Segurança nos Jogos de Londres
tem sido boa, avalia Heloisa Reis
03/08/2012 - 15:10
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O esquema de segurança montado para os Jogos Olímpicos tem funcionando muito bem. A avaliação é da professora da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, Heloisa Reis, que está em Londres. Única estrangeira a integrar um grupo de pesquisadores britânicos encarregado de observar esse aspecto da competição, a docente fez uma pausa nas atividades para falar, via e-mail, com o Portal da Unicamp. Segundo ela, um dos pontos positivos do trabalho é a perfeita sincronia entre policiais e seguranças particulares. “Um não interfere e nem atrapalha o trabalho do outro. Penso que se o Brasil conseguir repetir esse modelo na Copa do Mundo e nos Jogos do Rio de Janeiro, o país registrará um grande avanço”, considera.
Heloisa Reis desembarcou em Londres no dia 14 de julho, antes do início dos Jogos. Ela conta que a cidade estava relativamente tranquila. “Uma semana depois, porém, Londres foi invadida pelos turistas olímpicos. Nas imediações do Parque Olímpico, onde se concentravam muitos policiais e seguranças aparentemente ociosos, o cenário foi totalmente alterado. O local ficou lotado e os agentes de segurança, um tanto tensos. Nessa ocasião, foram feitas mudanças nas estratégias de segurança. Foram adotados gradis removíveis e houve separação dos sentidos de deslocamento. Um fato que chamou a atenção foi que os policiais trabalham sempre em dupla. Eles cumprem trajetos e tempos de deslocamentos bem determinados, de modo que nenhuma área fica descoberta”, relata.
A docente da FEF diz ter ficado impressionada com o tratamento que os policiais dão às pessoas. “É realmente uma polícia comunitária. O cidadão está em primeiro lugar. Os policiais são muito corteses. Eles param para tirar fotografias com os turistas e, com frequência, convidam as crianças a montarem em suas motocicletas. Ou seja, não parecem policiais, mas sim o que devem ser: agentes do Estado a serviço da população”. Ainda segundo Heloisa Reis, as ações de perseguição a eventuais delituosos são feitas sem alvoroço, para que o restante das pessoas não perceba. “A grande maioria dos policiais não utiliza arma de fogo, para não afrontar a população. No máximo, eles portam spray de pimenta”.
Se a segurança vai bem, o mesmo não pode ser dito sobre a presença do público nas competições, conforme Heloisa Reis. Ela afirma que embora os ingressos tenham se esgotado há bom tempo, as quadras e arenas esportivas costumam ficar com muitos lugares vazios. “A informação que obtivemos é que grandes empresas compraram grande quantidade de ingressos para distribuir para funcionários e clientes, que acabaram não vindo aos Jogos. Isso deixa clara a necessidade de uma mudança nesse aspecto. Não é razoável que os amantes do esporte fiquem sem ingressos, enquanto milhares de tickets dormem nas gavetas de pessoas privilegiadas econômica e politicamente”, pondera.
Reconhecida como a principal pesquisadora brasileira acerca do tema da violência associada ao esporte, a professora Heloisa Reis foi aos Jogos de Londres a convite da Loughborough University. Ao final das Olimpíadas, ela, fará, junto com os colegas britânicos, uma análise do comportamento da polícia local ao longo do evento. A expectativa da docente é tomar contato com uma metodologia de pesquisa sociológica sobre policiamento e crimes relacionados a megaeventos. Essa experiência de observação poderá servir também como modelo ou referência para a polícia brasileira.