Os autores das melhores redações dos Vestibulares da Unicamp de 2010 e 2011 receberam seus diplomas de honra ao mérito na manhã desta quinta-feira (18), a maioria acompanhada dos familiares, em cerimônia presidida pelo reitor Fernando Costa na sala do Conselho Universitário (Consu). A cerimônia serviu para o lançamento do livro contendo 60 textos selecionados pela Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) e publicados em dois volumes pela Editora da Unicamp. Em formato de bolso, os volumes (cada qual referente a uma edição do Vestibular) já podem ser adquiridos pelo site.

“Achei gratificante ver minha redação selecionada. Tenho facilidade de escrever, é uma coisa meio natural e não preciso me esforçar muito”, disse Giovana Nóbrega Costa, que está cursando engenharia de manufatura e sabe da dita “falta de afinidade” dos candidatos de exatas com a palavra escrita. “Não é mesmo comum, mas na parte de humanas eu só gostava de escrever”, acrescentou ela, ao lado do pai Joel. “A gente sempre comenta com os filhos sobre a necessidade e as vantagens da leitura. Estamos orgulhosos por ela ter conseguido esse feito”.

Caio César Araújo também tinha facilidade para escrever, mas nunca conseguiu notas altas nas redações durante o ensino médio. Para conquistar uma vaga na medicina, sabia que precisava elevar o nível e, por isso, fez um ano de aulas particulares. “Ter meu texto escolhido é sinal de que meus estudos funcionaram. A professora é muito boa e me ajudou a tirar o atraso. Estou feliz com isso.”

O professor Maurício Klenke, coordenador da Comvest, lembrou aos presentes que a Unicamp possui uma larga tradição de incentivar a leitura e a escrita como parte importante do processo classificatório. “Creio que é a única Universidade que pede uma redação na primeira fase do Vestibular: são mais de 60 mil candidatos que têm suas redações corrigidas ao menos duas vezes. E sempre fico espantado com a capacidade desses estudantes de produzir textos de tamanha qualidade tendo pouco tempo e dentro de um estado de razoável estresse.”

Paulo Franchetti, diretor-executivo da Editora da Unicamp e professor de literatura no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), ressaltou a função social cumprida pelos livros de Redações. “Eles não são nossos best-sellers, mas quase. As escolas aguardam com ansiedade a publicação dos livros, que também são vendidos em feiras e livrarias. As pessoas querem se espelhar no que é bom. Além de ser uma forma de premiar os alunos que têm redações exemplares, prestamos um serviço à comunidade, é um material de trabalho nas escolas de ensino médio e nos cursinhos.”

Para o professor Marcelo Knobel, pró-reitor de Graduação, as redações selecionadas acabam se tornando uma referência para os candidatos nos anos seguintes. “Neste ano houve um aumento de 10% no número de inscritos no Vestibular da Unicamp. São 67 mil candidatos para pouco mais de 3.300 vagas, a maior relação candidato-vaga no país. Esta procura mostra a credibilidade da nossa prova, que é justa e de qualidade. E são pouquíssimas as redações selecionadas pela banca, o que é impressionante.”  

Em sua saudação aos autores das redações e familiares, o reitor Fernando Costa observou que colocar uma ideia ou pensamento na forma escrita, com estilo agradável e de fácil compreensão pelos leitores, é uma aptidão importante não só enquanto estudante da Unicamp, mas também como cidadão. “Infelizmente, nosso ensino fundamental e médio, principalmente o público, tem problemas graves e faz com que um número grande de alunos não consiga redigir um texto minimamente adequado. Para isso, é preciso ler e treinar muito, não se trata de algo inato. Vocês se destacaram porque se esforçaram e porque tiveram um curso médio de boa qualidade ou um núcleo familiar onde a leitura foi estimulada. Li vários textos e constatei o estilo adequado e correto.”