Escrever tese tem ciência? O Seminário
de Teses em Andamento do IEL diz que sim
29/10/2012 - 10:31
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Não somente o desenvolvimento do tema importa na confecção de uma tese: também o jeito de escrever, a linguagem escorreita, a metodologia, o conteúdo, a apresentação e inclusive as críticas. É o que vem fazendo um grupo de pós-graduandos do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) há 17 edições ao organizar o Seminário de Teses em Andamento (Seta). A 18ª edição, iniciada nesta segunda-feira e que prossegue até quinta-feira (1) no auditório do IEL, vem rica de participações. Serão discutidas ao todo 140 recortes de dissertações e teses. O intuito é discutir pontos obscuros, além de pontos de interesse dos pós-graduandos, sempre no sentido de esclarecê-los e melhorar o conteúdo. As dúvidas partem do Departamento de Linguística, Linguística Aplicada e Teoria Literária.
De acordo com a doutoranda da Linguística Aplicada Paula Baracat, que está no segundo ano do curso e que é uma das 12 organizadoras do Seta, o trabalho do pós-graduando, sobretudo de doutorado, é muito solitário, apesar da ajuda do orientador. Ela já tem prontos até aqui a revisão da literatura e a pesquisa de campo. “A metodologia é um dos principais entraves, tanto defini-la quanto colocá-la em prática, pela multiplicidade de padrões adotados pelas diferentes instituições. Isso acaba confundindo o aluno”, salienta.
Outro entrave é a exigência da língua inglesa (que envolve menos os alunos do IEL). As pessoas ainda têm muita dificuldade em escrever nessa língua, em geral apelando para os tradutores em fase de finalização de seus trabalhos. “Mas hoje com o advento da internacionalização, o que aumentou foi a demanda para a produção de trabalhos em inglês em revistas arbitradas. No doutorado, é preciso em geral produzir mais de três artigos para revistas internacionais, tarefa que também afeta os alunos com fluência”, salienta Paula.
Para ela, em particular, a transcrição é uma dificuldade sobretudo para quem opta por um trabalho envolvendo etnografia. “Na verdade, toda a parte de tratamento de dados exige um especial cuidado. Por isso a importância desse evento, que é muito esclarecedor”, opina.
Ao longo do dia, serão discutidas cerca de 30 dissertações e teses. Os participantes trarão seus recortes de dúvida para debater com outros estudantes e principalmente com os debatedores convidados, que são docentes de várias instituições. “Essa interação tem ajudado muito, pelo fato de trazer à tona justamente o que é um obstáculo enquanto se escreve”, pontua Paula, cuja tese de doutorado deve abordar a formação de professores e o letramento.
Os docentes debatedores recebem em casa um resumo expandido dos participantes do seminário. Assim, estudam para fazer as suas considerações após a apresentação oral dos trabalhos pelos candidatos, que têm de 10 a 15 minutos para mostrar os seus recortes. A professora Edileise Mendes, que fez doutorado no IEL da Unicamp, fez a primeira apresentação do dia, falando sobre a pesquisa e a formação de professores no cenário de internacionalização do português.