Beto Brant e Renato Ciasca
debatem o cinema nacional

15/05/2013 - 08:00


Reconhecidos como a novíssima geração do cinema brasileiro, os cineastas Beto Brant e Renato Ciasca promoveram nesta terça (14) um amplo debate sobre a produção nacional com alunos e visitantes no Espaço Cultural Casa do Lago (Ecult). Os diretores destacaram, após exibirem seu mais recente trabalho, “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”, os problemas estruturais que o país enfrenta nas etapas de produção e distribuição de um filme, como a pirataria, a supressão criada pelo predomínio de obras estrangeiras no cinema e falta de investimento público.

“No Brasil ainda há uma descrença histórica nos filmes brasileiros. Muitas pessoas criticam o cinema brasileiro por aspectos técnicos, como o som ruim e problemas de fotografia. E aos poucos, no atual momento do país, as produções estão mais qualificadas e o público está começando a ter mais vontade de consumir as obras nacionais”, destaca Ciasca. Ele compara o mais recente sucesso de bilheteria nacional, ”Tropa de Elite 2” (2010, Dir. José Padilha), que teve público de 11 milhões de espectadores frente a uma população de mais de 200 milhões, sendo que em alguns países como os Estados Unidos e Índia a porcentagem de público para o respectivo cinema nacional é consideravelmente maior.

Outra questão debatida pelos produtores é a simplicidade literária que a população acostumou a identificar no cinema, muito influenciada pela televisão. “Hoje o cinema que faz um médio sucesso no Brasil é influenciado diretamente pela novela. Grande parte da produção atual é voltada para a comédia, caracterizando uma extensão do melodrama televisivo que já preenche o cotidiano brasileiro diariamente”, destaca Brant. Ele ainda defende que “o cinema atual precisa tocar o público com reflexões, necessita ser mais militante”. Neste aspecto, Brant relembrou que sua parceria com Ciasca começou dentro da universidade e que desde então não pararam de buscar o aperfeiçoamento em cada nova obra e deixou esse incentivo para os vários estudantes que lotaram a sala de cinema.

A realização desta exibição e debate foi concebida pela produtora paulistana Brazucah, que atua com formação de público para o cinema nacional. Em 2011, quando a Unicamp integrou o circuito de mostras nas universidades do interior do Estado, foram realizadas mais de 15 mostras com diferentes obras brasileiras. As exibições e debates ainda serão realizados em outras universidades como a USP e a Unesp.