Projeto Música no Campus
reabre mesmo com chuva
23/03/2013 - 17:53
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A visita à Unicamp em dias não habituais de trabalho reserva momentos de relação com a natureza tão especiais e tão difíceis de serem desfrutados em algum outro lugar de Campinas. Neste sábado então, reabrindo o projeto institucional Música no Campus deste ano, no Gramado do Instituto de Biologia, faltou muito pouco para as pessoas não quererem ir embora. Veio a chuva, por volta de 16h30 (o evento coemço às 16), contudo também veio o chorinho ensaiado com zelo pelo Denis Sartorato Trio, composição formada por Denis (violão), Lívia (percussão) e Rafael (violão). Denis conta que o repertório estudado contemplou mais um choro de valsas, lembrando as músicas mais antigas da MPB. Resgatou o som de Dilermando Reis, João Pernambuco e Jacó do Bandolim, dentre outros. Seu primeiro disco é uma releitura de Dilermando Reis. Dele tocou músicas como Conversa de baiana e Pedacinho de céu.
Com o show rolando ao ar livre, o número pulou de 40 para 60 pessoas. Mas teve o antes e o depois da chuva. No depois, o público quase atingiu 100 pessoas e não desistiu do seu dia musical, mesmo após ter que fazer um intervalo por conta da garoa que caía e do equipamento de som e dos instrumentos elétricos que precisavam ser preservados. Foi uma medida de prudência, garantiu Maria Luisa Fernandes Custódio, uma das organizadoras do evento. Mesmo assim, o público permaneceu no gramado de guarda-chuva e alguns não acharam outro jeito senão recorrer ao puxadinho do Laboratório de Proteômica.
Mariana, Mário e Olívia fizeram parte do primeiro grupo, aquele que permaneceu no gramado num grande guarda-chuva. Continuaram dando um lanche à pequena Olívia, de dez meses. A menina loirinha ignorava o tempo. Comia e esperava com os pais. O mundo podia vir abaixo. Esta era a mensagem que passava aos que estavam na expectativa de prosseguir o show. Mário, o pai, tem um estúdio de gravação de música e, Mariana, é funcionária da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori) da Unicamp. "Este é um projeto maravilhoso", elogiou Mário. "A minha sugestão é que haja todo sábado. É raro ver em Campinas uma atividade como essa, apesar da cidade ter tantos músicos bons."
O dia também foi prato cheio para os namorados. Daiane da Silva e Caio Guttner vieram dar uma conferidinha no Música no Campus pela primeira vez. "Saímos de Itatiba agora há pouco. É que apreciamos muito o chorinho e, lógico, uma boa música. É um ótimo programa de fim de tarde", disse Daiane da Silva, que é aluna do primeiro ano do curso de Música da Unicamp. Para Guttner, que é igualmente músico - toca contrabaixo -, esta é uma forma de mostrar os talentos da Universidade e o trabalho que vêm desempenhando enquanto estudam e após terem se formado. Apesar de conhecer a arte musical, o contrabaixista atua em outro tipo de atividade e foi de um jeito muito casual que conheceu Daiane e já namoram há seis anos.
Outro casal que curtia o som era Aline Musselli e Magno Presotto. Foram convidados por um músico para acompanhar a performance deste sábado. Magno, também do ramo musical, conta que trabalha com casamentos. "É uma outra vertente, mas tudo isso é música", definiu. "O projeto é um incentivo à cultura e ao surgimento de novas vocações", acrescentou. Aline que já era fã de música, como está sempre com Magno, gosta mais ainda.
Amanda Gonsales e Offbeat, a segunda e última apresentação do dia, apresentaram músicas dos Festivais. "Prepare o seu coração para as coisas que eu vou contar: eu venho lá do sertão, eu venho la do sertão" foi a primeira. Depois veio "Sem lenço, sem documento" e outros hits. Diego Alexandre de Souza estuda Artes Visuais na Unicamp, mas também é aluno de canto de Amanda Gonsales. "Vim dar e receber uma força", comentou. Ele que mora em Barão Geraldo atualmente faz uma pesquisa sobre o gravurista de 90 anos Marcello Grassmann. Pausa nos estudos para prestigiar a professora.
O tradicional projeto Música no Campus acontece mensalmente aos sábados. Trata-se de um evento com entrada franqueada à comunidade. Esse projeto é organizado pela Comissão de Ação Cultural da Reitoria e pela Coordenadoria de Eventos Institucionais (CEI), órgão do Gabinete do Reitor, e conta com o apoio do Centro de Documentação, Integração e Difusão Cultural (Ciddic).
Denis Sartorato Trio
Denis, desde menino, iniciou seu contato formal com a música estudando violão e guitarra. Sua formação é em música erudita, violão flamenco, violão popular, entre outros. É aluno de Música Popular na Unicamp e tem como orientador o professor Ulisses Rocha. Desde 2005 é violonista solo da Banda La Furia, projeto que divulga a música cigana e latina.
No ano de 2008, o músico realizou uma turnê pela Espanha, acompanhando o violonista Zezo Ribeiro, a fim de divulgar a música instrumental brasileira. Com essa experiência, ele aprofundou seu contato com a música flamenca. Desde então incluiu tal sonoridade a seu modo de tocar violão, conquistando uma particularidade musical e interpretativa.
Do seu contato com a diretora artística e coreógrafa, Karina Maganha, da Cia. de Flamenco Café Tablao (Campinas), nasceu o espetáculo Flamenco de Verde e Amarelo, uma fusão da música brasileira com a dança flamenca. Em setembro de 2012, lançou o seu primeiro disco de violão solo, com uma releitura da obra do compositor paulista Dilermando Reis, intitulada “Eterna Saudade”.
Amanda Gonsales e Offbeat
Amanda Gonsales e Offbeat ensaia desde o ano passado para este show, que procurou trazer de volta um pouco do que ficou conhecido como a Era dos Festivais, que teve seu auge entre 1965 e 1972. Organizado pelas TVs Record, Excelsior, Globo e Rio, sob forma de programas de auditório, os festivais eram grandes competições da música brasileira que se mostraram capazes de mobilizar a população, tanto quanto uma disputa de clássicos no futebol. Foram responsáveis pelos maiores índices de audiência da época.
Nesses programas, novos compositores e intérpretes ganhavam espaço para mostrar seu talento. Nomes como Elis Regina, Jair Rodrigues, Edu Lobo, Nara Leão, Chico Buarque, Caetano Veloso, Roberto Carlos, Gilberto Gil, Jorge Bem e Raul Seixas emocionaram multidões em apresentações históricas; sedimentaram suas carreiras e ajudaram a fazer a transição do intimismo da bossa nova e do samba-canção para a encruzilhada de possibilidades da MPB.