Histórias de talento e superação

06/03/2013 - 16:34

Desde que instituiu um exame próprio de seleção de estudantes, a partir de 1987, a Unicamp propôs um vestibular nacional, ao buscar os melhores talentos em diversas regiões do país. Para isso, passou a realizar provas em várias cidades (não somente no Estado de São Paulo) como, inclusive, em diversas capitais brasileiras. Assim, a Unicamp atrai todos os anos, em seu vestibular, cerca de quatro mil estudantes oriundos de fora de São Paulo, o que representa de 6 a 7% do total de inscritos no processo. De nove cidades em 1987, as provas do vestibular passaram a ser aplicadas em 20 cidades de todo o pais, sendo atualmente cinco capitais: Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Salvador e São Paulo.

A demanda por uma vaga na Universidade registrou crescimento expressivo, com 13.260 inscritos, em 1987, passando para 67.403 candidatos no Vestibular Unicamp 2013. Vale destacar que o aumento também se refletiu nos cursos noturnos. Com 135 vagas e 225 inscritos em 1988, quando foram implantados os cursos em período noturno na Unicamp, chegou-se a 1.140 vagas e 14.402 candidatos em 2013.

Os estudantes vêm atraídos por vagas em diferentes áreas do conhecimento e a Unicamp responde a essa demanda através do aumento do número de vagas oferecidas. Estas passaram de 1.380, em 1987, para 3.320 no Vestibular Unicamp 2013, o que corresponde a um crescimento de quase 150%. A essa marca, somam-se ainda as 120 vagas criadas com a implantação, em 2011, do Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS), cuja primeira turma acaba de se formar.

Airton: de Fortaleza para a FOP

O ProFIS  é voltado aos estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas de Campinas. A seleção de estudantes não é feita através do vestibular, mas com base nas notas do Enem. O currículo inclui disciplinas das áreas de ciências humanas, biológicas, exatas e tecnológicas, com o objetivo de oferecer aos alunos uma visão integrada do mundo contemporâneo. Os concluintes podem escolher, por mérito e sem vestibular, um curso de graduação da Unicamp. O programa acaba de receber o prêmio da Fundação Péter Murányi como a melhor experiência em educação do ano no Brasil.

Mais do que números estatísticos, porém, os calouros que estão chegando à Unicamp, seja por meio do vestibular, seja pelo ProFIS, representam histórias de vida recheadas de  superação e talento. É o caso, por exemplo, do cearense Airton Cesar Pinheiro de Menezes, que aos 17 anos foi o terceiro colocado entre os ingressantes da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP). “Fiquei surpreso com a colocação, mas a verdade é que estudei pra caramba, passei noites sem dormir. Comecei a pensar na Unicamp há cinco anos, mas ainda não sabia que a faculdade era uma referência no Brasil e na América Latina.”

Mais perto do vestibular, Airton correu atrás dos detalhes sobre a unidade de Piracicaba e se deu conta do nível dos professores e dos equipamentos de ponta. “Então me decidi, já visando a maior possibilidade de emprego e também a qualidade de vida. Espero um curso bastante corrido, um ritmo muito diferente do ensino médio – fiz o último ano no Colégio Farias Brito, o melhor do Ceará. Ainda é cedo para decidir se fico no Sul ou volto para Fortaleza, onde o mercado também está saturado. Estou aberto às duas possibilidades.”


Angela Cristina Gomes, 20 anos, é uma das cinco primeiras estudantes a cursar, em 2013, medicina na Unicamp sem ter sido submetida ao tradicional exame de vestibular. Privilégio conquistado com muito esforço como uma das alunas da primeira turma do ProFIS. “Acho que trabalhar no SUS [Sistema Único de Saúde] é a retribuição que os médicos formados pela Unicamp podem dar à sociedade. Imagino que a carreira na medicina deva ser bastante puxada, mas será recompensador, é o retorno para as pessoas que financiaram meus estudos, já que a Unicamp é uma universidade publica”, avisa a caloura, que cursou o ensino médio na Escola Estadual Maria Julieta de Godoy Cartesani, do bairro Vila Maria Eugênia, em Campinas.

Angela foi selecionada pelo ProFIS com base em suas notas do Enem. “Quando entrei no ProFIS, não sabia o que queria. Na verdade, esse foi um dos motivos por ter me interessado pelo Programa, porque eu teria mais dois anos para fazer a escolha. Além disso, teria contato com muitos cursos da Unicamp. No ProFIS, gostei bastante da área biológica e fiz uma iniciação cientifica na química. Tive muito contato com os farmacêuticos e me interessei pela saúde. Resolvi optar por medicina, imagino que será uma grande oportunidade”.

Outro que está realizando o sonho de entrar na Unicamp é Benedito Perez Filho. Por causa do gosto pela química, o calouro, que completa 49 de idade em junho, ganhou o apelido de “Substância” dos jovens colegas do curso de licenciatura integrada em química e física da Faculdade de Educação. Ele passou duas vezes no vestibular para este mesmo curso, em 2011 e 2012. “No ano passado, não fui bem. Não tinha aquela pegada para estar frequentando a universidade e, com medo de ser jubilado futuramente, resolvi fazer outro vestibular e me preparar melhor pra encarar as disciplinas de peso, como de cálculo.”

Benedito começou a se interessar por química no curso de materiais plásticos do Cotuca (Colégio Técnico de Campinas, da Unicamp), mas logo percebeu a dificuldade de atuar na área. “Eu era muito mais velho que o resto do pessoal. E não podia largar o trabalho de vigilante para fazer estágio por que naquele momento já estava casado e com uma filha recém-nascida.”

Por outro lado, observando os professores do Cotuca e vivenciando um ambiente diferenciado que desconhecia até então, veio em Substância o desejo de dar aulas. “Via como era bacana. A partir daí, já comecei a direcionar meus estudos para tentar a Unicamp. No fundo, não achava que era possível, era um sonho. E pensava por que tinha deixado de estudar antes.”

Sentindo necessidade de aprender mais sobre química, Benedito entrou para o curso técnico da Etecap e o gosto aumentou. “O problema é que só sabia química. Meu conhecimento das outras matérias para prestar o vestibular era quase nenhum. Procurando um cursinho popular, conheci o projeto Herbert de Souza e lá passei a achar que dava pra entrar na Unicamp. Mas ainda demorou bastante: em 2007, nem passei da primeira fase; em 2008 e 2009, fiquei na lista de espera sem ser chamado; em 2010, mudei a primeira opção pra biologia e também não deu.”

Depois do “vacilo” de 2011, quando finalmente conquistou a vaga, mas pagou pelas notas baixas no início do curso (ele frequentou os dois semestres), Substância promete que tudo vai ser diferente. “Eu quero concluir esse curso, que para mim foi tão difícil alcançar. Até a formatura estarei em idade de me aposentar como vigilante e, por isso, minha única pretensão é dar aulas de química, como já estou fazendo no cursinho Herbert de Souza. Estou muito feliz, não me arrependo nada de ter tomado esse caminho.” 

Benedito Perez Filho, o “Substância”

Comentários

Muito enriquecedor ler esses depoimentos, principalmente da Angela com a visão de que trabalhar no SUS [Sistema Único de Saúde] é a retribuição que os médicos formados pela Unicamp podem dar à sociedade, é o retorno para as pessoas que financiaram meus estudos, já que a Unicamp é uma universidade publica” Também sou da mesma opinião! Parabéns à perseverança do Benedito! E também ajudando, fazendo a sua parte no cursinho onde estudou! Fico muito feliz de ver pessoas com esse carinho! Parabéns!

Depoimentos tão diversificados mostram que esta é uma universidade com visão ampla, com um pé na qualidade, que é sua marca, mas com o outro fincado na comunidade a que a sustenta, mantendo sempre sua histórica responsabilidade social e com as políticas públicas. Esta diversidade de origem dos nossos alunos só contribui para agregar valor a este perfil institucional! É um privilégio fazer parte disso! Que se sintam todos acolhidos e integrados.

Excelente esses depoimentos, são incentivadores para os calouros que acabaram de chegar à Universidade.

Parabéns Benedito !!!