Empreendedorismo atrai público para Centro
de Convenções durante Fóruns Permanentes

06/09/2012 - 13:50

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Filha deficiente faz performance com a mãe

Filha deficiente faz performance com a mãe

Alunas do Centro de Dança Integrada

Alunas do Centro de Dança Integrada

Carolina fala de empreendedorismo após acidente

Carolina fala de empreendedorismo após acidente

Público lotou o Centro de Convenções

Público lotou o Centro de Convenções

Público participa de dinâmica laboral

Público participa de dinâmica laboral

Bailarina com deficiência dança na abertura de Fóruns

Bailarina com deficiência dança na abertura de Fóruns

Depois de um grave acidente de moto, a educadora física Carolina Ignarra tornou-se paraplégica. Repensou a vida e as possibilidades que teria a seguir. Em pouco tempo decidiu retornar ao trabalho. Foi readmitida na mesma empresa em que atuava antes do acidente. Sem sair da linha de frente, diante dela foi se abrindo uma grande oportunidade de empreendedorismo. Mas, sem ter muito conhecimento sobre o assunto, as perspectivas na carreira foram surgindo e hoje ela se tornou sócia consultora da empresa Talento Incluir, onde ela dirige um programa para inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Parte da expertise de Carolina foi relatada na manhã desta quinta-feira no Centro de Convenções da Unicamp. O seu depoimento ocorreu na abertura dos dois Fóruns Permanentes da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU): o de Empreendedorismo  e Inovação, organizado pela Agência para a Formação Profissional da Unicamp (AFPU), e o de Ciência e Tecnologia, organizado pela Biblioteca Central “Cesar Lattes”.

A primeira atividade do dia teve como eixo comum dos dois fóruns a palestra “Empreendendo na inclusão!”. O evento, que teve a casa cheia, trouxe ainda uma apresentação de dança muito comovente, com a participação de uma mãe e de duas bailarinas com deficiência, que frequentam o Centro de Dança Integrada, fundado pela bailarina Queila Lopes.

Carolina contou que sempre foi muito ativa. Até os 12 anos de idade fez ginástica olímpica, vôlei e natação. Morava em São Paulo. Ingressou na universidade com 17 anos para fazer Educação Física. Depois de formada, ensinava natação para crianças e ministrava ginástica laboral nas empresas. Com o acidente, inicialmente começou a trabalhar em casa e, depois, com mais autonomia, passou a dirigir o seu próprio carro e viu que já podia trabalhar no escritório. Anos depois casou-se e teve uma filha (a Clara). Segundo ela, a deficiência fez com que notasse outros horizontes, antes não percebidos.

A educadora física observou que a vida teria continuidade e outros projetos mais. A cada ano, diz, estipulava novas metas pessoais para alcançar, característica que considera bastante positiva também no âmbito empresarial. Ser mãe cadeirante foi outro grande desafio de sua vida. “Nos primeiros meses, cuidei do bebê na casa dos meus pais. Um ano depois eu estava levando a minha vida familiar em sua plenitude”, expõe.

Carolina, hoje aos 33 anos, recorda que desde muito cedo tinha, sem saber, algumas atitudes empreendedoras. Vendia doces na escola e pulseirinhas que fazia. “Achei um jeito de ganhar dinheiro na tenra idade”, comenta. Traçando um paralelo com a deficiência, ela agora enxerga melhor que falta atitude à sociedade em relação às pessoas com algum tipo de deficiência. “Falta uma cultura de inclusão e há muitas empresas que no momento encontram inúmeras dificuldades por ter que fazer a inclusão e atender à Lei de Cotas", afirma.

Além de mencionar os problemas físicos que teve que enfrentar - sonolência, por causa de medicamentos; e disfunção intestinal, por não saber controlar as suas necessidades fisiológicas, entre outras dificuldades, Carolina não tinha um vasto conhecimento sobre o negócio nascente. Mas a sua deficiência impulsionou-a a empreender numa área que busca fazer a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. "A nossa empresa tem prosperado muito. Iniciou com três funcionários e agora temos oito. O faturamento no ano passado foi da ordem de R$ 1 milhão. Sei que há muito por ser feito no preparo das empresas para receber as pessoas com deficiência e também preparar as pessoas para adentrar os muros da empresa", salienta.

Hoje a consultora concluiu sua pós-graduação e acredita que as iniciativas de empreendedorismo devem passar também pela academia. Não basta ter boas ideias e ser criativa, embora isso conte muito, acentua. "O sonho meu, que era pequeno, cresceu muito. Hoje temos clientes de renome. A título de informação, ela cita alguns: os bancos Itaú, Bradesco e Santander, a Claro, a Nextel, a Cesp, a Vale, a NET, a Ambev, a Pfizer, o Serasa e a Unimed.