Bate-papo com artistas evidencia a
importância das relações acadêmicas
09/05/2013 - 14:23
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Três artistas doutorados pela Unicamp, sob orientação da professora Lygia Arcuri Eluf, participaram, nesta quinta-feira, de um bate-papo na Galeria de Arte da Unicamp. André Tavares, Maria Del Carmen Bosque e Walkiria Pompermayer falaram sobre o processo criativo, as relações com outros artistas e a importância de um olhar externo ao próprio trabalho. Eles são protagonistas da exposição Representação: aproximações, que se encerra nesta sexta-feira (10), na Galeria de Arte da Unicamp.
Para Maria Del Carmen, que obteve doutorado em 2012, o reencontro com outros artistas para cumprir uma parte importante do doutorado, que é a organização de uma exposição coletiva, é tão importante para o autor quanto para os alunos atuais e a comunidade universitária. Ao falar do próprio trabalho aos visitantes da mostra, o artista tem a oportunidade de rever sua arte, segundo Maria Del Carmen.
Walkiria compartilha da mesma opinião ao se referir ao olhar externo. Para ela, as observações de grupos de escolares e até mesmo de visitantes individuais alimentam os trabalhos futuros.
Maria Del Carmen acentua que cada artista inicia a pesquisa com uma pergunta específica, mas, ao final da pesquisa, é possível unir os resultados para uma reflexão e até mesmo para uma exposição coletiva.
Doutor pela Unicamp em 2009, mas sem se desvencilhar da vida acadêmica, André acredita na importância da convivência com outros artistas. “Hoje, nos relacionamos com a Lygia, o Tuneu, que se relacionaram com artistas que eram distantes de nós, como Tarsila do Amaral, por exemplo. Isso é proporcionado pela academia”, declara. O desenho para ele sempre esteve como atividade paralela, já que a trajetória acadêmica começou com o curso de direito em Belo Horizonte, passou pela história da arte no programa de doutorado, de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), migrou para o segundo título de doutor em poéticas visuais, no Instituto de Artes da Unicamp, e agora prossegue na docência no curso de graduação em história da arte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Mesmo atuando como professora em escolas públicas de ensino médio e fundamental, Maria Del Carmen não abre mão de sua produção artística. Durante o bate-papo ela salientou que mais que o fechamento de um ciclo acadêmico, a exposição e o encontro selam um período de generosidade. “É diferente ter um orientador generoso que se desdobre pelo seu trabalho, como a Lygia”, declarou. Cada palavra, cada conversa se converteu em um aprendizado permanente. “Nossa história na academia não acaba aqui. Queremos que a conversa continue.”
Para a orientadora Lygia, em cada obra apresentada na exposição uma as questões relacionadas à construção do espaço estabelecem diferentes caminhos, diferentes olhares que parecem, num primeiro momento, não ter quase nada em comum, porém, um olhar mais atento, revela outra realidade. “Por meio das massas de cores com que Walkiria constrói suas paisagens, que ora se adensam, ora de diluem quase desvanecendo, o movimento das linhas que descrevem o olhar inquieto e intenso de MaryCarmen na descrição de sua paisagem cotidiana e sua multiplicidade de acontecimentos ou ainda as formas vigorosamente modeladas com que André, investiga intimamente o estado de espírito de seus personagens podemos estabelecer uma tese”, acentua ao escrever sobre as produções dos artistas, realizadas no programa de doutorado em Poéticas Visuais do IA da Unicamp.