Elis, aluna do IFCH, é segunda colocada
em Congresso de Etnobiologia em La Paz
16/10/2012 - 11:00
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A aluna de graduação em ciências sociais da Unicamp, Elis Fernanda Corrado, foi premiada com o segundo lugar, na categoria pôster do III Congreso Latinoamericano de Etnobiología realizado de 11 a 13 de outubro em La Paz, na Bolívia. De acordo com sua orientadora em iniciação científica, Nashieli Rangel Loera, o trabalho apresentado por Elis faz parte dos resultados de sua pesquisa de iniciação científica, que tem como temática os acampamentos organizados por indígenas Kaiowa no Mato Grosso do Sul.
Com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa compõe o projeto jovem pesquisador “As formas de acampamento”, coordenado por Nashieli e sediado no Centro de Estudos Rurais (Ceres) da Unicamp.
O trabalho dá uma contribuição importante à sociedade, segundo a aluna. “A pesquisa dá visibilidade ao movimento de retomada Kaiowá e à luta desse povo que, em busca de suas terras tradicionais, há anos vêm sofrendo com assassinatos e ameaças. Por isso acredito que esse prêmio concedido num congresso latinoamericano em La Paz, Bolívia não é importante apenas para mim, mas também ao povo Kaiowá”, declara Elis.
A premiação surpreendeu a pesquisadora, pois o congresso não tinha ênfase em sua área. “Fiquei sabendo dele por minha irmã, agrônoma, que me incentivou a mandar o resumo, que acabou sendo aceito." Na apresentação do meu trabalho, em 13 de outubro, ela defendeu a importância da interdisciplinaridade no que diz respeito aos estudos rurais e à etnologia indígena, como também contribuições entre antropologia e a etnobiologia. “Fiquei feliz com a premiação de segundo melhor pôster de graduação, pois além de ser importante para minha carreira, acredito que demonstre um amadurecimento da minha pesquisa e a relevância da interdisciplinaridade, considerada pelas avaliadoras na apresentação do meu pôster.”
De acordo com o que está descrito na pesquisa, a forma de reivindicação de terra constituída por acampamentos “de lona preta” desde a década de 1990 é associada a trabalhadores rurais sem-terra, no entanto, indígenas Kaiowá da região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, têm se utilizado dessa linguagem de demanda para reivindicar terras consideradas por eles como Tekoha, isto é, como seus territórios ou espaços de vida tradicionais.
Um levantamento etnográfico realizado em dois acampamentos no município de Dourados permite, segundo a aluna premiada, refletir sobre a permeabilidade de dois campos de estudo: a etnologia indígena e estudos rurais. Outras fontes de informação fundamentaram os resultados obtidos na iniciação, entre elas uma bibliografia específica, um levantamento de documentos e arquivos.
A pesquisa permite mostrar que “os acampamentos indígenas apresentam características semelhantes àqueles organizados por sem-terra, por também mobilizarem parentes e conhecidos das reservas indígenas ou de outros acampamentos para realizar novas retomadas de terra ou se agregarem aos acampamentos já existentes.” Segundo Elis, a novidade não está nas ocupações ou nas retomadas de terras, mas na utilização da “forma acampamento” como linguagem de demandas sociais coletivas.