Fórum sobre
desconstrução
da violência na
escola atrai
grande público
15/08/2012 - 14:50
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“Desconstruindo a violência na escola: o que a realidade da escola básica traz à universidade e o que a universidade tem a contribuir com a escola básica” foi o tema de mais uma edição do Fórum Permanente Desafios do Magistério, realizado nesta quarta-feira, no Centro de Convenções. Os organizadores do evento atentam para o fenômeno que tem se mostrado cada vez mais presente no cotidiano escolar, quando os educadores se deparam frequentemente com situações em que a falta de ética é sentida e permeada, muitas vezes, pela violência. Atentam, também, que meninos e meninas apontados como “bagunceiros” carregam este estigma sem encontrar, na maioria das vezes, possibilidades de superação das suas dificuldades de relacionamento.
Os Fóruns Permanentes são realizados pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU), sendo que esta edição teve como organizadores o Laboratório de Psicologia Genética (LPG), o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem) e o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada (Gepec), da Faculdade de Educação. Os grupos contam com apoio do Mercado de Letras. O grande número de participantes obrigou a abertura de um segundo auditório, onde foi instalado um telão.
Uma das coordenadoras do evento, a professora Telma Pileggi Vinha, do Gepem, disse que o objetivo foi apresentar aos professores da rede básica os trabalhos de pesquisadores envolvidos com a questão da violência, indisciplina e conflitos na escola. “Tanto as pesquisas, como as conversas com professores, mostram que há um aumento real das situações de conflito e violência, inclusive contra eles próprios. Há aumento inclusive da coerção pela escola no sentido de resolver a questão, o que acaba gerando mais violência.”
Segundo a coordenadora, as pesquisas também mostram um sentimento de insegurança e desânimo por parte dos professores diante da situação. “Eles querem formar crianças e jovens que resolvam o conflito por meio do diálogo, mas na prática estão com muita dificuldade de lidar com o problema e o resultado é desanimador. Pensamos que este fórum vai contribuir para que os professores ganhem outras perspectivas de atuação. As pesquisas nesta área podem mostrar como intervir em situações de violência e construir uma escola cooperativa, com base não apenas no bom senso, mas de outras experiências e de dados.”
A programação do fórum foi dividida em dois seminários, o primeiro com palestras visando oferecer um panorama geral da violência na escola e o que tem sido feito para combatê-la, e o segundo tratando das intervenções possíveis e sugeridas nas pesquisas. Telma Vinha concederia palestra à tarde, sobre escola e família. “Vou abordar o papel que cabe a cada uma dessas instituições. Os dados mostram que o professor, muitas vezes, justifica a indisciplina e o conflito dos alunos pela falta de uma família ‘estruturada’, de valores. Se este professor coloca muita responsabilidade para fora dos muros da escola, acaba se isentando de rever o trabalho, o conhecimento e as relações que ocorrem lá dentro.”
Na mesa de abertura, a professora Luciene Tognetta, pesquisadora do LPG e também coordenadora do fórum, lembrou que nas últimas viagens para conhecer projetos bem sucedidos, observou que as escolas que vêm avançando na formação moral dos alunos estão investindo na formação dos professores. “O fato é que essas escolas tomam para si o problema que lhes pertence. É através da formação e dos estudos produzidos que a universidade pode fazer chegar a ciência a quem mais precisa: aqueles que de fato educam e buscam referências de como realmente educar. Esta é terceira edição do fórum focando este tema, o que demonstra a demanda e urgência de discussões para formar crianças mais justas, solidárias e tolerantes”.