A variabilidade das questões nas provas de Ciências Humanas e Artes e de Língua Inglesa, no segundo dia da 2ª fase do Vestibular da Unicamp, foi o aspecto ressaltado pelo professor Maurício Kleinke, coordenador da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest). “A prova de Geografia trouxe questões sobre a formação do rio Negro na Amazônia; algumas bem atuais, como a respeito do projeto de lei que alterou a distribuição dos royalties de exploração do petróleo, a fim de verificar se os candidatos sabem quais serão os estados mais ou menos prejudicados por este marco regulatório; e as clássicas, como a que trata da implementação da imigração de italianos e alemães do Sul do Brasil”, exemplifica.

 

Provas e abstenções

Uma novidade apontada por Maurício Kleinke na prova de História foi a sua associação com a arte, quando se solicitou do aluno a análise de um quadro de Adriaen van de Venne retratando a disputa entre calvinistas e católicos em “A pesca das almas” (1614). “Uma questão curiosa envolve a Revolução de 1932, fato histórico notoriamente paulista, mas extrapolando para o governo Vargas. E a prova também traz temas contemporâneos, como a condecoração que o presidente Jânio Quadros concedeu a Che Guevara e suas implicações na geopolítica da época.”

Na prova de Língua Inglesa, acrescenta o coordenador da Comvest, foi mantida a tradição de compô-la com perguntas fáceis, médias e difíceis. “A prova é construída desta forma principalmente para não eliminar ninguém por causa do inglês, por se tratar de uma matéria fortemente associada à condição socioeconômica dos candidatos. Com uma prova muito difícil, corremos o risco de selecioná-los apenas economicamente, quando o objetivo da Unicamp é promover a inclusão de bons cérebros, independente da classe social. Procurou-se trabalhar o imaginário do estudante, com questões sobre o Facebook, Calvin & Haroldo e um trecho de On the Road, de J. Kerouac, que foi filmado por Walter Salles.”

Abstenção
Maurício Kleinke informa que a abstenção total foi 1,19% em relação aos 12,2% do primeiro dia da segunda fase, tendo sido mais sensível em Fortaleza (3,17%). “Consideramos a variação pequena, ainda mais considerando a publicação dos resultados do Sisu [Sistema de Seleção Unificada], que pode ter contribuído para a ausência de muitos desses alunos. De resto, não houve nenhum tipo de problema, está tudo extremamente tranquilo. O único detalhe é que detectamos cinco celulares no primeiro dia da segunda fase, número pequeno comparado com a população de candidatos. Isso significa que eles estão respeitando o processo que a Unicamp propõe.”

A proibição do uso de celulares é o único lembrete reiterado pela Comvest para esta terça-feira, dia da prova de Ciências da Natureza. A duração da prova é de quatro horas e o acesso aos locais será permitido impreterivelmente até às 13 horas. Os candidatos concorrem a 3.444 vagas em 68 cursos da Unicamp e dois cursos da Famerp – Faculdade Pública de Medicina de São José do Rio Preto.