Prêmio Jovem Cientista 2012 traz boas
preocupações a Rodrigo Gonçalves Dias

02/01/2013 - 15:40

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Prêmio das mãos de Dilma Rousseff

Prêmio das mãos de Dilma Rousseff

Com Dora Kassisse, a grande incentivadora

Com Dora Kassisse, a grande incentivadora

O pesquisador Rodrigo Gonçalves Dias recebeu das mãos da presidente Dilma Rousseff o Prêmio Jovem Cientista 2012, na categoria graduado, em cerimônia realizada no dia 18 de dezembro em Brasília. A tese de doutorado sobre um gene mutante foi defendida no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, sob orientação da professora Marta Helena Krieger, do Departamento de Fisiologia e Biofísica do IB, e do professor Carlos Eduardo Negrão, diretor da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração (InCor), da USP.

“É o maior prêmio que já recebi profissionalmente, graças a um trabalho que vem tendo boa repercussão no âmbito científico nacional. Receber a honraria das mãos da presidente Dilma e na presença de tantos ministros é um sentimento indescritível”, diz Rodrigo Gonçalves Dias. “Ao mesmo tempo, sinto certa preocupação – uma preocupação boa – diante da expectativa sobre o meu trabalho daqui para a frente, por conta, sobretudo, dos dois grandes eventos que o Brasil vai sediar [a Copa de Mundo e a Olimpíada].”

A tese vem causando impacto principalmente no campo da cardiologia por apontar que aproximadamente 8% das pessoas apresentam uma alteração no código de um dos genes mais importantes para o bom funcionamento do sistema cardiovascular. Trata-se de uma mutação que resulta na alteração de uma enzima conhecida como eNOS (óxido nítrico sintase), impedindo-a de desempenhar sua função normal, que é de dilatar veias e artérias.

Rodrigo Dias, entretanto, já concluiu o pós-doutorado em que lidou não apenas com gene específico, mas com o genoma humano completo. O estudo desenvolvido junto ao Departamento de Cardiopneumonologia do InCor, faz parte do projeto temático Genes of High Performance, em parceria com a Polícia Militar do Estado de São Paulo. “Os experimentos envolvem o rastreamento do RNA e DNA em pacientes para entender o efeito do treinamento físico na modulação do organismo de indivíduos sedentários e hipertensos”, explica o pesquisador, que já tornou uma referência em esportes de alto desempenho.

O trabalho de Dias consistiu em rastrear os genomas de novos recrutas na Escola Preparatória da PM, por onde passam 900 deles por semestre. “Os recrutas passaram por 18 semanas de exercícios que nós prescrevemos, retornando depois ao InCor para extrair nova amostra de sangue, visando a uma releitura dos seus códigos genéticos. Dentre os 25 mil genes que compõem o genoma humano, identificamos 2.245 que se expressam diferentemente frente ao treinamento físico. Agora procuramos saber por que existe esta diferenciação entre indivíduos, fazendo com que uns melhorem mais que outros de uma doença cardíaca, ou no caso do esporte de alto rendimento como de 100 metros rasos, alguns ganham maior potência muscular com o treinamento, e outros menos.”

A Unicamp foi representada na 26ª edição do Prêmio Jovem Cientista pela professora Dora Maria Grassi Kassisse, considerada por Rodrigo Gonçalves Dias como a maior incentivadora para que tomasse o caminho da pesquisa. “Para mim, é muito gratificante esta lembrança. Conheci Rodrigo no segundo ano de graduação, como sua orientadora na iniciação científica, e ele já mostrava sua grande dedicação à ciência. Já apresentava um perfil diferenciado, buscando uma aplicação bem prática para a sua pesquisa a fim de cumprir um papel social relevante. O Prêmio Jovem Cientista é o reconhecimento dessa dedicação”, ressalta a docente o IB.