Artigo
avalia os
impactos
da Copa
ao país
29/10/2012 - 12:16
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As projeções sobre os impactos econômicos proporcionados pela realização da Copa do Mundo costumam ser superestimadas. Estas, dificilmente se concretizam, pois são formuladas levando em conta a conjunção de inúmeros fatores, sempre no cenário mais favorável possível. O alerta, com referência ao Mundial de 2014, que terá o Brasil como anfitrião, está em artigo assinado pelo professor Marcelo Weishaupt Proni, diretor associado do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, em parceria com o economista Leonardo Oliveira da Silva. Disponibilizado na página do IE, na seção “Textos para Discussão” (www.eco.unicamp.br/index.php/textos), o texto faz uma análise crítica acerca das contribuições que o evento pode trazer ao país.
De acordo com Proni, as previsões otimistas sobre os possíveis impactos e legados que um megaevento como a Copa pode trazer servem principalmente para justificar os altíssimos investimentos que o país-sede tem que fazer para organizá-lo. “No artigo, nós procuramos mostrar que o potencial de impacto é maior para um país em desenvolvimento do que para um país rico. No caso da África do Sul, foram registrados impactos positivos, mas eles não alcançaram a população como um todo. Alguns grupos e setores ganharam, mas estudos demonstraram que a maioria dos sul-africanos não obteve ganhos significativos com o Mundial”, afirma.
No Brasil, conforme Proni, existem centros nos quais a modernização dos estádios podem ajudar a impulsionar o futebol e alavancar negócios. Em outros, isso não deverá acontecer, e as arenas esportivas tenderão a se transformar em “elefantes brancos”. “Mesmo havendo a possibilidade de usar esses espaços para outras atividades, como a realização de shows musicais, o investimento dificilmente será recuperado em relação a alguns deles. Por outro lado, a Copa pode deixar um legado em termos de infraestrutura urbana, mas essas obras que teriam que ser feitas de qualquer maneira. O Mundial está somente ajudando a estabelecer um cronograma para elas”, acredita.
O diretor associado do IE observa que estudos demonstram que quanto maior é a participação do setor privado nos empreendimentos relacionados ao Mundial, melhor é o aproveitamento dos mesmos. “Quando se tem uma dependência muito grande de recursos públicos, como é o caso brasileiro, a situação não é tão favorável. Como o país não dispõe de recursos abundantes, o dinheiro destinado às obras da Copa deixa de ser aplicado em outras áreas, como saúde, educação e moradia”, lembra.
Ainda em relação ao caso do Brasil, Proni considera que a Copa dificilmente trará impactos significativos no que se refere à arrecadação de tributos ou geração e empregos, para citar dois segmentos. “Quando o governo brasileiro decidiu organizar a Copa, ele enxergou nisso uma oportunidade estratégica para fortalecer a imagem do país no cenário internacional. O objetivo é dizer: ‘olha, nós somos capazes de organizar um evento desse porte’. Esta é a mensagem. Quando a discussão fica restrita aos impactos econômicos, essa dimensão mais ampla fica relegada a segundo plano”, observa o economista.
Ainda segundo ele, no momento em que o Brasil está pretendendo se modernizar, a Copa pode vir a ser um bom catalisador de iniciativas nesse sentido. “Isso não significa que as promessas contidas nas projeções vão se concretizar. Um legado importante que o Mundial pode trazer diz respeito ao desenvolvimento de mecanismos de fiscalização sobre os gastos públicos relativos ao evento. Tanto a Caixa [Econômica Federal] quanto o BNNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] têm sido muito criteriosos na liberação de recursos, para evitar eventuais superfaturamentos. Essa postura é muito positiva”, avalia.
Comentários
Legado do Mundial 2014
Sem dúvida alguma, os autores do trabalho deram uma nota significativa aos chamados "elefantes brancos", atribuídos aos estádios em construções. Tudo isso, porque não se estudou e nem tão pouco se pensou em termos de seu entorno, isto é, a infra-estrutura social econômica que deveria existir juntamente com o padrão destas construções. Se isto tudo é para tão somente a projeção internacional do Brasil, então acho, sinceramente, uma grande perda de tempo... e de dinheiro, que poderia estar direcionado ao atendimento da enorme leva de excluídos que se espalham em todas as pontas do nosso país: hospitais, centros educacionais, seguraça alimentar, sugurança social, etc.
Quando passar a fase de "tudo está pronto, vamos ver como fica o seu entorno que, tristemente, está relegado a um plano secundário.
Parabéns, Prof. Proni! Parabéns, Prof. Leonardo!