Políticas de saúde para população negra
ainda estão em fase de discussão no Brasil

11/10/2012 - 14:50

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Abertura do fórum

Abertura do fórum

Cleusa da Silva: racismo institucional

Cleusa da Silva: racismo institucional

Anna Volochko

Anna Volochko

Fórum atrai público externo

Fórum atrai público externo

Félix antes de sua palestra

Félix antes de sua palestra

Fabíola: avanço em pesquisas

Fabíola: avanço em pesquisas

O Fórum de Esporte e Saúde dedicado ao debate sobre a saúde da população negra, realizado no Centro de Convenções da Unicamp nesta quinta-feira (11), começou com a execução do hino composto pelo professor Eduardo de Oliveira, falecido em 12 de julho deste ano. No menu de discussões foram incluídos não somente as doenças predominantes na população negra, mas também questões pertinentes à criação de políticas públicas específicas para pacientes de origem negra.

Com o tempo, o avanço científico, especialmente na área de saúde, evidenciou aspectos diferentes de determinadas doenças no organismo da pessoa negra em relação à pessoa branca. Diante disso, a manutenção do quesito raça-cor nos prontuários foi tema na mesa-redonda composta pelos médicos João Batista de Jesus Félix, Marcos Tambascia, que falou sobre o estado atual no tratamento de Diabetes Mellitus e as diferenças para a população negra; e Wilson Nadruz Júnior, que abordou os aspectos diferenciados da hipertensão arterial sistêmica na população negra.

De acordo com a responsável pela Coordenadoria da Área de Saúde da População Negra da Secretaria de Estado da Saúde, Anna Volochko, o Ministério da Saúde suprimiu a informação sobre raça/cor das declarações de nascidos vivos, o que deve prejudicar de agora em diante qualquer estudo de mortandade infantil e materna. Em São Paulo, porém, a coordenadoria tentará manter as informações para não prejudicar o mapeamento da saúde da população negra.

A questão da falta de políticas e estudos para a saúde dessa parcela da sociedade reflete um questionamento antigo sobre “como é ser negro no Brasil”. Para o professor da Universidade Federal de Tocantins João Batista de Jesus Félix, o que os médicos abordaram no fórum sobre a saúde da população negra é a legitimação do que os negros sugeriam há 30 anos. “Há uma seleção perversa e eugênica com parte da população brasileira pelo fato de não ter política de Estado que atenda parte dessa população.”

De acordo com a presidente do Comitê Técnico de Saúde da População Negra da Secretaria Municipal de Saúde, Cleusa Aparecida da Silva, além de discutir políticas que garantam a atenção integral à população negra, ainda ausente na maioria dos Estados brasileiros, é preciso combater o racismo institucional no Sistema Único de Saúde, pois o tratamento diferenciado foi evidenciado em pesquisa acadêmica.

Nesta edição, os organizadores do fórum optaram por dar continuidade a discussões iniciadas na primeira edição, em 2011, na qual foi lançado o livro Saúde da População Negra no Brasil. Algumas preocupações levantadas no primeiro encontro orientaram palestrantes como o hematologista, que abordou o tema “Depressão e qualidade de vida em pacientes com anemia falciforme”. De acordo com a hematologista Fabíola Traina, primeira palestrante do evento, o Brasil tem avançado no contexto das pesquisas na área de anemia falciforme, doença predominante na população negra.

 

Comentários

Extremamente relevante este debate. Parabenizo @s organizador@s. Muito há ainda que ser feito. E a Universidade pública tem obrigação de se engajar na ação.

A Unicamp dá exemplo. Parabéns.

Email: 
juremawerneck@criola.org.br