Muitos optam pela canga, outros pela esteira, alguns, pela cadeira, chapéu, repelente. E quando chega um público mais inocente esticando a pequena piscina inflável e arriscando alguns passos para marcar o ritmo do choro e do samba de qualidade, até parece festa na praia, mas não,  é música no campus mesmo. A festa acontece mais precisamente no gramado do Instituto de Biologia, bem na esquina que une o campus de Barão Geraldo e o bairro Cidade Universitária. Foi impossível não desligar a TV e correr para a grama ao ouvir a sonoridade do Choro pro Santo e do Lá se Vão Meus Anéis, grupos convidados para encerrar a programação do Música no Campus em 2012.

Como diz um velho samba, "podem esperar que o que vem tem mais". A garantia é do reitor da Unicamp, professor Fernando Ferreira Costa, que prestigiou o evento, e a equipe do projeto, formada por Fernando Vasconcellos , Maria Luiza Custódio e Denise Tukaça. Segundo a equipe, as oito edições deste ano foram comandadas por músicos formados pela Universidade.

A informação sobre a continuidade agradará alguns espectadores assíduos como a família de Roland Scialom, funcionário do Instituto de Computação da Unicamp, que acompanhou todos as edições de 2012. As datas dos eventos são reservadas pela família. “Todo país civilizado tem isso. Aqui a gente encontra amigos, ouve boa música”.

O reitor Fernando Costa acentua a importância de ter atividades culturais regulares no ambiente da Universidade. “É importante que as coisas sejam regulares porque começam pequenas e, a partir do momento que oferecem o campus para a comunidade e a população, vão se tornando grandes e conhecidas. O campus tem espaço para isso.” Ele acredita que depois de quase um ano de evento, a atividade se tornou importante para todos. “Não tenho dúvida de que isso já se incorporou.”

Também assíduo aos shows do projeto, o chefe de Gabinete adjunto da Unicamp, professor Ricardo Anido, vê a iniciativa como uma oportunidade aos profissionais da música em geral, mas destaca a participação de alunos e ex-alunos da Unicamp. O formato do evento (num gramado) foi ideia bem-sucedida. “Isso combina bem com a Unicamp. E foi muito bom assitir a todos os shows aqui.”

Para o funcionário da Unicamp Miguel Leonel dos Santos, o evento tem tudo para continuar reunindo a comunidade de Barão Geraldo e, acima de tudo, fazer com que as pessoas tenham acesso a uma cultura dentro da universidade. “No show anterior passei de bicicleta e assisti rapidamente. Desta vez, fiquei atento e vim especialmente para prestigiar o show.” Morador do bairro Vila Santa Isabel, Santos acredita que a Unicamp possa contribuir bastante com a cultura, fazendo do ambiente acadêmico, aos fins de semana, um espaço onde a cultura seja acessada pela comunidade. Santos esteve acompanhado do filho Rafael Danilo dos Santos, estudante de ciência da computação da UFSCar, acostumado com o repertório de samba e choro.

De acordo com o músico Adriano Dias, a ideia do Choro pro Santo, formado também por Rodrigo Eisinger (gaita) e Alexandre Cunha (percussão), é fazer música brasileira sem muitas grades e brincar como imaginário popular. “Nomeio de um xote ou de um samba, inserimos trechos de Chopin, Villa-Lobos, Beatles. Brincamos com o popular e fazemos a estes ídolos. É uma reverência com um pouquinho de irreverência. Já o Lá se Vão Meus Anéis trouxe o repertório de Paulinho da Viola. 

Lá se vão meus anéis, música de Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro, dá nome ao grupo formado por Alfeu Júlio, Chiquinho do Pandeiro e Elder Muzetti, Zé Guilherme e André Sete Cordas. Talvez pouco conhecido das novas gerações de ouvintes, o nome, segundo Alfeu, é uma homenagem a um dos maiores letristas da Música popular brasileira e ao maior compositor de samba paulistano da atualidade.  

Com muito talento, os dois grupos fizeram os espectadores dançar, sozinhos, a dois, em família ou até mesmo embalando a criança, como foi o caso de Raquel e Isadora (mãe e filha). “Torcemos para não chover para poder vir a este show.”