Mapas trabalham
cartografia do corpo

23/01/2013 - 13:24

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Candidatos realizam a prova de manhã

Candidatos realizam a prova de manhã

Silvia Geraldi (de branco) orienta a prova

Silvia Geraldi (de branco) orienta a prova

Candidatos durante a prova

Candidatos durante a prova

Candidatos durante a prova

Candidatos durante a prova

Candidatos durante a prova

Candidatos durante a prova

Candidatos durante a prova

Candidatos durante a prova

A candidata Amanda de Oliveira

A candidata Amanda de Oliveira

A candidata Dáfni Angela

A candidata Dáfni Angela

Banca examinadora

Banca examinadora

Mapas foram ferramentas para trabalhar criticamente as cartografias do corpo na prova de aptidão em Artes Corporais da Unicamp realizada na manhã desta quarta-feira. A ideia era entender o próprio espaço e fazer a conjunção com o imaginário, isso para os 80 candidatos interessados em dança no Instituto de Artes (IA), num dos melhores e mais inovadores cursos do país. A próxima etapa desse desafio será a prova em que será avaliada a criatividade.

A docente do Departamento de Dança, Larissa Sato, reconheceu que as provas de aptidão evoluíram muito desde que se submeteu ao Vestibular Unicamp. Hoje ela aplicou parte da prova. Segundo Marisa Lambert, professora há dez anos também nesse Departamento, o corpo docente tem procurado saber quem busca o curso para ajustar os elementos cultural e estético. É um momento muito importante esse ajuste”, definiu ela, que esbanja simpatia e que estudou na Concordia University, do Canadá, e que participou de um destacado programa do Instituto de Estudos do Movimento de Nova Iorque.



Na prova de dança, conta a professora Graziela Estela Fonseca Rodrigues, presidente da aptidão, cada mapa reflete um tema musical. A técnica é avaliada em atividades que se impõem gradativamente, com variações simples até as mais complexas. São praticados alongamentos e flexões, entre outras tarefas. Trata-se de um preparo que vai evoluindo com movimentos de diferentes partes do corpo, utilizando níveis e direções espaciais também diferentes.

Graziela, uma das fundadoras do Departamento, frisou que nessa prova serão exigidas habilidades como coordenação motora, desenvolvimento psicomotor, relação com o espaço, ritmo e respeito às pausas.

A turma B, composta por 12 candidatos, começou num ritmo moderado. Ao final da prova, o ritmo era intenso. “Não dificultamos o processo. Os exercícios iniciais são leves para fazer um aquecimento e aumentam quando ganham a música de fundo na metade do teste. A relação com o solo e com a gravidade é algo difícil de acontecer, por isso fazemos todo um trabalho com o solo e com o peso", expôs.

“Outros vestibulares no país não instituíram a prova de aptidão”, informou a presidente, falando sobre o diferencial da Unicamp em relação a outras instituições que oferecem Dança. Também revelou que o foco da Unicamp é a dança contemporânea.

Esta Universidade forma o profissional da dança, o intérprete, o pesquisador e o criador. “Aqui trabalhamos a consciência do corpo, o movimento de dentro para fora e os elementos da Psicologia do Desenvolvimento. Muitos de nossos alunos enveredam pela pesquisa e atualmente mesmo para as necessidades especiais. Formamos profissionais com um amplo leque de opções, desde pessoas para trabalhar em Secretarias de Cultura, na área de promoção e na formação de novos cursos de dança pelo país”, ampliou. O curso de Artes Corporais da Unicamp, que data de 1985, é o primeiro do Estado de São Paulo e o segundo do Brasil (o primeiro surgiu na Bahia). Hoje são 44 cursos disseminados por todas as regiões.

Durante a prova, apareceu o boi. Ninguém correu. “Escolhemos o boi porque ele ajudou a desbravar o sertão brasileiro”, assinalou a professora. Para isso, a comissão da prova esteve em São Paulo escolhendo tecidos de diferentes matizes, cores, texturas, além de maleabilidade. De posse desses panos, os candidatos encenaram a performance do bumba-meu-boi, trazido das tradições maranhenses.

Holly Cavrell, diretora do Departamento de Artes Corporais, comentou que o curso é um barômetro. “As entrevistas comprovaram que os candidatos tinham lido e se preparado. Isso é muito bom, pois a educação hoje deve integrar outras áreas do conhecimento e ser inclusiva, tendo a dança no centro”, ensinou. “O pensamento atual está mais no corpo. Os jovens querem descobri-lo, bem como a sua identidade cultural. E a nós cabe fazer uma seleção à altura para dar conta da excelência do curso: fazer arte e ciência.”

Nova na casa, a professora Silvia Geraldi estudou Ciência da Computação na Unicamp, mas, tão logo percebeu o equívoco, mudou de área. Quis dançar. Com mestrado e doutorado aqui, já se mostra uma das incentivadoras da aptidão. “O que dificulta em sala de aula é não ter passado pela prova de aptidão. Essa característica valoriza o trabalho durante o curso”, mencionou. “Em outros cursos oferecidos no Brasil, que não adotam a aptidão, o primeiro ano é decisivo e acaba atuando como 'peneira'. Com isso, perde-se praticamente um ano para identificar as verdadeiras vocações. Poucos alunos chegam ao final do curso”, acrescentou a professora Daniela Gatti.

Amanda de Oliveira, 18 anos, tenta o Vestibular Unicamp pela primeira vez. Moradora de Valinhos-SP, ela se preparava para a prova de criatividade, que realizaria nesta tarde. Gostou de sua performance na primeira parte do teste e notou que somente quem teve um prévio conhecimento sobre dança foi capaz de desempenhar bem o que foi pedido. A jovem já fez balé clássico, dança contemporânea, jazz e hip hop. Sempre quis dança. “Não me vejo em outro curso”, declarou. Acredita que a prova de criatividade exigirá mais de todos os candidatos.

Já Dáfni Angela, 17 anos, veio de Ibiúna, SP. Faz dança desde os seis aninhos. Não se sentiu alheia durante a prova. Fez isso a vida toda. Ocorre que quem fez balé não é acostumado com Danças do Brasil, salientou. “Mas achei ótimo conhecer essa modalidade. Precisamos valorizar a nossa cultura. Mesmo assim, creio que fui bem na apresentação”, avaliou.

De acordo com Daniela Gatti, os grupos se mostraram mais homogêneos. Cada ano, observou, o comportamento muda. As atitudes são diferentes. Muitos candidatos, verificou, vêm com os semblantes tensos e nas entrevistas muitos verbalizaram que a tensão já inicia no ensino médio. “Então eles carregam isso para o Vestibular, recém-saídos dos cursinhos”, explicou.

A professora Fosca Pedini Pereira Leite, coordenadora acadêmica da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest), foi conferir de perto como os candidatos desse ano estavam se saindo. Apreciou o resultado no Departamento de Dança, onde acompanhou o passo a passo das atividades. Ela ressaltou que a aptidão é uma das excelentes formas de avaliar se os alunos estão preparados para prosseguir com um curso de qualidade. “Este curso é muito conceituado, pioneiro no país e forma profissionais reconhecidos, com muitos docentes atuando em diferentes instituições. Estou bastante satisfeita com o  que vi aqui”, garantiu.