Ministro da Educação lançará olimpíada em
História do Brasil, organizada pela Unicamp

17/08/2012 - 16:00

Professor Marcelo Firer, diretor do MC

O ministro da Educação Aloízio Mercadante, professor licenciado do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, lança na segunda-feira (20), às 15h00, a primeira fase da 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB), organizada pelo Museu Exploratório de Ciências da Universidade, da qual participam 50 mil alunos do Ensino Fundamental e Médio de 1.029 municípios de todos os Estados do país. O próprio ministro dará a largada à competição da Sala de Atos do Ministério, oficializando o marco zero das atividades. O lançamento será transmitido no canal de vídeos do Museu.

A sistemática contará com cinco fases on-line e uma fase presencial, versando sobre questões gerais da História do Brasil. De acordo com o diretor do Museu Exploratório de Ciências, professor Marcelo Firer, essa Olimpíada tem como objetivo propiciar, àqueles jovens que tenham interesse, uma oportunidade de estudar, refletir, conhecer e debater a disciplina de História do Brasil.

Segundo ele, a ONHB trata-se da abordagem de uma disciplina básica e crucial do conhecimento, e que é extensiva a todos os jovens que estão em idade escolar. “O nosso recorte é a História do Brasil, mas de modo amplo, pois temos cinco séculos de espalhamento temporal e 8.514.876,599 km² de espalhamento geográfico”, relembra.

A Olimpíada Nacional de História procurará abordar temas históricos relevantes que permeiam todos os Estados brasileiros, isso porque, enfatiza, no Sudeste as pessoas não sabem muito  a respeito da história da região Norte, e assim por diante.

Marcelo Firer explica que, entre outras finalidades, a Olimpíada de História (como todas as Olimpíadas) não visa à descoberta de talentos, embora reconheça que ela acaba sendo um subproduto gerado na competição.

Nesse momento, afirma ele, "permitiremos que os estudantes interessados mergulhem nessa experiência, que para muitos é nova". A finalidade também não é testar o conhecimento, e sim adquiri-lo. “A Olimpíada não enfatiza o que já se sabia. Enfatiza o que se aprendeu durante a competição”, esclarece.

A prova fica aberta aos competidores ao longo de uma semana e é feita em grupo. Algumas perguntas muito frequentes é se eles podem procurar outras fontes de informação? “Podem não”, responde Marcelo Firer. “Devem.”

A sua justificativa é que as Olimpíadas em geral envolvem um processo de formação anterior. A Olimpíada de Matemática, por exemplo, tem uma rede prévia de treinamento para a competição. Já em algumas outras olimpíadas isso ocorre posteriormente. São os casos da Olimpíada Brasileira de Informática e da Olimpíada Brasileira de Matemática das escolas públicas. Assim, assinala ele, aqueles que foram selecionados e ganharam medalhas são convidados a participar a posteriori de um curso de formação. Já na Olimpíada Nacional de História do Brasil esse processo acontece durante a competição. “A própria competição é um processo de formação”, expõe.

Na opinião de Marcelo Firer, História é uma disciplina que, em certa medida, não admite precocidade dos estudantes, tal como ocorre nas disciplinas de Matemática e Física, nas quais surgem talentos em tenra idade. “Outras áreas não admitem isso. Nunca se ouviu falar num grande trabalho de um historiador com 15 anos ou no trabalho de um psicólogo de 20 anos. Essas áreas dependem de outras habilidades. História é uma delas.”

Participam desta 4ª Olimpíada alunos na faixa etária dos 12 aos 18 anos, que competem juntos, em pé de igualdade, resolvendo as mesmas questões. "Várias equipes do Ensino Fundamental ganharam medalhas", comenta o professor.

Nas duas primeiras fases, são nove questões e mais uma tarefa; nas duas fases subsequentes são 15 questões e uma tarefa; na quinta fase os competidores passam por uma avaliação de seus textos produzidos na quarta fase, sendo que o processo de avaliação incorpora um mecanismo usual no meio acadêmico, que é a avaliação pelos pares. Um mês depois vem a fase presencial, que é dissertativa.

Em anos anteriores, os participantes receberam uma bibliografia para ler antes. Em 2011, foi um texto do Gilberto Freire. 15 equipes (60 pessoas) receberão medalhas de ouro, 25 equipes (100 pessoas) de prata e 35 equipes (140 pessoas) de bronze. “Apesar de distribuírmos medalhas, não liberamos um ranking apontando quem teve a melhor performance, por fugir a nossa proposta”, relata o diretor do Museu.

A sua expectativa é muito grande e a dos alunos também. “Temos uma página da Olimpíada no Facebook. Nela temos observado uma movimentação dos participantes, que têm conversado muito e trocado experiências. Criam jogos, brincadeiras e o melhor: acabam formando uma rede colaborativa. Eles entenderam que esta é uma competição cujo esforço parte deles mesmo e, para isso, não desejam o insucesso de outros competidores.”

Um resultado muito positivo desse tipo de Olimpíada, salienta Marcelo Firer, é que muitos participantes hoje estão estudando na Unicamp e em outras universidades conceituadas. O docente aproveita para pontuar que o Estado do Ceará tem sido destaque nessa olimpíada, e em todas as olimpíadas do Brasil. "Cerca de 15 a 20% dos finalistas partem de lá, isso porque existe um engajamento excepcional das escolas", informa.