Do discurso para ações práticas. Mais uma vez artistas e cientistas da Unicamp fazem borbulhar ideias na cabeça de alunos do ensino médio público ao fim da 11ª edição do programa Ciência & Arte nas Férias (CAF). A primeira delas é tomar para si o direito de sonhar com a graduação numa universidade pública de qualidade, como aconteceu com a monitora do CAF Mayara Coimbra. Durante a cerimônia de encerramento nesta sexta-feira, na Faculdade de Ciências Médicas, ela se despediu dos escolares com palavras de incentivo pautadas em sua própria experiência. “Fui aluna de escola pública como vocês, participei da sétima edição do CAF e agora sou aluna do último ano do curso de fonoaudiologia da Unicamp e monitora pelo segundo ano consecutivo.”

As palavras de Mayara tanto quanto a experiência de transformar dias de lazer em um mês de conhecimento foram inspiradoras para muitos alunos, entre eles Tayná de Oliveira Batista, orientada por pesquisadores e professores da área de ciências médicas. Diante do pôster que orgulhosamente pôde exibir nesta sexta-feira, ela declarou o desejo de se ver na lista de candidatos aprovados no próximo vestibular da Unicamp. E garante que será na mesma área que lhe abriu as portas no CAF: biologia. Quanto às férias de 2013, ela garante que não há arrependimento, pelo contrário. “Foi uma experiência única e consegui participar na área almejada. É gratificante e bom participar do projeto. Não tem igual, mesmo trocando as férias por conhecimento, temos experiências que abrem portas.”

“A Unicamp traz as férias para dentro da Universidade”, disse o coordenador do programa Ciência e Arte nas Férias durante cerimônia de encerramento, nesta sexta feira, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. E a escolha começa justamente quando os adolescentes optam por aproveitar as férias estudando, na opinião do professor. “Somos a soma de uma série de decisões ao longo da vida. O que seremos mais tarde será fruto do que estamos começando a fazer”, disse Goes aos alunos.

A monitora Mayara também estava em dúvida sobre o que fazer nas férias, mas ao receber o convite da secretária Marilza Morelhão para trabalhar novamente, não titubeou. “O programa me fez tanto em termos pessoais quanto acadêmicos. Faz parte de minha vida”, acrescentou. E quanto aos alunos: “Vocês fazem parte de minha história e ficarão para sempre em minha memória. Ao relembrar a mensagem de um professor, ela prosseguiu: “O conhecimento que adquirimos ninguém rouba. Nesse mês vocês tiveram contato com o conhecimento o tempo todo. Espero que tenham aproveitado e possam passar adiante. Espero que a jornada de você na Unicamp seja longa. Que prestem vestibular e sejam futuros alunos da Unicamp.”

As atividades aliviaram a dúvida de Vanessa sobre a carreira de bióloga. O estágio em entomologia ampliou os conhecimentos na área, mas vai precisar de mais alguns anos para satisfazer o sonho de conhecer a biologia de forma mais ampla e aprofundada e, neste caso, ideia que borbulha é: passar no vestibular e seguir o exemplo de Mayara.

A estudante já conhecia a Unicamp, mas frequentá-la pelas no ambiente do CAF foi uma experiência rara, em sua opinião. Ao lado de Letícia Mendes, ela recebeu das mãos do pró-reitor Ronaldo Pilli o livro O homem que calculava por se destacar em uma das atividades iniciais desta edição. O CAF terá uma incentivadora na escola do Jardim Planalto, em Campinas.

O pedido do pró-reitor Pilli foi justamente para que os 150 participantes, assim como disse Vanessa, levem o CAF ao conhecimento de seus colegas de escola. A sugestão foi feita também aos professores de ensino médio presentes. Além de incentivar a participação, Pilli orientou os educadores a convidarem pesquisadores e professores da Universidade para desenvolverem oficinas e ministrarem palestras nas escolas onde lecionam. Essa seria, segundo Pilli, uma forma de fazer que, como ele, mais estudantes formados por escolas públicas chegassem a universidades gratuitas de qualidade.

Pilli aproveitou o discurso para incentivar a participação dos estudantes no Programa de Iniciação Científica Júnior (PIC Jr). O professor fez questão de agradecer toda a sua equipe pelo sucesso de mais uma edição, especialmente Marilza, pela dedicação em todas as edições do programa.

Se os pôsteres confirmavam a absorção do conhecimento científico, as animações produzidas pelos alunos, com orientação do professor do Instituto de Artes Wilson Lazaretti, e a interpretação deles para a música “Como uma Onda”, de Lulu Santos, confirmaram que também levam um tanto da arte. A interação entre cantores surdos e não-surdos mostrou que as novas gerações caminham para a convivência em uma sociedade mais igualitária.

Ao ouvir a representante dos estudantes surdos, Mariana da Silva, e a de todos os alunos, Giovanna Gianezi, agradecerem à Unicamp pela oportunidade, o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, João Frederico Meyer, rebateu: “Nós que temos de agradecer, pois se há algo que nos alimenta é o brilho nos olhos.”