Nobel de Medicina fala em
evento dos 50 anos da FCM
30/10/2012 - 16:05
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A Faculdade de Ciências Médicas (FCM) continuou nesta terça as comemorações dos 50 Anos, o Jubileu de Ouro, aberto em maio, com a palestra de um ilustre cientista norte-americano, o professor Ferid Murad, Prêmio Nobel de Medicina de 1998 juntamente com Robert Furchgott e Louis Ignarro. Professores e estudantes de graduação e pós-graduação da Unicamp lotaram o auditório para ouvi-lo sobre as descobertas relacionadas ao óxido nítrico, que levaram a aplicações da molécula do gás no tratamento de doenças cardíacas, impotência e também do câncer. Murad e seus colegas laureados ficaram conhecimentos como “pais do Viagra”, medicamento cujo desenvolvimento teve o óxido nítrico como peça-chave.
“O professor Ferid Murad conquistou o Nobel por ter dado uma contribuição importante para a medicina. É muito bom para a Universidade – para graduandos, pós-graduandos e professores – ter frequentes visitas de pesquisadores de alto nível como ele”, afirmou o reitor Fernando Costa, que não pôde ficar para a palestra, mas fez questão de recepcionar o visitante na sala VIP da FCM. Ambos almoçariam juntos mais tarde.
Nos últimos anos, Murad visitou mais de 40 países, convidado para reuniões científicas, conferências, seminários universitários e consultoria a empresas e governos. “Já estive três ou quatro vezes no Brasil”, disse ainda nos bastidores. “Vim contar como descobrimos o óxido nítrico e como trabalhamos para usá-lo como via para o desenvolvimento de novos fármacos.”
Em entrevista ao Jornal da Unicamp, o cientista descreveu como o óxido nítrico, antes considerado somente um poluente do ar, acabou sendo revelado como uma molécula sinalizadora no sistema cardiovascular. Ele, particularmente, constatou que as drogas vasodilatadoras agem pela emissão de óxido nítrico, que, por sua vez, atua relaxando as células da musculatura lisa dos vasos. Na mesma entrevista, lembrou a infância pobre e de que no ginásio, instigado a escolher as três profissões que mais o atraíam, enumerou as de médico, professor e farmacêutico, as três que veio a abraçar.
Segundo o professor Mario Saad, diretor da FCM, a ideia da comissão organizadora dos 50 Anos da unidade era oferecer aos alunos uma palestra marcante. “O professor Murad tem amigos aqui no Departamento de Farmacologia, que fez o convite. Para nós, é uma enorme honra que tenha aceitado. Os estudantes da graduação e da pós-graduação poderão ter uma aula ministrada por um cientista que promoveu uma mudança de paradigma na medicina, mostrando a importância de um gás para a dilatação de vasos e como sinalizador no organismo”.
Lá nos bastidores, Ferid Murad era questionado sobre a possibilidade de o Brasil ter indicados para a láurea de Medicina. “É possível para qualquer um, desde que tenha um projeto original e com aplicações no desenvolvimento de fármacos para doenças importantes: é isso o que importa para o Prêmio Nobel”, respondeu. Na cerimônia de abertura, Mario Saad destacou que a FCM alcançou sua posição entre as melhores da América Latina e que vai continuar formando profissionais de grande qualidade nos próximos anos. “Nós próximos 50 anos, um Prêmio Nobel vai sair dos bancos desta Faculdade, certamente.”