Poucos atuam em atividades de
extensão, conclui Teixeira Mendes
07/05/2013 - 15:15
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Há uma série de atividades de extensão para desenvolver na saúde, mas há poucas pessoas trabalhando nisso. A conclusão é do pediatra Roberto Teixeira Mendes, diretor do Cecom e ex-pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp. Sua fala foi dentro do contexto do Seminário de Formação de Extensionistas Comunitários, realizado na tarde desta terça-feira (7) no auditório 1 da Agência para a Formação Profissional (AFPU) da Universidade.
A engenheira civil Emilia Rutkowski enfatizou no primeiro evento do ano que ele se presta, como outros da série, a uma discussão mais efetiva da extensão. O pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários João Frederico Meyer, atento a esse esforço de ampliar as atividades de extensão, realçou que esta é uma grande oportunidade de colocar o conhecimento à disposição da comunidade, que precisa disso.
Para Teixeira Mendes, falta um maior conhecimento sobre o assunto e muitos não têm essa prática porque não aprenderam o que as atividades de extensão envolvem. Esse défice, segundo ele, já inicia pela imprecisão que as pessoas têm sobre o conceito de saúde. "Buscamos a saúde quando já a perdemos", reflete. "Quando ainda falamos de saúde pensamos em um setor de saúde específico, como o SUS, os modelos assistenciais e a gestão. E como fica a Universidade em relação à saúde?"
Conforme o diretor do Cecom, a Unicamp tem muito a dizer acerca dos determinantes das condições de vida e há muitas áreas que podem se ocupar disso: as áreas tecnológicas, as ciências sociais, as biomédicas, a educação física, entre outras. Essas atividades estão na prestação de serviços, desenvolvimento de políticas tecnológicas, programas e projetos, estruturação do ensino de graduação, bem como mudança de paradigmas etc. "Todo mundo pensa que faz extensão ao promover o atendimento público", relata ele. "Faz extensão quem dá um passo além, juntamente com essa atividade", desmistifica.
Segundo o médico, hoje é corrente os alunos de Medicina atuarem na comunidade externa no segundo ano do curso, sobretudo nos postos de saúde dos bairros. Esses projetos, defende ele, têm que ter perenidade e devem permitir atividades integradas entre as disciplinas de graduação e de iniciação científica. "Infelizmente, quando chegam as férias, esses estudantes interrompem as ações que vinham fazendo e os funcionários dos postos têm que arcar sozinhos com o atendimento ou fazer a descontinuidade dele. É preciso que essas atividades sejam mantidas", assevera.
Em sua opinião, para fazer um programa de extensão, no caso comunitária, uma teia de amarrações institucionais precisam ser realizadas (com associações de bairro, escolas, ONGs, Estado, Prefeitura), e muitas instabilidades que aparecem são próprias do campo do social, da política e da própria vida acadêmica. Na Universidade, é fundamental que seja construído um plano institucional de extensão, haja um sistema de fomento e um programa de avaliação dos resultados. "Isso deve ser incorporado à dinâmica e à cultura institucional", salienta.
Teixeira Mendes ainda expôs algumas estratégias para que a extensão 'ande'. "É fundamental capilarizar as propostas para o momento do planejamento das disciplinas de graduação e trabalhar com a interdisciplinaridade", acredita. O médico ainda abordou os tipos de programa de extensão e os desafios que se colocam, como produzir impacto social, ser proposto de acordo com a realidade, ter uma abordagem abrangente e ser capaz de transformar as pessoas, grupos e a Universidade; manter um diálogo com a comunidade com a qual se pretende trabalhar, ter interação com grupos sociais e estar aberto para troca de saberes; e saber da indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão.
Saulo Augusto Pereira, funcionário da Preac, também fez uma palestra sobre sua experiência na prevenção DST/Aids junto a trabalhadores terceirizados, da limpeza, da Fundação Casa e Penitenciária de Hortolândia.