Projeto Aulas Magistrais abre o semestre
com Galembeck falando sobre eletrostática

01/08/2012 - 16:20

Galembeck: eletrostática de 600 a.C a 2012

Fernando Galembeck, professor titular do Instituto de Química (IQ) e um dos mais premiados pesquisadores da Unicamp, foi o primeiro palestrante do semestre no projeto Aulas Magistrais, organizado pela Pró-Reitoria de Graduação (PRG). Ele falou aos estudantes sobre “Eletrostática: de 600 a.C a 2012 d.C.”, em uma das salas do Ciclo Básico I. “É um prazer abordar um tema com o qual tenho trabalhado nos últimos quinze anos. E que também foi tema de uma das primeiras experiências que fiz na vida, em sala de aula, na então quarta série do ginásio”, recordou.

Galembeck lembrou ainda que a primeira observação de um fenômeno eletrostático foi feita por Tales de Mileto, tido como a primeira pessoa a merecer o título de cientista. “Ele observou que o âmbar, atritado com lã, passava a atrair pequenos pedaços de palha. Mas demorou um bom tempo até que algo de novo surgisse. Por volta de 1600, a primeira edição da Enciclopédia Britânica trouxe um verbete escrito por [William] Gilbert, em que ele descreve fenômenos elétricos e introduz a palavra eletricidade, cuja raiz vem da palavra âmbar [elektron, em grego].”

Entre outros fatos importantes do século 19, o docente do IQ ressaltou a invenção da pilha elétrica por Alessandro Volta, em 1801; a descoberta da indução eletromagnética por Michael Faraday, em 1831; e o trabalho de James Maxwell, que deu formato final à teoria moderna de eletromagnetismo. No século 20, o palestrante identificou pelo menos quatro importantes áreas ligadas à eletricidade, como a eletroquímica, eletro-analítica, eletromagnetismo e eletrônica; quanto à eletrostática, há pouca tecnologia associada.

Fernando Galembeck informa que ainda não existem, em 2012, explicações amplamente aceitas para estes fenômenos eletrostáticos consistentes com a teoria atômico-molecular da matéria. “Não há muitos experimentos reprodutíveis e o controle dos fenômenos eletrostáticos é precário e empírico. Em consequência, descargas eletrostáticas causam perdas de vida e grandes prejuízos materiais todos os anos. A introdução de novas ferramentas nanotecnológicas, nos últimos anos do século 20, permitiu o reexame de muitas questões fundamentais, seguido de novas propostas de modelos que estão sendo aceleradamente verificados com êxito e serão apresentados nessa aula.”

Antes, Galembeck atentou os estudantes de que todos nós vivemos em ambiente altamente eletrizado. “Na superfície da Terra temos excesso de carga positiva, enquanto a ionosfera, sob a ação de radiação solar, apresenta uma porção de processos que resultam, em última análise, na formação de uma camada iônica com excesso de carga positiva. A diferença de potencial total entre a superfície e a camada superior da ionosfera é da ordem de 210 quilovolts, o que é bastante; e ao nível na superfície, o campo elétrico, na ausência de perturbação, é de 100 volts por metro, o que também é impressionante. E é aí que nós estamos.”