Agência premia inventores

29/10/2012 - 15:43

Com o intuito de homenagear docentes e pesquisadores que se destacaram no âmbito da transferência de tecnologia em 2011, a Agência de Inovação Inova Unicamp promove a quinta edição do Prêmio Inventores Unicamp. A cerimônia acontece no dia 30 de outubro, no Auditório do Consu (Conselho Universitário), e homenageia 13 pesquisadores provenientes de diversos institutos da Unicamp. Os docentes José Augusto Mannis e Paulo Graziano receberão os troféus de destaque da cerimônia, sendo homenageados na categoria “Tecnologia Absorvida pelo Mercado” que, segundo Roberto Lotufo, diretor executivo da Inova Unicamp, é a categoria de maior destaque. “O processo de transferência se inicia com a proteção da tecnologia via patente ou programa de computador. Em seguida, passa pelo licenciamento para uma empresa, mas só se torna realmente um caso de sucesso quando o produto é desenvolvido e lançado no mercado e se torna acessível à sociedade, como no caso dos professores Mannis e Paulo”, afirma.

Outra categoria do Prêmio Inventores Unicamp é a “Destaque na Proteção à Propriedade Intelectual”, que visa reconhecer as unidades da Unicamp com maior envolvimento na proteção dos resultados das suas pesquisas. A partir desse ano, a Inova Unicamp criou uma nova premiação para esta categoria. “Além de premiarmos a unidade com maior número de depósitos de pedidos em 2011, premiaremos também a unidade com maior taxa de crescimento de depósitos de pedidos de patentes nos últimos cinco anos anteriores. O objetivo é conceder reconhecimento para as unidades que se destacaram no âmbito da propriedade intelectual e estimulá-las a continuar esse processo”, destaca Patricia. Neste ano, a Faculdade de Engenharia Química (FEQ) receberá o prêmio em “Unidade com maior número de depósitos de pedidos de patentes em 2011”.

Já a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) será homenageada por ser a unidade com maior taxa de crescimento de depósitos nos últimos cinco anos. “O envolvimento da FOP em inovação tecnológica tem se intensificado nos últimos anos, acompanhando as mudanças que ocorrem na odontologia. Novos materiais surgem constantemente, rompendo limites e estabelecendo novas possibilidades de tratamentos”, explica o professor Jacks Jorge Junior, diretor da FOP. A inovação tecnológica e a proteção da propriedade intelectual são comumente realizadas em áreas como Farmacologia, Bioquímica, Dentística e Materiais Dentários.

Para o diretor da FOP, a cultura da propriedade intelectual é recente no instituto e vem se disseminando gradativamente. “Cada vez mais os docentes passam a valorizar a interação com os sistemas de registro e a possibilidade de colocação do produto no mercado”. Jacks afirma que órgãos como a Inova Unicamp são fundamentais na Universidade para auxiliar no processo de educação e fomento de mudanças entre os pesquisadores. “O crescimento sustentável de qualquer país depende da solidez da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico e científico desenvolvido localmente”, opina.

Outros 10 professores – Alexandre Xavier Falcão, do IC; Pablo Siqueira Meirelles, da FEM; Francisco Maugeri Filho, da FEA; Marcelo Brocchi e Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, do IB; Pedro Luiz Rosalen e Giselle Maria Baron, da FOP; Maria da Graça Stupiello Andrietta, do CPQBa; Mário José Abdalla Saad, da FCM; e José Augusto Mannis, do IA – serão homenageados na terceira e última categoria, intitulada “Tecnologia Licenciada”. O prêmio é referente ao licenciamento do resultado de suas pesquisas e esforços no ano de 2011.

Com o propósito de criar um registro online dessa iniciativa e preservar a memória do Prêmio Inventores Unicamp e dos homenageados, a Inova possui um site específico do evento, que pode ser acessado em https://www.inova.unicamp.br/premioinventores/

Pesquisas desenvolvidas
na Unicamp originam tecnologias
que chegam ao mercado
A realização e o desenvolvimento da pesquisa acadêmica são fatores essenciais para a formação de alunos capacitados e com grande potencial de se destacarem em diversas áreas de atuação na sociedade. Na Unicamp, resultados tangíveis da realização de pesquisas são a proteção da propriedade intelectual e a transferência de tecnologias em benefício direto da sociedade. Um levantamento do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) mostra que a Unicamp ocupa a segunda posição nacional na proteção de tecnologias, possuindo um portfólio de 765 patentes vigentes.

Essa movimentação da Universidade para inovar – protegendo os resultados de sua pesquisa e transferindo-os para o mercado por meio de parcerias com o setor produtivo – se torna cada vez mais frequente entre os pesquisadores da Unicamp. Dentre os casos de grande êxito, destacam-se tecnologias oriundas do Instituto de Artes (IA) e da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp.

Mais do que se tornarem protegidas – por meio do registro de patentes –, as tecnologias desses institutos se destacam por terem passado pelo processo de licenciamento e já estarem disponíveis no mercado. “A geração de novos produtos e serviços para a sociedade a partir de pesquisas da Unicamp é o principal objetivo almejado pela Agência de Inovação Inova Unicamp. Isso nos permite beneficiar mais amplamente a população, disponibilizando tecnologias que não chegariam ao mercado se não fossem protegidas e transferidas para empresas”, afirma Patricia Magalhães de Toledo, diretora de propriedade intelectual e transferência de tecnologia da Inova Unicamp. A crescente variedade de áreas que se engajam com a proteção da propriedade intelectual na Unicamp é um nítido reflexo proveniente de uma mudança cultural contínua.

Responsável pelo desenvolvimento da tecnologia “Superfícies concebidas para espalhamento e difusão acústica das ondas sonoras incidentes”, do IA, o professor José Augusto Mannis combinou seus conhecimentos sobre música e engenharia e iniciou as pesquisas na área em 1997. Ao longo dos anos, o pesquisador desenvolveu três novos tipos de difusores para salas acústicas. Ao contrário de outras já existentes, como os difusores de Schroeder, a tecnologia possui como diferencial a característica de não apresentar absorção de energia em baixas frequências. “As superfícies difusoras são as responsáveis pela reverberação das ondas sonoras, ou seja, pelo preenchimento de som nos ambientes. Os difusores disponíveis no mercado apresentam absorção de som, gerando perda de energia e de resposta em frequência. Já a tecnologia patenteada proporciona espalhamento sonoro sem absorção de energia”, explica. Segundo Mannis, a pesquisa desenvolveu as irregularidades da superfície do difusor por variações de diâmetros de tubos. Essa ideia deu origem a uma nova tecnologia inovadora na área musical.

A tecnologia, que pode ser usada em estúdios de gravação, cinemas, salas de aula, salas de reuniões, teatros e auditório, atraiu a empresa Audio Sonora, que atualmente comercializa o produto. Os difusores foram implantados em locais como Sala Villa-Lobos, LABMIS e Auditório Principal do Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. De acordo com Mannis, o verdadeiro potencial da tecnologia foi detectado após contato com a Inova. “Mais do que nos oferecer suporte administrativo, a Inova possui especialistas com base e estratégia de comunicação para gerar mais aprofundamentos em nossas pesquisas”, afirma. O professor acredita que a interação universidade-empresa é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do país. “É preciso manter uma vitrine permanente da inovação tecnológica e compartilhar a produção intelectual da universidade com a população”.

Outro caso prático de tecnologia oriunda da Unicamp absorvida pelo mercado é o do professor Paulo Sérgio Graziano Magalhães, da Feagri. Com sua equipe, o professor desenvolveu a tecnologia “Sistema e processo de monitoramento de peso em esteiras de transporte de produtos com taliscas”, que consiste em um monitor de produtividade para  a cana-de-açúcar utilizando o conceito de agricultura de precisão. “Esse conceito começou a ser desenvolvido nos anos 90 e a ideia é obter informações específicas para elaborar mapas de produtividade, tendo como base o gerenciamento para agricultura da área de cultivo”, afirma.

Graziano explica que a tecnologia objetiva reduzir o uso de insumos e aumentar a produtividade, melhorando a lucratividade em canaviais. “Realizamos os primeiros testes e protótipos em 1998. Em 2005, a tecnologia foi licenciada para a empresa Enalta, que se uniu com a Agricef para investir no desenvolvimento direto do produto”, ressalta o pesquisador.

O docente relata que a tecnologia demorou alguns anos para ser absorvida pelo mercado, exigindo das empresas o aprimoramento do produto para torná-lo mais robusto e comercial. “Foram desenvolvidos o monitor e o software para análise quando a balança é instalada na esteira da colhedora. Atualmente, a Enalta comercializa o kit, que possui o preço acessível de 35 mil reais, considerando que a colhedora de cana custa cerca de 800 mil reais”, explica. Além de comercializar o produto no Brasil, a Enalta atualmente exporta o monitor para a Colômbia.

Para o pesquisador, as perspectivas são promissoras. “O Estado de São Paulo é responsável por 60% da safra nacional de cana-de-açúcar e o setor está interessado nesse tipo de desenvolvimento”. Graziano afirma que o contato com a Agência de Inovação foi essencial no desenvolvimento do processo de comercialização da tecnologia. “A Inova nos auxiliou ativamente na pesquisa das bases de patentes, redação, registro e intermediação no contato com a Enalta. Os recursos conquistados para o investimento na tecnologia foram concedidos com o suporte da Agência, bem como o licenciamento, que hoje traz um retorno direto para a Universidade em forma de royalties”, ressalta.