Orgânicos devem ser vistos como opção,
diz Kassab em palestra no CIS-Guanabara

07/12/2012 - 22:35

“Onde nós estamos agora foi a minha zona de infância. Daqui, até o final desta rua, até onde se estende a Mário Siqueira, à direita, está a Francisco Alves, local onde eu vivi mais de 20 anos. Aqui eu pegava o trem, subia e descia. Minha mãe fazia receitas de salgados sob encomenda e eu entregava. Meu pai era bem econômico. E me levava para a feira para que eu aprendesse a comprar”.

Foi com esta fala que o jornalista e cozinheiro Fernando Kassab iniciou a sua palestra, no final da tarde desta sexta-feira, no evento “Chá com Solidariedade”. O encontro foi organizado pela Rede de Agroecologia da Unicamp (RAU) em conjunto com o Centro de Inclusão e Integração Social (CIS-Guanabara), local do evento O chá foi realizado em prol da Associação das Mulheres Agroecológicas do Vergel (AMA) do Assentamento 12 de outubro, de Mogi Mirim.

Kassab contou que nunca produziu uma receita que ele mesmo não tenha comprado os ingredientes. “Se eu não comprar, eu não consigo fazer a receita. Isso para mim é fundamental. Eu não consigo encomendar um produto, comprar pela Internet. Isso eu não consigo. Tudo meu é analógico, meio quase à lenha”, brincou.

De acordo com o apresentador do Programa Prato Fácil da EPTV, apesar do orgânico possuir uma espécie de ‘plus automático’, os consumidores devem ficar atentos àqueles que utilizam palavras de efeito como 100 por cento natural, sem conservantes etc. “Isso confunde o consumidor, que já não é habituado a usar o orgânico como ele deveria, como opção”.

O jornalista também disse que se o orgânico quer ser de largo alcance, de grande uso, ele tem que ser popular porque custa caro. “ Não adianta criarmos uma receita de chef gourmet. Tem que ser uma receita da dona-de-casa, do cozinheiro, da pessoa que faz”.

Para Kassab, o orgânico deve ser visto como uma opção. “Ele tem que ser visto como um produto alternativo àquilo que existe no mercado como produto de massa. O que ele tem de vantagem é que ele é mesmo ‘o produto’. Não tem comparação. Ele tem a capacidade de impressionar”, afirmou o jornalista-cozinheiro.