Proporções epidêmicas de diabetes e
obesidade exigem esforço multidisciplinar
28/11/2012 - 12:32
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- Images:Captação RTV Unicamp
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Diante do avanço tecnológico na indústria alimentícia, com sua variedade de sabores a ser experimentados, diabetes e obesidade passaram a ser estudadas pelo olhar da epidemiologia. De acordo com o professor da Faculdade de Ciências Médicas Lício Velloso, as proporções epidêmicas da obesidade chegam a meio milhão de pessoas no mundo, podendo chegar a 1 bilhão nos próximos dez anos. Os números não declinam e mobilizam a academia a desenvolver pesquisas multidisciplinares a fim de caminhar para uma solução. A busca de respostas para o quadro que se apresenta requer o diálogo entre pesquisadores da área, estudiosos e profissionais envolvidos com as linhas terapêuticas, e esta foi a proposta do encontro intitulado “Obesidade e Diabetes” ocorrido dentro de mais uma edição do Fórum Permanente de Esporte e Saúde, realizado nesta quarta-feira pela Coordenadoria Geral da Unicamp e organizado pelos professores Dennys Cintra, Eduardo Ropelle, José Rodrigo Pauli, Lício Velloso e Mário Saad.
Muitos estudos ainda estão em fase de buscar resultados, ao mesmo tempo em que muitos resultados são reavaliados. Em palestra apresentada nesta manhã, intitulada “Com ele ou sem ele: estudo das funções fisiológicas de SOCS 3”, o pesquisador José Donato, da FCM, demonstrou estudos em desenvolvimento com esta proteína que podem direcionar pesquisas que visem ao tratamento dessas doenças.
“Alzheimer: Uma forma de diabetes cerebral?” Com este título de palestra, a médica Juliana Contim Moraes enfatizou que estudos recentes indicam uma correlação clínica entre o diabetes e a doença de Alzheimer e sugerem que um quadro de resistência à insulina ocorre no cérebro de pacientes com essa doença. “Meu trabalho é buscar entender as bases celulares e moleculares que levam a essa desregulação da sinalização de insulina no cérebro.”
Juliana acrescentou que os resultados indicam que pequenos agregados (oligômeros) formados pelo peptídeo beta-amiloide, toxinas que se acumulam no cérebro de pacientes com a doença de Alzheimer, removem os receptores de insulina da superfície das células nervosas. Essas toxinas, segundo ela, inibem a sinalização de insulina no cérebro e causam estresse de retículo neuronal. “Esses resultados fornecem evidências celulares que ajudam a esclarecer porque os neurônios tornam-se resistentes à insulina na doença de Alzheimer.”
O que preocupa os organizadores do fórum é o fato de as estratégias preventivas e terapêuticas vigentes serem ineficazes para conter o avanço destas doenças. Para Velloso, diabetes e obesidade são doenças difíceis de ser controladas e somente discussões, avanços e incentivos levarão a alguma solução. Atualmente, as pesquisas tentam refazer e desconstruir o caminho do cérebro para compreender esses transtornos.