A jornalista Graça Caldas, pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), ambos da Unicamp, foi contemplada com o prêmio Adelmo Genro Filho, na categoria pesquisador sênior, concedido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). A premiação, recomendada pelos seus pares, é um reconhecimento pela atuação de Graça como jornalista, professora e pesquisadora. “Receber o prêmio Adelmo Genro Filho da SBPJor foi uma grande surpresa e uma enorme alegria. Só tenho a agradecer aos colegas e amigos que indicaram meu nome e aos que votaram em mim”, afirma. A entrega do prêmio será no dia 8 de novembro, em Curitiba, durante o X Encontro Nacional de Pesquisadores de Jornalismo. Confira abaixo os principais pontos da entrevista concedida pela jornalista ao Portal da Unicamp.

O que representa este prêmio para uma pesquisadora da área?

Receber o prêmio de pesquisador Sênior Adelmo Genro Filho da SBPJor foi uma grande surpresa e uma enorme alegria. Só tenho a agradecer aos colegas e amigos que indicaram meu nome e aos que votaram em mim. É uma grande honra estar ao lado de pesquisadores seniores reconhecidos em todo o país, que me antecederem neste prêmio: 2011- Luiz Gonzaga Figueiredo Motta (UnB); 2010- Muniz Sodré de Araújo Cabral (UFRJ); 2009- José Marques de Melo (UMESP/USP) ); 2008- Marcos Palacios  (UFBA); e 2007- Christa Berger (UNISINOS). Este prêmio representa o reconhecimento da área pela minha trajetória como profissional, pesquisadora e docente apaixonada pelo jornalismo. Em todos esses anos de atuação, seja na mídia, na sala de aula, em orientações, na pesquisa, minha maior motivação tem sido o diálogo, a troca de conhecimento, o aprendizado mútuo com os diferentes interlocutores que participaram e ainda participam de minha vida. Nesta longa caminhada que tento reinventar, a cada ano, com meus colegas e, sobretudo, com meus orientandos, alunos e amigos, a certeza do papel político e educativo do jornalismo na formação crítica da opinião pública para a construção de uma cidadania ativa.

Trata-se de um estímulo à continuidade das suas pesquisas, não?

Sem dúvida, o prêmio representa um estímulo adicional a meu trabalho como pesquisadora da área e uma renovação de energia para continuar no mesmo caminho que tracei para mim ao escolher o jornalismo como profissão, no final dos anos 60. Este prêmio tem ainda um sabor especial, por levar o nome do jornalista Adelmo Genro Filho, pela sua coerente trajetória pautada por uma visão política e militante da área, sem descuidar de importantes reflexões teóricas sobre o fazer jornalismo, como retratam suas diferentes obras, entre elas o livro clássico “O segredo da pirâmide”, de 1987.

Em que consiste exatamente o prêmio?

A sétima edição do Prêmio Adelmo Genro Filho é um incentivo dado pela SBPJor a pesquisadoras de jornalismo em diferentes  categorias (pesquisador sênior, doutorado, mestrado e iniciação científica) para o fortalecimento da pesquisa na área de jornalismo, face a sua especificidade e responsabilidade social.  Criada em 2003, a SBPJor é uma associação que reúne, anualmente, pesquisadores da área em congressos para a troca de experiências e o avanço do conhecimento. Além de suas múltiplas atividades, publica semestralmente, em inglês e português, a revista internacional Brazilian Journalism Research (BJR), que representa os múltiplos olhares para uma reflexão plural da área.

O processo de seleção foi extremamente criterioso e feito às cegas. Isso valoriza ainda mais o prêmio, não?

Com certeza, a indicação de colegas e a escolha de meu nome, sem minha inscrição para concorrer ao prêmio, com memorial descritivo, como é comum em muitas premiações, valoriza ainda mais este prêmio, que considero o mais importante em minha trajetória, exatamente pelo reconhecimento dos colegas e amigos que foram muito generosos comigo, neste processo.

Pode-se dizer que o prêmio coroa uma carreira de mais de 40 anos, não?

Venho dedicando toda a minha vida ao fazer e refletir sobre o jornalismo. Esta tem sido minha paixão desde quando comecei a trabalhar no jornal Diário de Notícias, no Rio de Janeiro, em abril de 1969.  Sempre acreditei na força do jornalismo, no papel político do profissional da imprensa como um intelectual e intérprete da sociedade. Mais de quatro décadas depois - com uma longa e variada trajetória profissional-, minha percepção da área continua a mesma. Fazer jornalismo de qualidade, com conteúdo, independe do suporte, da plataforma, mas exige, sobretudo, leitura crítica de mundo para fazer a diferença entre informação e conhecimento.