Knobel aborda ProFIS e novos
caminhos da educação superior
03/05/2013 - 12:15
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O Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS) da Unicamp foi tema de uma palestra proferida na manhã desta sexta-feira (3) no auditório do Instituto de Geociências (IG) pelo ex-pró-reitor de Graduação, professor Marcelo Knobel. Ele, que pertence ao Instituto de Física Gleb Wataghin, falou sobre os novos caminhos para a educação superior durante o Seminário DPCT e PPG-PCT 25 anos.
Marcelo Knobel é um dos idealizadores do ProFIS, iniciativa das mais importantes do país em termos de inclusão social, que acaba de receber o Prêmio Péter Murányi, na categoria Educação. O docente contou principalmente a alunos de pós-graduação e a docentes a história do ProFIS a sua concepção e como essa ação conseguiu trazer para a Unicamp estudantes de escolas públicas provindos de estratos da população de baixa renda – a família de 80% deles vive com até três salários mínimos.
Segundo o professor, o ProFIS não é um modelo inédito. Ele já existia nos Estados Unidos, na Universidade do Texas, mas novo é o fato dele atuar como um curso de formação geral e sequencial, imbuído do conceito Liberal Arts College, muito comum em países como Cingapura e Hong Kong.
O ProFIS conta ele, é voltado a estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas de Campinas, cidade onde se desenvolve o projeto piloto. “Isso porque cerca de 70% dos alunos que prestam o Vestibular Unicamp vêm de escolas privadas”, recorda. “São 460 mil jovens no Estado de São Paulo que ficam autoexcluídos, sem falar que a grande maioria mal cogita a possibilidade de estudar nesta Universidade.”
A seleção deles não é feita mediante o Vestibular Unicamp, mas com base nas notas do Enem. O currículo do programa inclui disciplinas das áreas de ciências humanas, biológicas, exatas e tecnológicas, a fim de lhes oferecer uma visão integrada do mundo contemporâneo pelo período de dois anos. Os concluintes podem escolher, por mérito e sem necessidade de vestibular, um curso de graduação da Unicamp.
Outra vantagem do programa é ter chamado alunos que representam 96 escolas da rede pública de Campinas. Com isso, diz ele, houve uma divisão geográfica das vagas, a qual denominou “cotas geográficas”. Além disso, esses alunos são a primeira geração que consegue ingressar no ensino superior. “Também é o único curso da Unicamp que possui iniciação científica obrigatória.”
Para Marcelo Knobel, os alunos do ProFIS estão ganhando dois anos de estudos, e não perdendo, tendo em vista o défice acarretado já desde o ensino médio. “Em nome da inclusão, acharia impensável que um aluno entrasse direto na graduação sem essa formação que damos, sem ter condições de acompanhar o curso”, salienta.
Na África do Sul, que já viveu o Apartheid, não vogam as políticas de cotas raciais, exemplifica Marcelo Knobel, por entender que trariam a síndrome da porta giratória': do mesmo modo que entram, sem ter condições de acompanhar o ensino superior, eles saem, aumentando as taxas de evasão. “Quando falamos do acesso, precisamos fazer mais que isso: garantir esse acesso e igualmente a permanência”, enfatiza. Também convidada a falar, a pesquisadora Ana Maria Carneiro, do Núcleo de Políticas Públicas (Nepp), forneceu dados sobre a avaliação do ProFIS.