Unicamp obtém posição
de destaque no Sinaes
20/12/2012 - 13:24
- Text:Da Redação
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Em sua segunda participação no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), a Unicamp ficou na quarta colocação entre as universidades brasileiras. De acordo com o Índice Geral de Cursos (IGC) gerado pelo processo avaliatório, a Universidade obteve conceito 4,22, dentro de uma escala que varia de um a cinco. As notas de três a cinco significam desempenho satisfatório e as de um a dois, insatisfatório. Ao todo, foram examinadas 2.136 escolas de ensino superior, entre públicas e privadas. Para formular o IGC, o Ministério da Educação (MEC) leva em consideração, entre outros fatores, a qualificação do corpo docente, as instalações físicas, o projeto pedagógico, além das notas dos alunos concluintes no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e o Índice de Diferença de Desempenho que utiliza a nota do Enem dos alunos ingressantes.
A assessora da Pró-Reitoria de Graduação (PRG), professora Eliana Amaral, explica que o resultado, divulgado recentemente pelo MEC refere-se ao ano de 2011. “Os números relativos a 2012 serão divulgados somente no ano que vem. Dessa forma, a Universidade estará completando o ciclo de três anos previsto pelo Sinaes. De posse da evolução dos dados no período, a instituição terá um instrumento a mais no qual se basear para empreender novas ações voltadas à qualificação do ensino de graduação”, afirma.
A docente lembra que em 2010, ano da sua primeira participação no Sinaes, a Unicamp ficou na primeira colocação entre as universidades brasileiras. Ela credita a mudança de posição no ranking ao provável boicote à prova do Enade, promovido pelos alunos de alguns cursos. “Como as regras do sistema exigem o comparecimento e não a execução da prova, os estudantes de alguns cursos podem optar por não realizar o exame, como forma de protestar contra o processo avaliatório. Como estes casos não são identificados a priori e nem eliminados dos cálculos pelo Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira], isso traz impactos importantes ao Conceito Preliminar de Curso [CPC], que é a nota dada a cada curso da Universidade”, pondera.
Uma evidência da “contaminação” promovida pela adesão parcial ao movimento de boicote promovido por parte dos estudantes está na discrepância da posição entre alguns cursos da Unicamp no ranking do MEC. O de Tecnologia em Saneamento Ambiental, oferecido pela Faculdade de Tecnologia (FT), com campus em Limeira (SP), ficou em primeiro lugar entre os cursos similares. Já o de Tecnologia em Construção de Edifícios, oferecido pela mesma Unidade, ocupou o quarto lugar no Brasil. De acordo com o diretor da FT, professor José Geraldo Pena de Andrade, a bom desempenho dos dois cursos na prova do Enade está relacionado ao trabalho feito pela Unidade junto aos alunos. “Nos promovemos reuniões e palestras para mostrar a eles a importância de participarem do exame com seriedade. Argumentamos que uma boa performance na prova seria uma demonstração para a sociedade do trabalho sério realizado pela Faculdade, além e agregar valor ao diploma deles. Evidentemente, os conceitos obtidos é mérito desses estudantes, que responderam a contento”, disse.
Entretanto, houve cursos de licenciatura que ficaram na 742ª colocação entre seus similares. “Ora, nada indica que um curso da Unicamp possa ter esse tipo de desempenho e nem tamanhas diferenças, no mesmo ou em outro campus. Muito provavelmente, essa posição foi determinada pelo boicote à prova do Enade. Nós não sabemos qual seria o real desempenho caso os estudantes tivessem realizado o exame”. A professora lembra que o CPC do 2º ciclo de avaliação, após três anos, poderá mostrar o real desempenho dos cursos da Unicamp, caso seja possível ampliar a compreensão da importância e dos reflexos deste indicador para os alunos egressos da Universidade e para a instituição.
A despeito do boicote parcial por parte dos alunos, Eliana Amaral ressalta o fato de a Unicamp ter se mantido entre as primeiras instituições de ensino superior no ranking do Sinaes. Isso se deve, segundo ela, à boa avaliação dos outros parâmetros considerados pelo MEC, como a apropriada infraestrutura de ensino, a elevada qualificação do corpo docente e o consistente projeto pedagógico, entre outros. “São pontos que sem dúvida ajudaram a puxar o nosso conceito geral, o IGC, para cima”.
A assessora da PRG afirma que a tendência é que no próximo triênio do Sinaes, a comunidade esteja mais acostumada ao processo e aceite de forma mais natural mais essa estratégia de avaliação. “Não é o conceito do Sinaes que determina se a Universidade é boa ou não. Ele é mais um indicador a ser considerado, dentre outros. Entretanto, a Unicamp considera importante participar desse processo por vários motivos, mas eu destacaria dois. Primeiro, porque temos mais um instrumento para nos ajudar a tomar decisões. Segundo, porque, como participantes, podemos interferir para aperfeiçoar o sistema, o que, aliás, já temos feito”.
Eliana Amaral lembra que a participação no Enade é um componente curricular obrigatório para os alunos. Assim, aqueles que não compareceram ao exame deverão fazer a justificativa. O procedimento deve ser providenciado até o dia 8 de janeiro de 2013. Nesse caso, é preciso preencher um requerimento específico e apresentá-lo à Diretoria Acadêmica (DAC), junto com o original e cópia do documento comprovando o motivo da ausência. A justificativa será analisada pela Comissão Acadêmica do Enade 2012 na Unicamp, para posterior informação ao Inep. O requerimento pode ser obtido na página eletrônica da PRG, neste endereço.
Por fim, a assessora da PRG lembra que a participação da Unicamp no Sinaes foi precedida de um amplo debate envolvendo toda a comunidade universitária. Tanto o pró-reitor de Graduação, Marcelo Knobel, quanto os assessores do órgão participaram de diversas discussões e mesas-redondas sobre o tema, que geraram reflexões muito interessantes. “Neste instante, outras reflexões devem ser feitas. É preciso lembrar que a prova do Enade é prestada pelos alunos concluintes. Assim, o desempenho dos cursos no exame é dado por eles, mas esse legado ficará para as gerações futuras. Nesse sentido, consideramos importante promover novas discussões sobre o boicote e as consequências dele. Uma das perguntas que fica é: será que esta postura contribui para melhorar nossos cursos e o sistema? Caberá à comunidade da Unicamp dar essa resposta”.