“Meio Ambiente e Extensão Comunitária” foi o tema do Seminário de Formação de Extensionistas Comunitários, tendo como palestrantes Sandro Tonso, professor da Faculdade de Tecnologia (FT) e coordenador do projeto Coletivo Educador Ambiental de Campinas (Coeduca); e José Maria da Silva, responsável pela Seção de Protótipos da Faculdade de Engenharia Agrícola. O seminário é promovido pela Pró-Reitoria e pela Coordenadoria de Assuntos Comunitários da Unicamp, com apoio do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS).

José Maria da Silva é criador do Projeto Recicle, que começou como uma atividade visando dar destino correto aos resíduos gerados diariamente na Feagri. “Pensei depois que uma forma prática seria transformar esses resíduos em itens que usamos no cotidiano. Trabalho com plásticos domésticos, já que quase todos os produtos que compramos, se não são de plástico, vêm embalados nele. Lido mais diretamente com os copos descartáveis, encontrados em todo lugar por causa da praticidade e segurança sanitária. Eles são transformados em produtos como canetas, réguas, baldes e lixeiras – a legislação proíbe apenas a confecção de embalagens que venham conter alimentos”, explica.

Deve ser explicado, também, que o trabalho de José Maria não é de coletar e transformar copos plásticos, ainda que empresas o procurem para oferecer o material. “O que criamos foi um módulo ensinando todos os processos pelos quais o material passa até se chegar ao produto final, e que apresentamos em empresas, órgãos públicos e ao terceiro setor. A proposta é promover a logística reversa, mostrando a esses colaboradores o quanto geram de resíduos e como podem atuar não só dentro das empresas, mas no cotidiano e no lazer.”

Segundo o idealizador do Projeto Recicle, somente a indústria de copos plásticos processa 96 mil toneladas de polímero para obter um produto de vida útil muito pequena para o usuário. “É o tempo de tomar um café ou suco e jogar o copo no lixo, que vai direto para os aterros sanitários. Oferecemos treinamento para agregar valor ao produto, possibilitando a geração de trabalho e renda em comunidades carentes. Visamos principalmente às cooperativas, que hoje recolhem, selecionam, prensam e vendem o material. A intenção é que parte desse material seja processada e que as cooperativas se tornem também pequenas empresas.”

‘Sociambiental’

Sandro Tonso, um dos poucos professores universitários do país que fizeram concurso específico para educação ambiental, usou no título de sua palestra a expressão “sociambiental”, porque em sua opinião o social e o ambiental são uma coisa só, ou duas facetas de um mesmo problema. “O problema não é ecológico. Não é o ser humano que odeia a natureza, a gente faz meio sem querer. Se atuamos na reciclagem de plásticos, no reflorestamento de uma área ou para tratar as pessoas de modo igual, estamos todos trabalhando na direção da sustentabilidade. Tanto faz o caminho, pois a base é uma só.”

Projetando na tela a imagem de um lixão, sobrevoado por urubus e tendo em primeiro plano a silhueta de um catador, Sandro Tonso ilustrou outro exemplo de como o social e o ambiental se mesclam e lembrou o fechamento do aterro sanitário de Gramacho (RJ), que inspirou o filme Lixo Extraordinário. Cada catador que dali tirava seu sustento recebeu R$ 17 mil de indenização, mas o professor sustenta que esse dinheiro já acabou para muitos e que talvez eles preferissem ganhar uma oportunidade de ascensão social, como a de um curso profissionalizante.