A pediatra da Unicamp Sílvia Regina Brandalise foi nomeada para o comitê científico da Federação Internacional de Talassemia (TIF, na sigla em inglês). A organização, fundada em 1987, está situada na ilha de Chipre. Seu objetivo é fomentar o desenvolvimento e criação de programas visando à prevenção e tratamento da talessemia, doença hereditária também conhecida no Brasil como anemia do mediterrâneo. 

O distúrbio é caracterizado pela produção anormal da hemoglobina, uma proteína do sangue responsável pelo transporte de oxigênio para os tecidos do organismo. A TIF também se envolve no combate a outras hemoglobinopatias, doenças ocasionadas pelos distúrbios da hemoglobina. Entre elas, está a anemia falciforme, distúrbio com maior predomínio no Brasil.

Silvia Brandalise possui destacada atuação nacional no combate ao câncer infantil e às doenças hereditárias, como a anemia falciforme e a talassemia. Docente da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), a médica coordena, na Unicamp, o Centro Integrado de Pesquisas Onco-hematológicas na Infância (Cipoi). Brandalise fundou em 1978 o Hospital Boldrini, referência no país no tratamento do câncer infantil. A médica foi eleita no final do ano passado como presidente da Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (SIOP) para a América Latina.

“A TIF é uma entidade de alto peso político, tanto para a Organização Mundial da Saúde [OMS], como representante da sociedade. A escolha para integrar o seu comitê cientifico representa o reconhecimento do que tem sido feito aqui na Unicamp. Este reconhecimento transcende o aspecto pessoal, pois nos força a desenvolvermos ainda mais políticas públicas na área”, reconheceu a onco-hematologista da Unicamp. 

Ainda de acordo com ela, a Federação Internacional de Talassemia está atenta para as peculiaridades das hemoglobinopatias nos diferentes países, tanto que vem “estabelecendo canais de comunicação e nomeando profissionais de diversos países para integrar o seu comitê cientifico”. 

Personalidade do ano
Silvia Brandalise recebeu em maio de 2012 o prêmio de personalidade do ano na área da saúde, conferido por entidades e organizações do setor da saúde do país. Há 32 anos a médica implantou e coordena até hoje o Protocolo Brasileiro de Tratamento da Leucemia Linfoide Aguda da Criança. Ela publicou 71 artigos em periódicos especializados em onco-hematologia pediátrica como autora e/ou co-autora, e 1.537 trabalhos em anais de congressos nacionais e internacionais. Recebeu 85 prêmios, homenagens e reconhecimentos no Brasil e no exterior. É descobridora de doença que leva seu nome: Síndrome Brandalise, homenagem prestada pelo doutor Jon Pritchard, do Hospital de Londres Great Ormond Street Hospital for Children. Leia aqui a notícia sobre o prêmio.