação, do conteudismo necessário (pois o conteúdo estava restrito às bibliotecas e enciclopédias) a um discernimento lógico (pois o conteúdo está na ponta dos dedos, mas há necessidade de uma avaliação lógica e um discernimento em relação às fontes). Por isso chamo de "virada" pois há necessidade de um re-direcionamento. E encontro isso na fala da Profa. Ivani.
Atenciosamente,
Eleonore.